O grupo Bailarinas, por que não? é formado por 11 mulheres:
sem vergonha e sem limite
Algumas passaram dos 50, outras nunca
tinham calçado uma sapatilha, todas tinham um sonho em comum: fazer balé
Usar collant e executar passos de balé
era o sonho de infância de Cláudia Bengtson, 48 anos, que não poôde realizá-lo
por falta de condições financeiras. Depois de adulta, foi a academias da
capital para aprender a dançar, mas não se sentia à vontade tendo aula em meio
aos jovens. Foi daí que Cláudia decidiu iniciar um projeto para tornar real o
sonho de mulheres adultas que querem dançar balé sem serem julgadas pela idade,
corpo ou limitações. O Bailarinas, por que não? (BPN) nasceu em agosto do ano
passado e hoje conta com 11 mulheres, que subirão ao palco do teatro da Escola
Parque 308 Sul amanhã, com o espetáculo Ballerinand.
As mulheres do BPN se encontram todas
as semanas. No grupo, estão mães, avós, esposas e mulheres com corpos de todos
os tamanhos. “Criei o projeto para que pessoas de todas as idades pudessem
dançar sem medo de olhares tortos”, conta Cláudia. O ponto de encontro é a
Escola Parque 308, colégio em que Cláudia estudava na infância.
Com direção e coreografia da professora
Adriana Palowa, a primeira apresentação do grupo ocorre amanhã. Será também a
primeira vez que a psicóloga Sayonara Bracks, 53, dançará balé em um teatro.
Quando criança, ela sonhava em ser bailarina, mas só conseguiu realizar o
desejo no ano passado. “O projeto é algo para inspirar as pessoas. Somos
mulheres adultas e a professora sabe das limitações dos nossos corpos e
respeita isso. Mesmo assim, ela nos pressiona diariamente para que possamos nos
tornar cada dia melhores dançarinas”, ressalta. Sobre subir ao palco, a
ansiedade de Sayonara é aparente. “Estou com os figurinos prontos, avisei aos
amigos e familiares, quero todo mundo me assistindo dançar.”
A caçula do grupo, Camila Gastal, 20, é
a que tem maior experiência no balé. Estudante de psicologia, a jovem dança
desde os 9 anos e decidiu entrar no BPN para ter mais tempo de treinamento.
“Entrei para aprender mais, só que estou tendo uma vivência incrível. Por ter
mais experiência, ajudo as outras integrantes a aperfeiçoarem passos e a
tirarem dúvidas. Em compensação, absorvo delas diversas experiências de vida,
destaca.
Bem-estar
A professora de canto erudito Vilma
Bittencourt, 47, sempre esteve ligada às artes. Dançou balé na infância e na
adolescência, mas deixou a atividade de lado por 15 anos. Em 2015, sentiu
necessidade de fazer alguma atividade física e decidiu tirar a sapatilha do
armário. “Odiava academia e não queria fazer outro esporte, então voltei para o
balé com o desejo de melhorar o corpo e a saúde, mas não foi como imaginei. Eu
me sentia ridícula de collant ao lado de várias jovens com o corpo bonito”,
desabafa. Foi, então, que a professora conheceu o BPN e se sentiu em casa. “Não
sentia vergonha. Ao contrário, sentia a recuperação da minha autoestima.”
Na apresentação de amanhã, além das 11
integrantes do BPN, parceiras e convidadas subirão no palco, totalizando 37
dançarinos. “No grupo, não pretendemos nos tornar profissionais, mas fazemos
tudo no maior profissionalismo possível. Amanhã, não queremos apenas exibir o
que aprendemos, mas mostrar para outras mulheres que é possível aprender balé
mesmo depois de grande”, conclui Cláudia.
Programe-se - Espetáculo Ballerinando - Quando: amanhã 28/10, às 21h - Onde: Teatro da Escola Parque 308, na Asa Sul - Ingressos: R$ 30 a meia, para quem levar um produto de limpeza, que será doado à Escola Parque 308. - Informações: http://www.bailarinasporquenao.com/ - Fonte: Correio Braziliense – Foto: Luis Nova/CB/D.A.Press