Há alguns recados muito
claros nessa pesquisa no nosso entender. O primeiro é de que a população quer
ordem, a população quer legalidade. Brasília, durante muito tempo, conviveu com
a ilegalidade como se fosse algo normal. A ocupação de áreas públicas por
pessoas mais abastadas, a ocupação de áreas públicas em áreas de preservação
permanente, em áreas de nascentes acabou levando a essa convivência com a
ilegalidade. Mas o que a gente percebe muito claramente com essa pesquisa é que
a população quer viver dentro da legalidade, quer viver dentro da ordem. Por
outro lado, a pesquisa mostra muito claramente uma percepção da população dos
prejuízos que a grilagem e a ocupação desordenada do solo trazem para a cidade.
Acho que se a gente tivesse oportunidade de ter colocado outras alternativas
(na pesquisa) talvez pudéssemos ter um panorama ainda mais rico. Mas a gente
percebe que já há uma parcela expressiva da população que identifica, por
exemplo, o problema da falta de água como uma consequência da grilagem de
terra, da ocupação desordenada do solo. Também a própria lotação dos hospitais
é uma percepção de que a tolerância com a ocupação irregular do solo acaba
atraindo pessoas para o Distrito Federal. Eu acho que esse é o primeiro recado:
a população de Brasília que viver em um ambiente de legalidade. Nós estamos
fazendo um esforço muito grande nesse sentido. Nosso governo entregou mais de
25.000 escrituras para os moradores das diversas regiões de Brasília. Estamos
legalizando o Pró-DF e já fizemos isso em Santa Maria, em São Sebastião e no
Guará. Estamos garantindo as escrituras de templos e igrejas. Nesse fim de
semana eu entreguei mais duas escrituras para igrejas. É um esforço de
regularização, de legalização do Distrito Federal.
Também chama muita atenção a aprovação
da população em relação a desobstrução da orla do Lago Paranoá. O Lago Paranoá
é o local mais precioso da nossa cidade. É o lugar mais bonito, o lugar mais
agradável da nossa cidade e é inadmissível que ao longo desses anos as pessoas
tenham se apropriado da orla do Lago Paranoá como se fosse sua, privatizando
uma área que é do conjunto da população de Brasília. Essa cultura vem sendo
combatida no nosso governo. E é muito interessante notar que a aprovação é de 80%
para desobstrução da orla, mas essa aprovação é ainda maior naquelas populações
de renda mais baixa. Porque, na minha opinião, elas percebem no Lago Paranoá
uma alternativa de entretenimento, de lazer, democrática para o conjunto da
população. Eu tenho dito que o lago é a nossa praia e como praia não pode ser
jamais privatizada. Ela tem que ser de todos, tem que ter o uso fruto comum.
Portanto, essa aprovação da população é muito positiva. E não apenas a
aprovação da desobstrução, mas da forma como as obstruções estão sendo feitas,
sem excessos da Agefis nem de outros órgãos do GDF. Eles estão
rigorosamente cumprindo a lei para fazer algo que é necessário. E eu não tenho
dúvida que será um salto civilizatório quando Brasília devolver à população das
diversas cidades de Brasília a orla do lago democratizada, com pista de
caminhada, ciclovia, gramados, arborização, iluminação e segurança para que a
população toda possa desfrutar do Lago Paranoá. Eu digo que revitalizar o lago
é revitalizar Brasília. Democratizar o lago é democratizar Brasília. E
agora nós temos um grande desafio pela frente. A pesquisa mostra que 52% ainda
acha que a ação é suficiente. E isso é porque agora a população quer desfrutar
da desobstrução do Lago Paranoá. Até aqui nós fizemos a desobstrução, a
população apoia, entende que é correto, mas essa população quer usufruir do
Lago Paranoá. E como nós ainda estamos fazendo as obras de
infraestrutura, estamos fazendo as ciclovias, gramando, iluminando, enfim, nós
ainda não entregamos definitivamente para o usufruto, 52% acha que esse
trabalho ainda é insuficiente. Mas eu tenho certeza que quando esse lago, toda
essa orla, estiver devolvida para a população esse número vai subir
substantivamente. Eu quero parabenizar a Agefis pelo trabalho. Nós vamos
continuar nesse esforço de legalidade pela nossa cidade e eu fico muito feliz
de perceber que há um reconhecimento da população. Mesmo aquela pessoa que
ouviu falar mal do trabalho da Agefis, muitas vezes essa informação veio de
alguém que já foi vítima de um trabalho da Agefis, mas ainda assim ela tem uma
percepção da necessidade do trabalho da Agefis para que a gente tenha uma
cidade organizada, uma cidade com qualidade de vida. E eu diria que esse
trabalho da Agefis tem também um conteúdo pedagógico. A partir do momento que a
pessoa percebe que ao comprar um lote ilegal e irregular ela pode perder, isso
faz com que a pessoa também comece a pensar duas vezes antes de comprar algo
irregular. Isso era algo que não acontecia antes do Distrito Federal porque era
a política do fato consumado. A pessoa pensava “vou comprar e vou construir
porque depois que construir acabou. ” Nós estamos mostrando que realmente nós
queremos uma cidade legal e essa pesquisa ela demonstra claramente que nós
estamos no rumo certo no combate à grilagem e a ocupação irregular do solo.