Companhia Lacustre é a responsável por coibir e
combater delitos praticados no Lago Paranoá. Foto: Pedro Ventura/Agência
Brasília
"Companhia Lacustre é a responsável por coibir e
combater delitos praticados no espelho d’água"
O Lago Paranoá é um dos pontos turísticos mais
democráticos da capital do País. Lugar de encontro de pessoas de todas as
classes sociais, é, há muitos anos, a principal atração da cidade para
praticantes de esportes náuticos, banhistas e pescadores. Com tanta gente no
espelho d’água ao mesmo tempo, a segurança tornou-se elemento fundamental para
o uso harmônico do reservatório artificial, missão de responsabilidade da Companhia Lacustre da
Polícia Militar do Distrito Federal.
Fundada em 1990, a companhia tem relevante papel na proteção das águas
do Paranoá e de outras localidades no DF que tenham recursos hídricos. O
pelotão formado por 30 praças e oficiais atua na preservação e no combate a
crimes, como a pesca predatória. A bordo de lanchas que alcançam até 100
quilômetros por hora, os militares patrulham as águas para coibir a prática.
Para pescar em qualquer manancial público, é preciso ter uma autorização do Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), conforme
preconiza a Portaria nº 4, de 2009.
Em 5 de dezembro, a Agência Brasília acompanhou uma ronda do
grupamento. O pescador Ananias Alves Soares, de 53 anos, foi um dos abordados.
Ciente das obrigações, apresentou de imediato aos militares a carteirinha do Ibama,
documento que lhe permite pescar no lago. “O trabalho deles é muito importante,
pois tem muito pescador clandestino aqui, o que acaba prejudicando quem é
profissional e trabalha na legalidade”, disse.
O pescador Ananias Alves Soares foi um dos
abordados. Ciente das obrigações, apresentou de imediato aos militares a
carteirinha do Ibama. Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília
Incorporado em agosto de 2016 ao Batalhão de Policiamento Turístico, a Companhia Lacustre
da PMDF passou também a focar suas ações em locais que recebem grande
concentração de turistas. Rondas na Ermida Dom Bosco, no Pier 21, na Prainha e
na Ponte JK foram intensificadas. A atuação desses policiais já evitou brigas
com consequências mais graves em lanchas; o grupamento também fez apreensão de
armas de fogo e flagrante de uso e tráfico de drogas em embarcações.
Além disso, roubos ou furtos são coibidos nas margens do Paranoá. “Não
temos somente o foco no crime ambiental. A intenção é proporcionar um ambiente
seguro, saudável e limpo para todo cidadão que usa o lago”, ressaltou o
subcomandante do Batalhão de Policiamento Turístico e comandante
da Companhia Lacustre da PMDF, capitão Werner Miquelino.
Trabalho integrado
A companhia trabalha em contato permanente com outras instituições. Caso
os militares se deparem com algum condutor de embarcação aparentemente embriagado,
a Marinha do Brasil é imediatamente acionada, pois é a força que é
equipada com bafômetros. Já no caso de pesca predatória, o suspeito é levado
à Delegacia do Meio Ambiente (Dema), da Polícia Civil.
As mansões e os clubes às margens do espelho d’água também contam com a
proteção do grupamento. Normalmente são esses militares os primeiros a atuar em
casos de delitos cometidos nesses locais. Até ocorrências que não competem
diretamente à companhia são corriqueiramente atendidas, como a captura de animais
em quintais de casas e o socorro a pessoas que ficam exaustas em pranchas de
stand up paddle e não conseguem regressar ao píer.
O sargento Edmar Sá está na Companhia Lacustre desde a fundação, em
1990. Ele coleciona histórias de operações no lago. A mais marcante foi o
naufrágio com o barco Imagination, em 22 de maio de 2011, que matou nove
pessoas. O sargento conta que a tragédia poderia ter sido maior se não fosse a
resposta rápida do pelotão. “Fomos a primeira equipe a chegar ao local e
conseguimos resgatar cinco pessoas que estavam se afogando”, relembrou.
O sargento Edmar Sá está na Companhia Lacustre
desde a fundação, em 1990. Ele coleciona histórias de operações no lago. Foto:
Pedro Ventura/Agência Brasília
Com emoção, ele também se recorda de um amigo morto durante uma operação
de rotina. “Durante um serviço, no início dos anos 2000, esse colega fez uma
abordagem a um pescador ilegal, se desequilibrou, bateu a cabeça no motor da
embarcação e morreu afogado. Foi uma fatalidade”. A maior lancha do grupamento
foi batizada em homenagem ao cabo Rocha.
Atuação de destaque nos Jogos Olímpicos
A Companhia Lacustre teve papel de destaque durante os Jogos
Olímpicos de 2016. Em 3 de maio, dois atletas e um policial militar do Batalhão
de Operações Especiais (Bope) tiveram a honra de conduzir a Tocha Olímpica pelo Lago Paranoá. Todos os
envolvidos foram escoltados por embarcações do grupamento. Durante a
permanência das seleções que jogaram em Brasília, os militares da companhia
ficaram de prontidão nas proximidades do Hotel Royal Tulip, onde as delegações
estavam hospedadas.
Galeria de Fotos: ( goo.gl/n9RpPt )
Agência Brasília