Reportagem especial trazida no fim de semana pelo
Correio mostra, por meio de diálogos captados por escutas autorizadas pela
Justiça, que, tão logo foi deflagrada a Operação Drácon, uma agitação
feroz e atabalhoada — semelhante àquela que se observa quando um veneno é
aplicado num conjunto de baratas — tomou conta dos bastidores da Câmara
Legislativa.
O conteúdo dos diálogos, ao qual o jornal teve acesso exclusivo, revela
que, além das articulações nervosas e de última hora para tentar livrar os
envolvidos no caso, houve a preparação ardilosa de uma contraofensiva, de modo
a buscar brechas para reverter a situação. Atacar para se defender foi a
primeira tática escolhida às pressas pelos cinco membros da Mesa Diretora da
Casa, afastados, compulsoriamente, pela Justiça, sob a acusação de venda de
emendas para o pagamento de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
Os alvos do contra-ataque cego passaram a ser, na sequência, o
governador, a quem os deputados debitavam a origem das investigações, e os
adversários políticos instalados na própria Câmara Distrital. Passou-se, então,
à fase seguinte dos conchavos, para a escolha de uma alegação crível e uníssona
que levasse a opinião pública e a própria polícia a engolirem a falsa narrativa
da perseguição política.
Passado o susto inicial, em ato contínuo, começaram a recorrer à razão
para se livrar de grossa encrenca com Justiça que se avizinha e contrataram um
batalhão de advogados, especialistas em filigranas e com fácil trânsito entre
os juízes. Os áudios apenas confirmam o que a sociedade, principalmente aquela
composta por pessoas informadas, sempre soube: a Câmara Distrital tem sido,
desde sua fundação, um valhacouto de indivíduos que se utilizam do importante
papel de representantes políticos da população para se locupletar e delinquir
tranquilamente sob o manto protetor indecente da imunidade parlamentar.
Com sua sequência ininterrupta de escândalos somada ao alto custo para
mantê-la em funcionamento, os brasilienses chegaram à conclusão que a Câmara
Legislativa há muito perdeu capacidade de atuar em defesa dos legítimos
interesses da população, tendo se transformado, desde os primeiros dias, numa
espécie de clube fechado para o atendimento exclusivo de seus 24 associados e,
pior, com sérios prejuízos econômicos para os exauridos contribuintes.
O deputado Chico Vigilante resumiu o quadro atual dessa legislatura
quando afirmou: “Uma quadrilha, investigada na Operação Drácon, se
instalou na Câmara Legislativa e usou da política do gambá, que é tentar
espalhar o fedor”. O mau cheiro, deputado, advém justamente do tipo de política
que tem sido praticada por esta Casa desde sempre. É o fedor político.
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A frase que foi pronunciada
“Um sistema de legislação é sempre impotente se, paralelamente, não se criar um sistema de educação.”
(Jules Michelet)
Por Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio
Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google
Que tal um plebiscito para saber a opinião do povo sobre o fim dessa "casa"?
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