Em julho, o time BSB Quad, do Gama,
disputará o 10º Campeonato Brasileiro de Rugby em Cadeira de Rodas em Niterói.
Neste ano, o programa já beneficiou 1.602 esportistas
Entre batidas, atropelos, furos nos pneus e
deslizes na quadra, o camisa 2 do time de rugby em cadeira de rodas BSB Quad,
Davidson Daniel Oliveira Alves, de 32 anos, confessa: "Me apaixonei pelo
esporte pela força e pela adrenalina".
Atleta
desde 2012, o morador de Vicente Pires também integra a equipe B da Seleção
Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas desde 2016. "É preciso muita
dedicação para conciliar o trabalho, a família e os treinos", garante.
Na
quarta-feira (12), Daniel embarca com a equipe para disputar o 10º Campeonato
Brasileiro de Rugby em Cadeira de Rodas, de 12 a 16 de julho em Niterói (RJ).
Será a
sétima vez que o time disputa o torneio nacional. Para arcar com os custos das
passagens, eles contaram com o programa Compete Brasília, da Secretaria do
Esporte, Turismo e Lazer.
Viajar
pelo esporte é apenas uma das superações vividas pelo paratleta. "A
prática me tirou do tédio, me deu mais qualidade de vida e, principalmente,
liberdade", elenca. Daniel ficou tetraplégico em 2010, quando sofreu um
acidente na piscina. "Mudei meus valores e percebi a força que havia
dentro de mim."
Além dos oito membros do BSB Quad
Rugby, outros oito paratletas brasilienses também disputarão o título no Rio de
Janeiro com recursos do governo. Cada time estará acompanhado pelo técnico e
pela equipe de apoio.
Rugby em
cadeira de rodas foi criado para atletas com múltiplas lesões-Criado no Canadá em 1970, o rugby em
cadeira de rodas virou esporte paralímpico nos Jogos Paralímpicos de Sidney, na
Austrália, em 2000. A prática de alto impacto é destinada para pessoas com
múltiplas lesões e baixa mobilidade, como tetraplégicos e amputados. Os
jogadores são categorizados de acordo com as habilidades funcionais de cada um.
Divididos
em dois times de quatro integrantes, o esporte é praticado em uma quadra de
basquete, com uma bola de vôlei. O objetivo é atravessar a área do time
adversário com a bola dominada. A partida é formada por quatro tempos de 8
minutos.
"Eles
quebram o paradigma dos tetraplégicos. Olhamos para eles e vemos energia,
agilidade e superação", avalia o técnico Antônio Manoel Pereira, enquanto
orienta os atletas durante um dos três treinos semanais que ocorrem no Centro
Olímpico e Paralímpico do Gama.
Além
das cadeiras adaptadas, com alturas e ajustes de inclinação diferentes das
convencionais, os atletas usam cintos que os mantêm firmes no assento, luvas e
até cola nas mãos para melhor adesão da bola, dependendo da mobilidade de cada
um.
"O
esporte é o que eu respiro", sintetiza o técnico do time desde o ano de
fundação, 2010. Aos 42 anos, o morador do Gama conta que treinar a equipe é uma
forma de sentir-se em movimento.
Desde
que sofreu o acidente de moto que o deixou paraplégico, em 2004, ele procurava
algo para se dedicar, cursou educação física e encontrou o que buscava quando
começou a preparar a equipe.
Antônio
relata que percebe melhorias na mobilidade dos atletas, mesmo aqueles com pouco
tempo de prática. De acordo com o técnico, eles ganham autonomia em pequenas
coisas importantes para a independência, como fazer a transferência entre uma
cadeira e outra. "É um esporte para pessoas corajosas, que buscam
alternativas e não se deixam abater pelas adversidades", define.
Prática
do rugby em cadeira de rodas melhora autoestima dos atletas-Ao
perceber que um dos colegas de equipe tinha autonomia para dirigir, o paratleta
Francisco Abrantes Teixeira, de 37 anos, decidiu que queria aquilo para sua
vida. "Nunca pensei que eu conseguiria tirar carteira de motorista, mas
ganhei confiança e consegui também", conta o técnico administrativo.
Em
1994, aos 14 anos, ele ficou tetraplégico ao pular de uma cachoeira e, desde
então, as limitações foram determinantes na sua autoestima. "Eu era
sedentário, desanimado, não gostava de sair de casa", lembra.
Morador
de Valparaíso, Francisco descobriu o esporte em 2011, por indicação de um
amigo, e transformou seu destino. "Ganhei mais força, independência e, sem
dúvidas, mais alegria", destaca o paratleta, que já participou de cinco
dos sete campeonatos brasileiros com o BSB Quad Rugby.
Além
do torneio do Rio, o time fez dez viagens pelo Compete Brasília. E uma delas,
em 2013, eles foram para Argentina disputar o campeonato sul-americano.
Dependendo
do resultado do jogo, em que disputam um lugar na primeira divisão, eles jogam
no Rio de Janeiro ou em Curitiba pela 5ª Copa Caixa de Rugby em Cadeira de
Rodas.
Compete
Brasília contemplou 1.602 atletas até julho
A secretária do Esporte, Leila Barros,
reforça o potencial dos atletas brasilienses nas competições nacionais e
internacionais. "Precisamos estimular nossos representantes, criar
oportunidades para que eles mostrem do que são capazes, desde os que estão
começando como aqueles que já têm as carreiras mais consolidadas."
No
caso do movimento paralímpico, o benefício tem o impacto ainda maior.
"Ficamos emocionados porque também estamos falando de inclusão, sabemos
como é difícil para esses atletas e queremos dar todo o apoio possível a eles",
defendeu a secretária, que diz receber diariamente manifestações de gratidão de
esportistas que viajaram com suporte do programa.
O
programa contemplou, até julho, 1.602 atletas — 425 com passagens aéreas e
1.177 com passagens terrestres. No mesmo período de 2016, 1.245 esportistas
viajaram com recursos do Compete Brasília.
Nos
12 meses do ano passado, foram 3.005 atletas, 809 de passagens aéreas e 2.196
terrestres. O aporte ocorreu por meio de R$ 2.051.611,16 em recursos. O valor
destinado para o Compete Brasília em 2017 é de R$ 4,6 milhões, sendo R$ 3,5
milhões do Fundo de Apoio ao Esporte.
Em
vigor desde 2007, o programa foi transformado na Lei nº 5.797, em 29 de
dezembro de 2016. Para solicitar as passagens, a >>> documentação exigida
deve ser protocolada na secretaria no prazo mínimo de 30 dias antes do início
de competição nacional e com 40 dias de antecedência no caso de disputas
internacionais.
Atendimento e protocolo de documentação
para o Compete Brasília - De segunda a sexta-feira - Das 9 às 11
horas e das 14 às 17 horas - Na Secretaria do Esporte, Turismo e Lazer
(Centro de Convenções Ulysses Guimarães, Eixo Monumental, Lote 5, Ala Sul, 1º
andar) - competebrasilia@gmail.com
Texto e fotos: Agência
Brasília