Daniel Badke enfrentando o frio no Lago Paranoá:
época ideal para o kitesurf - Período mais gelado do ano
também é o de melhores ventos, o que faz o Lago Paranoá atrair corajosos
*Por Maíra Nunes
Brasília registra, neste julho, os dias mais frios do ano —
a sensação térmica chegou a 1ºC no Gama e a 4ºC no centro da capital, segundo o
Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Em clima de inverno rigoroso, como
sair debaixo das cobertas? A motivação está nas correntes de ar.
A época mais fria do ano em Brasília é
também o período de melhores ventos para quem pratica kitesurf. Assim, mesmo
com as baixas temperaturas registradas na cidade, os meses de junho a outubro
são os que mais atraem adeptos para a modalidade no Lago Paranoá. “Como a
temporada de vento bom é curta, pois não dura o ano inteiro, a procura pelas
aulas de kitesurf aumenta mesmo nessa época de frio”, observa Daniel Badke,
educador físico e instrutor da modalidade no projeto Raia Norte, localizada no
Parque das Garças, no Lago Norte.
O autônomo Rafael Brandão, 38 anos,
integra a turma que encara o frio da manhã no Lago Paranoá para enfrentar o
lago numa prancha que pode ficar mais rápida do que os carros que atravessam a
Ponte JK. “O frio pega um pouco, mas a vontade de aprender é maior, e esse é o
período bom para a prática em Brasília. Tem de aproveitar”, justifica. Antes de
começar os exercícios dentro d’água, Rafael comprou um traje de neoprene, que
consegue evitar a queda intensa da temperatura corporal. “Mas tem de ter força
de vontade, porque a roupa não é mágica”, brinca.
Na piscina
- Disso, o engenheiro civil Eduardo Ávila, 59 anos, não desconfia. Às
7h10, ele pula na piscina do Complexo Aquático Cláudio Coutinho para a aula de
natação. Embora a piscina do local seja aquecida, ela não é coberta e acaba
perdendo calor durante a madrugada. O resultado é que, durante a manhã, a água
fica fria. “Já é necessária muita força de vontade só para tirar a roupa nesse
tempo, pisar no chão gelado e entrar na piscina”, reconhece. E, quando a aula
começa, o jeito é nadar mais rápido do que o de costume para aquecer o quanto
antes e, depois, tentar não deixar o corpo esfriar.
Ainda assim, Eduardo é minoria na turma
de natação que ele integra. Desde que as temperaturas começaram a baixar em
Brasília, a frequência dos alunos caiu bastante. Uma das estratégias usadas
pelo professor de natação Márcio Ayres da Cunha para estimulá-los é diminuir o
tempo de aula, mas compensar com um treino mais intenso para que o gasto
calórico seja aproximado ao que estão adaptados, respeitando os limites de cada
um.
Além disso, o professor aumenta o tempo
de aquecimento antes de os alunos entrarem na água e não aplica exercícios de
largada, por exemplo, para evitar a saída da piscina.
Bom para a saúde
- Segundo o professor, o fluxo sanguíneo do corpo aumenta no frio, o que
acelera o metabolismo e, consequentemente, gasta mais calorias. “Isso não
significa que vai perder três quilos se entrar na água. Não é assim, mas o
corpo responde de forma diferente no frio”, explica Ayres da Cunha.
Aos que conseguem vencer o frio e
seguir os treinamentos, os benefícios envolvem a manutenção do condicionamento
físico e do gasto calórico — além de não correr o risco de enfrentar o
desestímulo que bate na hora de voltar à prática de esportes após passar um
período sedentário, pois em casos assim é comum haver desistências.
Quem pretende evitar que a atividade
física seja deixada de lado no tempo gelado tem de se vestir adequadamente.
Para enfrentar a água gelada, o ideal é utilizar os trajes produzidos de
neoprene, um produto de borracha revestido de tecido. O material é conhecido
pela flexibilidade, resistência e proteção térmica. Ao corredor de rua, basta o
tradicional agasalho, com direito a gorro e luvas.
(*) Maíra Nunes – Foto: Minervino
Junior/CB/D.A.Prees – Correio Braziliense