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GDF 2014: a eleição na visão do PT


Por Chico Sant’Anna 
À medida que o calendário vai chegando mais perto de 5 de outubro – data limite para mudanças de domicílio eleitoral e de filiação partidária para quem deseja se candidatar nas eleições de 2014 – o cenário sucessório vai ganhando novos contornos. Esses novos contornos não representam necessariamente mais clareza, em alguns casos a paisagem ainda sem contornos claros está em volta numa neblina que impede a visualização de suas dimensões reais.
Petistas já pensam em um plano B, caso Filippelli decida sair candidato a governador
Os olhares se voltam simultaneamente a dois focos: a dobradinha PT/PMDB que governa o Distrito Federal desde 2011 e para os passos a serem tomados pelo caudilho do Planalto Central, Joaquim Roriz.
Em torno desses dois focos se articula uma série de variáveis ainda imprevisíveis:
  • Roriz será candidato com a saúde debilitada e que exige periódicas diálises?
  • Tadeu Filippelli manterá sua união com os petistas ou ouvirá o canto da sereia conservadora e voltará para o ninho original, junto a lideranças como o próprio Roriz e, quem sabe, Arruda e até Luiz Estevão?
  • Mantido o relacionamento PT/PMDB, como se articularão estas antigas lideranças afastadas da cena política por envolvimento em escândalos do naipe da Bezerra de Ouro, da Caixa de Pandora, do Mensalão do Dem e do TRE de São Paulo? Estarão juntas, somando forças, ou em frentes distintas?
Do outro lado do campo estão Rodrigo Rollemberg, Reguffe e Cristovam Buarque, e Toninho do Psol e a ex-deputada Maria José Maninha. Há ainda a incógnita da Rede de Marina Silva.
Como se comportarão estas correntes políticas? As especulações são grandes e as indefinições maiores ainda. Na visão de importantes e tradicionais lideranças do PT ouvidas por este blog o cenário deve se materializar da seguinte forma:
Joaquim Roriz não deve se lançar pessoalmente governador. Apostará em um aliado que pode ser, inclusive, Tadeu Filippelli. Isso mesmo, pessoas bem próximas ao gabinete de Agnelo Queiroz consideram a hipótese da dobradinha PT/PMDB não se repetir em 2014.
Na visão destas lideranças petistas, os depoimentos do vice-governador nas recentes inserções de propaganda eleitoral do PMDB – em que o tom do conteúdo apontava um vice-governador atuante e realizador, um tocador de obras – ao contrário da imagem pública do governador -, pode ser uma demonstração de interesse de Filippelli tentar, ele mesmo, ser candidato ao GDF.
Na hipótese de Filippelli manter-se atado a Agnelo, o deputado Luiz Pitiman apresenta-se, na visão destes petistas, como o nome preferido do campo rorizista. Pitiman poderia até ter Liliane Roriz como sua vice. Neste cenário, diz um secretário da equipe de Agnelo, parte das forças que hoje apóiam o governo poderá debandar para os braços rorizistas. Esta candidatura articulada por Roriz pode ter, inclusive, o apoio do PSD de Kassab e Rogério Rosso.
Pelo PT, Chico Leite e Magela querem a mesma vaga: a do senador Gim Argelo PTB-DF que terá que escolher outro projeto. Chico Leite também ameaça "marinar" e ir para o partido da Rede.
Pelo PT, Chico Leite e Magela querem a mesma vaga: a do senador Gim Argelo PTB-DF. Este terá que escolher outro projeto. Se não conseguir a vaga de candidato ao senado, Chico Leite também ameaça “marinar” e ir para o partido da Rede.
Sem Gim
Para as lideranças petistas, ouvidas pelo blog, o senador Gim Argelo – recentemente beneficiado pelo TSE com o arquivamento de um processo de cassação de mandato movido pelo PC do B, referente ainda ao pleito de 2006 – não estará na chapa majoritária situacionista. A vaga de senador deve ser definida entre Geraldo Magela, secretário de Habitação, e o distrital Chico Leite. Isso, se Leite não “marinar”, não mudar sua filiação para o partido da Rede, de Marina Silva.
Petistas não descartam esta hipótese, mas a consideram um suicídio político de Chico Leite. Outro que não diz não ter interesse em se embalar na rede de Marina é o secretário de Meio-ambiente, Eduardo Brandão, que em 2010 se beneficiou da bom desempenho de Marina Silva.
Petistas já articulam a desconstrução da imagem de Marina Silva e dizem que o Brasil tinha mais árvores quando ela tomou posse, do que quando deixou o ministério do Meio-Ambeinte.
Os petistas já preparam a carga contra o partido de Marina, que terá um super banqueiro na presidência. A estratégia é mostrar que Marina é uma conservadora e que não fez tanto assim pela preservação ambiental no Brasil. “Quando Marina deixou o ministério do Meio-ambiente o Brasil tinha menos árvores do que quando ela entrou” – diz um membro da equipe de Agnelo e liderança local e nacional do PT, lembrando que foi sob a batuta dela que grandes represas na Amazônia foram aprovadas, tais como Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia; e Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará.
Outra opção petista para o senado é o pedetista Reguffe. Os petistas sonham em tê-lo na chapa majoritária e nos últimos dias as redes sociais divulgaram a existência de um acordo PDT-PT que além de lançar Reguffe ao lado de Agnelo e Filippelli, daria ao PDT local – leia-se Cristovam Buarque – a secretaria de Educação e também a do Trabalho. O acordo estaria sendo costurado pelo presidente nacional do PDT, o ex-ministro Carlos Lupi.
A este blog, Cristovam e Reguffe negaram peremptoriamente. Cristovam foi curto e direto: “Isso é impossível!” O deputado Reguffe, que aparece no topo das pesquisas para a única vaga de senador do Distrito Federal, afirmou que seu partido não está atrás de cargos no GDF e que não há a mínima hipótese em que isso ocorra.
As duas lideranças do PDT-DF descartam um retorno à coligação PT/PMDB que hoje comanda o GDF
Não são poucos os apelos para que o senador Cristovam Buarque se lance candidato ao GDF. Ele mesmo não parece estar muito interessado, diz que apóia a candidatura de Reguffe e demonstra mais interesse em concorrer à presidência da República, ou ser vice na chapa socialista do governador pernambucano, Eduardo Campos.
Para os defensores do retorno de Cristovam ao GDF, ele seria o único a ter a capacidade de unir correntes como o PSB, PDT, Psol e PCB e, quem sabe a Rede de Marina. Dizem estes arquitetos políticos que os potenciais candidatos Rodrigo Rollemberg, do PSB, e Toninho do Psol, só abririam mão de suas candidaturas pessoais, nestas condições. Segundo um fundador do PSB-DF, todas estas correntes reconhecem que Cristovam tem a primazia da escolha.
Mas os petistas não apostam nesta equação.
Acreditam que o Psol terá candidatura própria e que, “na pior das hipóteses”, PDT e PSB se unem, mas que isso não seria temerário aos sonhos do partido da estrela vermelha. A união de socialistas e trabalhistas na Capital Federal seria quase que obrigatória se ela acontecer em nível nacional para a presidência da República.
Foto: Chico Sat'Anna.
Terceiro colocado nas eleições de 2010, o Psol acredita que Brasília não repetirá o dualismo petismo versus rorizismo. Foto: Chico Sat’Anna.
Psol-DF
Terceiro colocado nas eleições de 2010, o Psol na pessoa de seu presidente regional, Toninho do Psol, é cortejado também por Rollemberg e Reguffe. Oferecem ao partido uma vaga de vice a ex-deputada Maninha e apontam que Toninho poderia ser o candidato puxador de voto para a Câmara Federal. Mas, conforme vem sendo debatido no interior do partido, no DF, o papel do PSOL, nesse momento histórico, é o de alavancar e unificar as forças políticas de esquerda, socialistas, democráticas e que lutam pela ética e a transparência, que fazem oposição de esquerda ao governo Agnelo/Filippelli.
Mas os petistas já encastelados no Buriti parecem ignorar a participação de uma articulação mais à esquerda e demonstram estarem mais preocupados com a articulação que sairá do campo rorizista. Lembram que Arruda e Luiz Estevão estarão atuando fortemente no processo de articulação política.
No olhar do PT, Agnelo vai ao segundo turno contra um candidato rorizistas. As demais agremiações, seja à direita ou à esquerda, pelos cálculos deles, teriam papel apenas no primeiro turno das eleições e se veriam obrigadas a se acomodar no segundo turno, fazendo opção por uma das duas vias.
Não temem uma candidatura do Psol, nem de Eliana Pedrosa, nem de Rollemberg. Há quem diga dentro do Buriti que Rollemberg não teria “substância” e que numa eventual candidatura própria do Psol, o senador socialista corre o risco de ficar atrás de Toninho.
Bem, é assim que segundo os cartolas do Partido dos Trabalhadores  se organizaria o campo das eleições locais. Resta saber se o figurino vai se materializar e a polarização PT – Roriz vai se repetir, como eles desejam ou se o brasiliense irá construir um cenário novo, que abandone este filme que vem se repetindo desde a primeira eleição direta para governador no Distrito Federal.

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