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Por um novo modelo de educação

Por um novo modelo de educação

*Por Circe Cunha

“Vivo muito nas escolas brasileiras, onde aprendo com professores locais, que eu me orgulho de acompanhar e que sabem que é no Brasil que está nascendo a nova educação do mundo. Não é na Europa, não é nos Estados Unidos, é aqui.” A avaliação entusiasmada é feita pelo educador português, radicado em Brasília, José Pacheco, ou simplesmente, professor Zé. Idealizador da Escola da Ponte em Portugal, fundada há quatro décadas, é vista hoje como uma brisa fresca dentro do modelo de escola tradicional, fechada em si mesma e incapaz de atender a novas demandas, num mundo em constante e rápida transformação.

O foco dessa nova escola é centrado na autonomia e protagonismo dos próprios alunos, em que o processo educativo se dá com base no interesse específico de cada um. Vale lembrar que a autoridade do professor permanece e  que a hierarquia continua a ser respeitada. Para isso, é necessário o estabelecimento da confiança mútua entre o aluno e o professor, que, nesse caso, funciona como um mediador.

Dentro da rede pública do Distrito Federal, na Escola Classe da 115 Norte, está funcionando um programa-piloto dentro dos moldes estabelecidos pela Escola da Ponte. Trata-se de uma escola sem turmas, sem disciplina e sem provas, que mais parece uma utopia, mas que tem funcionado com grande aceitação por parte da comunidade.

A aprendizagem nessa escola é feita com base na colaboração entre professores e alunos. O primeiro passo é identificar as necessidades de cada estudante e, a partir daí, é feito um planejamento com foco individual. Uma vez montada essa estratégia, o professor passa a ser um orientador que vai acompanhar e fazer com que o aluno percorra todo o currículo, na medida da curiosidade demonstrada pelo próprio pupilo.

O método do educador português, ao trazer essa nova construção social de aprendizagem, tem influenciado outras escolas pelo Brasil e pelo mundo afora, com uma aceitação crescente. O fulcro desse modelo está no fato de que as escolas não são edifícios, são pessoas. Pessoas dotadas de valores que necessitam ser trabalhados.

“Nós agimos em função de valores que assumimos”, ensina o educador, para quem o Brasil dispõe de tudo o que precisa para oferecer uma educação de qualidade. Para tanto, diz, é preciso autonomia para as escolas. “Enquanto não houver autonomia, é uma ilusão pensar que as coisas vão melhorar”, avalia. Para que esse tipo de escola funcione a contento, é preciso, no entanto, que o professor seja ético, a começar pelo reconhecimento de que a própria formação se deu através da prática cotidiana com outros professores. Transformando-se juntamente com os outros professores.

A profissão de professor, diz, não é um ato solitário, tem que ser um ato solidário. “Se as escolas desenvolvessem um trabalho em que cada um fosse acolhido e no qual fosse dada a condição de aprender, não seria preciso falar de programas, projetos e planos. A escola cumpriria seu projeto político-pedagógico”, avalia o professor Pacheco.

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A frase que não foi pronunciada
Educar dá trabalho. Mas é um trabalho que dá bons frutos.
(Içami Tiba)

Artistas da cidade
» Flavita Obino dá a largada para concretizar o I Prêmio Celina Kaufman de Brasília. As patronesses já estão sendo contatadas.

Vote
» Paulo José, jornalista e poeta, está concorrendo no Festival de Música da Nacional FM de Brasília. Se quiser votar, é só procurar o título do festival. Ao todo, no site, as músicas já somam 15.227 votos.



(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google

1 Comentários

  1. Escola tem projeto político-pedagógico? Escola busca aceitação da comunidade? Aluno com autonomia? Interesse de cada aluno? Sinceramente? Isso dá medo!

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