O professor Milvo Rossarola (E) e Thomas Freitas: sem medo de encarar a
bicicleta e pedalar pela cidade
*Por Isabella Conte
*Por Isabella Conte
Em meio à correria do dia a dia, à competição e ao
descaso, existem pessoas que seguem contrários a essa rotina e insistem em
manter um olhar humanista diante da realidade. São cidadãos que usam parte do
tempo e de suas energias para o trabalho voluntário. Entre essas ações está o
Bike Anjo DF, que tem um objetivo simples, mas de grande importância social e
de qualidade de vida: o grupo ensina as pessoas a andar de bicicleta.
João Paulo Amaral, 30 anos, é um de seus fundadores
e conta que a ideia do Bike Anjo surgiu em São Paulo, em 2008, quando ele e
mais alguns amigos, participavam de um movimento chamado Bicicletada. “Nós
queríamos trazer as pessoas para esse movimento, que era um pedal mensal que
acontecia na última sexta-feira do mês, mas elas tinham receio de pedalar
sozinhas. Então, para facilitar, a gente acabava indo buscá-las no trabalho ou
em casa, e começamos a apelidar essa ação de ser um bike anjo dessas pessoas”, lembra.
Em 2010, foi criado um blog para facilitar a
comunicação entre os bike anjos e quem quisesse ter aulas. O projeto cresceu e
atingiu outras regiões do país. Em Brasília, foi fundado em 2012.
O grupo realiza o evento Escola Bike Anjo (EBA)no
último domingo do mês, na praça do Índio Galdino, na 703/704 Sul; faz
acompanhamento no trânsito; e também apoia a campanha Bike ao Trabalho que tem
objetivo de incentivar o uso da bicicleta como transporte para ir ao emprego.
Para quem quer receber aulas, é muito simples.
Basta mandar um e-mail para bikeanjodf@gmail.com, informando qual é o seu
interesse — por exemplo, se é para pedir um acompanhamento no trânsito, o local
onde mora e a disponibilidade, que o pedido será encaminhado ao voluntário mais
próximo. E, para quem quer se voluntariar, também é fácil, é só comparecer a
uma EBA e conversar com os voluntários, para receber as instruções necessárias.
Apesar de oferecerem aulas durante o mês, a prioridade são as aulas na praça do
Índio Galdino, pois, muitas vezes, o horário de voluntário e aluno não coincide
ou não há voluntários próximos à região solicitada.
"Não me senti velho demais para aprender a andar de bicicleta"
Thomas Freitas
*Por Isabella Conte
Segurança
Este mês, o evento EBA acontecerá em 28 de maio e
será aberto para toda a comunidade. Durante a ação são realizados
acompanhamentos para ensinar a pedalar e reduzia a insegurança que o aluno
possa vir a ter, como por exemplo, em curvas. Não são feitos rotas, nem
passeios, ficando as atividades concentradas na praça. O atendimento é feito
por ordem de chegada e começa às 15h.
A aula é adequada ao ritmo do aluno e o atendimento
é individual. As bicicletas são cedidas pela escola para o uso dos alunos,
menos para crianças menores de 10 anos. Nesse caso, é necessário levar a
própria bicicleta para o evento. Anderson Paes, 30, é voluntário do grupo há
quase quatro anos e diz que a atividade é gratificante. “Para mim, é incrível,
pois além de ajudar os outros a andar de bicicleta, estamos melhorando a
autoestima da pessoa. Nós fazemos ela acreditar que consegue”, afirma.
Quem também tem prazer em ajudar os outros a vencer
os desafios relacionados à bicicleta é o voluntário Milvo Rossarola, de 45
anos. Ele conta que conheceu o grupo em 2014 e que, como já gostava de pedalar,
resolveu se candidatar à vaga de voluntário. “Outra questão que me influenciou
foi o fato de eu ser muito preocupado com essa questão de meio ambiente e de
emissões de gás carbônico. Andando de bike, não emitimos nada e preservamos o
planeta, então, o fato de eu me voluntariar para ensinar outras pessoas a
pedalar acaba influenciando essas pessoas a se preocupar e preservar o meio
ambiente”, destaca.
Thomas Freitas, 30 anos, foi aluno de Milvo e
admite que o Bike Anjo foi essencial para que ele perdesse o medo e começasse a
pedalar. “Uma amiga me mostrou a página do grupo no Facebook e achei bem
interessante. Mandei um e-mail para eles, pedindo aula e, pouco tempo depois,
já estava em contato com o professor. Em dezembro do ano passado, fizemos nossa
primeira aula”, lembra. Thomas diz que, na primeira aula, depois de uma hora,
já estava andando. “O Milvo me ajudou muito. Fomos para o Parque da Cidade e
ele foi dando dicas e ensinando como me equilibrar na bike”, completa.
Na rotina
Apesar de ainda não ter segurança para fazer da
bicicleta seu meio de transporte, Thomas promete que comprará uma bike e fará
uma aula de acompanhamento no trânsito. “Esse projeto é muito legal! O
professor me deixou bem à vontade e não me senti velho demais para aprender a
andar de bicicleta. Além disso, ajudou muito na minha autoestima. Foi um passo
a mais dado, um medo que eu quebrei”, finaliza.
O grupo atende tanto pessoas que nunca pedalaram
quanto as que têm medo de pedalar, por isso, acaba sendo bastante procurado e
consegue realizar cerca de 30 atendimentos em cada EBA. A aposentada Aparecida
Vasconcelos, 61, foi uma das muitas pessoas atendidas durante o evento na Praça
do Índio Galdino. “Eu vi o evento pela internet e achei bem legal. Eu tinha 60
anos e nunca havia pedalado na vida, então me animei, comprei uma bicicleta e
fui encontrar com eles”, conta. Para ela, a experiência foi, e continua sendo,
maravilhosa e ela assegura que, no futuro, também se tornará voluntária para
ajudar a outras pessoas que, como ela, nunca tiveram a oportunidade de pedalar.
“Eu ainda preciso de mais aulas, mas o meu sonho é o dia em que deixarei o meu
carro na garagem e vou pedalar por Brasília. Meu medo já é menor que a minha
vontade de pedalar”, admite.
Outras ações voluntárias
Há na cidade vários grupos voluntários que ensinam
as mais variadas atividades para o brasiliense. Confira alguns projetos:
Projeto Praia do Cerrado
A iniciativa surgiu há três anos e tem como objetivo
introduzir esportes na vida das pessoas. O projeto conta com dois voluntários,
Sérgio Marques e Gustavo Vasconcelos, que ensinam kitesurf, stand up paddle,
caiaque e slackline. São aceitas pessoas desde os 6 até os 60 anos e as aulas
acontecem no fim de semana das 9h às 18h. Para quem se interessar, também há a
possibilidade de alugar os equipamentos.
Facebook: www.facebook.com/
praia.docerrado/
Telefone: 98451-6167. E-mail: praiacerrado@gmail.com
Projeto Yoga Brasília
O projeto surgiu em 2012 e tem como objetivo
introduzir o iôga na rotina das pessoas. A criadora e realizadora do projeto,
Andrea Hughes, conta que a iniciativa alcança, em média, 200 pessoas por
encontro e que os encontros não acontecem com uma periodicidade certa, mas que
são sempre divulgados com antecedência no Facebook. Durante as aulas são
ensinadas posturas (asanas), respirações (pranayamas), relaxamento (shavasana)
e meditações voltadas para a saúde física, mental e emocional.
Facebook: www.facebook.com/ProjetoYogaEmBrasilia/.
Telefone: 981680220. E-mail:
projetoyogaembrasilia@gmail.com
Projeto Música e Cidadania
A iniciativa surgiu em 2007, a partir do sonho do
maestro Valdécio Fonseca, o de proporcionar a jovens de regiões menos
favorecidas a oportunidade de conhecer e tocar instrumentos. As aulas acontecem
das 14h às 18h (de segunda a sexta-feira) e das 9h às 18h (aos sábados), na
Casa da Música no Paranoá, mas alunos de qualquer região são atendidos. Os
instrumentos ensinados são o violino, viola, violoncelo, contrabaixo, flauta
transversal, clarineta, saxofone, trompete, trombone e tuba. Todos são cedidos
pela escola. Quem ministra as aulas são ex-alunos do projeto e alunos de música
da Universidade de Brasília (UnB).
Facebook: www.facebook.com/projetomusicaecidadania/fref?=ts.
Telefone: 3049-5186. E-mail:
secretaria@musicaecidadania.com
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Isabella Conte * Estagiária sob supervisão de José Carlos
Vieira – Fotos: Ana Rayssa/CB/D.A.Press – Correio Braziliense