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9 de dezembro: Dia Internacional contra a Corrupção

Ironia, diriam alguns. Sarcasmo, outros. O fato é que o Brasil ratificou, por meio do Decreto Legislativo nº 348, de maio de 2005, a Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção. 

Passados menos de 30 dias, naquele mesmo ano, vídeo mostrando o recebimento de propina nos Correios dava a largada para o que seria, até então, o maior escândalo da história da República. 

Registre-se a responsabilidade do então deputado Roberto Jefferson. O mensalão, que para os envolvidos não existiu, levou à beira do precipício do impeachment o então presidente Lula. 

Salvo pela intervenção e ascendência do ex-presidente Fernando Henrique (que temia a repetição de tão desgastante processo para a jovem democracia) sobre as oposições, Lula escapou. A seu jeito, sacudiu a poeira, pôs a culpa nos companheiros, fez papel de vítima de práticas inaceitáveis e, contrariando as previsões, terminou o mandato e ainda se elegeu no pleito seguinte. O fim desta novela do submundo da política todos conhecem. 

Ironias e sarcasmos à parte, o fato é que os percalços advindos de todo o processo rumoroso do mensalão não serviram de lição para a turma no poder. Pelo contrário. A expertise adquirida com as estripulias do mensalão serviu apenas para o aperfeiçoamento do modus operandi do Petrolão. Corrigidas as falhas, trata-se apenas de uma infraçãozinha em um grande esquema sistêmico, corroendo de cima abaixo toda a República. As raízes dessa degeneração têm origem muito antes do Fórum de São Paulo. Começou em 1989. 

A queda do Muro de Berlim, naquele ano, soterrou, entre escombros e ferros retorcidos, grande parte das utopias que ainda insistiam em dividir o mundo, com muros e cercas de arame farpado. Numa sátira da história, o que restou daqueles velhos sistemas foram recolados. Passaram a vicejar na América Latina, para onde migraram. Sob o uniforme colorido do populismo, o que era ideologia se transformou em demagogia. O que era teoria política se tornou em propaganda e marketing milionários. 

Mas, em essência, o DNA da dissipação social e da submissão às verdades do partido permaneceu o mesmo. O falso muro separando compatriotas não era mais feito de concreto armado. Em seu lugar foram erguidos preconceitos do tipo “nós contra eles”. O Brasil, que não é porta de fábrica para ser governado na base do grito e das ameaças, aguarda em suspense e estupefato o desenrolar das denúncias premiadas. 

A cada dia, novas revelações aumentam a agonia dos mesmos de sempre e sinalizam para a possibilidade de o país se reorganizar de forma que os contribuintes paguem pelo que recebem. Sistema de saúde estruturado, educação que no mínimo eduque, transporte seguro e preparado para a demanda seriam um bom começo.

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Fonte: Coluna "Visto, lido e ouvido" - Ari Cunha com Circe Cunha - 06/12/2014

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