Carlos Chagas
Prepara-se o PT para correr um risco dos diabos. Terça-feira sua bancada na Câmara escolherá seu candidato à presidência da casa, possivelmente Arlindo Chinaglia, para concorrer com Eduardo Cunha, lançado pelo PMDB.Tudo indica que os companheiros serão derrotados. No caso, pela conta de somar, porque junto com os peemedebistas estarão os partidos de oposição. A presidente Dilma andou ensaiando um antídoto contra o parlamentar carioca, de quem não gosta nem um pouco, mas parece haver desistido. Está informada do potencial do ex-futuro adversário. Ainda dias atrás, numa reunião com os líderes da base oficial, arriscou um sorriso para Eduardo Cunha, que retribuiu com efusão.
Fica evidente que o governo perde com a escolha, dada a intensidade com que o candidato do PMDB fala em independência do Legislativo. Isso de público, porque em particular avança mais. Sustenta que seu partido vem sendo humilhado, não dispõe dos espaços que merecia no ministério e que Dilma não perde por esperar quando começarem as votações.
Não se trata de um bom começo para o governo e para o PT, em termos de nova Legislatura. A oposição não apenas cresceu, mas tomou coragem. A maioria, de seu turno, já não se apresenta tão sólida e subserviente. Evidência é a corrida por ministérios desenvolvida pelos partidos menores, até agora numa chantagem explícita a que Dilma se tem curvado. Vai perdendo a oportunidade de compor a sua equipe, acima e além dos interesses das bancadas, como se imaginou que faria depois de reeleita. Mesmo vitoriosa na escandalosa transformação de déficit em superávit, em votação desta semana no Congresso, a presidente terá percebido os obstáculos que a aguardam este ano.
VERSO E REVERSO
Enquanto Aécio Neves contesta a vitória da presidente Dilma e chama o PT de organização criminosa, Geraldo Alckmin exalta o governo federal e dirige-se à sua chefe dizendo “conte conosco”. Não se trata mais de duas faces da mesma moeda, senão de pólos antagônicos de um mesmo partido. No fundo, com quatro anos de antecipação, está a escolha do candidato tucano ao palácio do Planalto, em 2018.