Ontem, os muros do Minhocão amanheceram repletos de cartazes: confronto
de ideias promete ser acirrado
Com o início do semestre letivo, começa
oficialmente a campanha dos três candidatos à vaga de reitor da universidade.
Votação será em 30 e 31 de agosto. Servidores do quadro técnico fazem pressão
por benefícios
O retorno às aulas na Universidade de Brasília
(UnB) serviu de largada para a disputa pela reitoria da instituição. Em 30 e 31
de agosto, três candidatos receberão os votos de professores, técnicos e
estudantes em uma eleição bem diferente daquela de 2012, quando houve 10 chapas
inscritas. Agora, com um número menor de pleiteantes, os debates deverão ser
mais acirrados. O primeiro deles ocorre na próxima quinta-feira, na Associação
dos Docentes da UnB (AdUnB).
O atual reitor, Ivan Camargo, a professora do
Instituto de Geociências Márcia Abrahão Moura e a professora do Departamento de
Serviço Social Denise Bomtempo terão a primeira chance de apresentar seus
projetos para a universidade e, ao mesmo tempo, questionar as propostas dos
adversários. Camargo garante que seu grande diferencial é a experiência
acumulada em quatro anos. “Eu conheço o que é e o que não é possível ser
feito”, garante. Idealizador da política de austeridade orçamentária em vigor,
ele diz que um eventual segundo mandato seria voltado para a infraestrutura do
câmpus. “Vou ampliar a área administrativa da universidade, oferecendo melhores
condições de trabalho e estudo”, promete.
Camargo diz confiar no reconhecimento de sua
gestão. “Voltamos a ser uma referência nacional, algo que nunca deveríamos ter
deixado de ser. Temos orgulho de estudar ou ter estudado aqui.” A professora
Márcia Abrahão Moura também aposta no perfil de gestora para angariar votos.
“Fui responsável pelo processo de expansão da UnB para Ceilândia e Gama”,
lembra, citando o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (Reuni), que criou 36 novos cursos e ampliou outros 48.
Márcia Abrahão, que ficou em segundo lugar nas
últimas eleições, em 2012, frisa que sua experiência é focada em uma gestão
colaborativa, que pretende trazer mais recursos para a instituição. “É
importante ainda usar bem os valores arrecadados. A comunidade acadêmica
cresceu, dando uma grande diversidade para a universidade. Por isso, temos que
nos abrir mais, com uma gestão descentralizada. Chegou a hora de a UnB entrar
no século 21”, resume.
Já a professora Denise Bom-tempo destaca como
diferencial seu conhecimento sobre a comunidade acadêmica. “São 22 anos. Isso
me deu uma visão geral e particular da universidade, que pensa em um modelo de
infraestrutura de inclusão social, com esportes, artes e cultura.” A candidata
aponta para a necessidade de novos projetos que estimulem os jovens estudantes
a participarem não somente das aulas, mas dos debates nacionais, dentro do
ambiente universitário. “Nossa matriz é a da mediação e da gestão. Nós sabemos
fazer acontecer, sem desperdiçar o potencial imenso da UnB, que tem sido pouco
desbravado.”
Bomtempo cita ainda que, no atual momento, há uma
sensação de conformismo entre os setores acadêmicos e que, caso se torne
reitora, pretende reforçar as oportunidades, estimulando a pesquisa e a
extensão.
Reivindicações
Um dos pontos que devem ser mais discutidos é o
atendimento às reivindicações dos servidores técnico-administrativos pelo
retorno da jornada de 30 horas semanais. O Sindicato dos Trabalhadores da
Fundação Universidade de Brasília (Sintfub) promove hoje uma assembleia e
espera a presença dos três candidatos. O presidente do Sintfub, Mauro Mendes,
ressalta que a categoria não abrirá mão de direitos conquistados e espera
sensibilizar os debatedores. “Também vamos cobrar a valorização dos cursos de
capacitação para os servidores, já que a reitoria não vem oferecendo vagas”,
aponta.
Atualmente, a UnB conta com 3.111 servidores e
3.029 professores. Os alunos somam quase 38 mil. Muitos começaram o primeiro
dia de aula analisando as propostas dos candidatos em cartazes espalhados pela
instituição. Estudante de administração, Luca Torres Moura, 24 anos, pretende
participar do debate e sabe da importância do seu voto. “É o reitor quem
coordena a universidade. É um grande momento de mudança, principalmente para
que a gente cobre mais segurança no câmpus. Esse, para mim, é o grande problema
da UnB atualmente.”
Calendário
30 e 31 de agosto — Consulta
1º de setembro, a partir das 9h — Apuração dos
votos e divulgação do resultado, no Centro Comunitário
2 a 14 de setembro — Campanha e debates entre
candidatos do segundo turno, se necessário
13 e 14 de setembro — Segundo turno da consulta, se
necessário
15 de setembro, a partir das 9h — Apuração e
divulgação do resultado do segundo turno
16 de setembro — Homologação do resultado
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Fonte:
Rafael Campos – Foto: Antonio Cunha/CB/D.A.Press – Correio Braziliense