test banner

#JUSTIÇA » Propina motivou ação contra deputado Fraga no STF


"Essa irresponsabilidade de alguém aparecer dizendo que eu dei o dinheiro para ele porque era para fulano de tal, sem nenhuma prova nos autos, é a força do Ministério Público que esta Casa precisa urgentemente repensar (sic)" (Alberto Fraga (DEM), deputado federal)

Ex-presidente de cooperativa afirma que destinou dinheiro para Alberto Fraga quando ele era secretário de Transportes. Segundo testemunha, motorista do deputado disse que processos dentro da pasta precisavam de pagamento para avançar

O presidente da Coopertran em 2008, Crispiniano Espíndola Wanderley, foi o responsável pela denúncia contra o deputado federal Alberto Fraga (DEM) por corrupção. Ele afirmou ter feito o repasse para Afonso Andrade Moura, motorista de Fraga à época e também denunciado no inquérito. Segundo Crispiniano, Moura teria dito que “tudo na pasta era feito por meio de pagamentos”. O deputado federal mais votado no DF é réu no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a ação apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, o parlamentar teria exigido e recebido R$ 350 mil em propina na época em que era secretário de Transportes para fechar o contrato entre o GDF e uma cooperativa de micro-ônibus. A Segunda Turma da Corte recebeu a denúncia nesta semana. Já o líder da bancada da bala nega ter cometido qualquer crime.

A Coopertran foi uma das quatro vencedoras da licitação de 2008 que reduziu o número de vans piratas nas ruas e colocou 350 micro-ônibus para rodar nas ruas do DF. Segundo Wanderley, presidente da cooperativa entre 2004 e 2009, ele só conseguiu emplacar os veículos após pagar propina. “Nós tínhamos sido eliminados do certame porque faltou um documento do INSS, pois a agência estava em greve. Conseguimos a participação por meio de liminar”, explicou. De acordo com ele, contudo, houve resistência da pasta em nomear a vencedora.

Em 12 de julho de 2008, ele teria encontrado Afonso em Flores (GO). “Eu me encontrei o motorista do secretário por acidente em Flores de Goiás. Perguntei o porquê daquela inércia e ele me disse que tudo na pasta era feito por meio de pagamentos e que eu não teria nada aprovado caso não pagasse nada”, relatou Wanderley. “Em uma sexta-feira, pediram R$ 350 mil em dinheiro e mais três permissões de R$ 100 mil como pré-requisito para que os veículos pudessem rodar. Não aceitei carregar dinheiro”, afirmou. O procedimento de entrega da quantia foi feito, de acordo com o cooperado, em uma agência bancária. “Na segunda-feira, o (então secretário) Fraga assinou nossa vitória”, continuou o ex-presidente da cooperativa.

“Denuncismo”
O deputado — que negou ter cometido qualquer crime por meio da assessoria de comunicação ao blog CB.Poder — se manifestou no plenário da Câmara dos Deputados na tarde de ontem. Alberto Fraga afirmou estar preocupado com a onda de “denuncismo sem provas” e criticou o que classifica como excesso de poder do MP. “Se alguém recebeu dinheiro usando meu nome ou o do governador, pelo menos um mínimo de prova tem de ter. Essa irresponsabilidade de alguém aparecer dizendo que ‘eu dei o dinheiro para ele porque era para fulano de tal’, sem nenhuma prova nos autos, é a força do Ministério Público que esta Casa precisa urgentemente repensar (sic)”.

Segundo o relator do caso no Supremo, ministro Teori Zavascki, há uma descrição clara do ocorrido na denúncia. “Não é inepta a denúncia, pois narrou os fatos em tese delituosos, as condutas dos agentes, com as devidas circunstâncias”, afirmou. “Não é necessário que a denúncia descreva minuciosamente (os fatos). Impõe, sim, uma descrição lógica e coerente, de modo a permitir ao acusado entender a imputação e exercer a defesa, e isso ocorreu”, concluiu. A reportagem não localizou Afonso Andrade Moura.

Fonte: Guilherme Pera – Correio Braziliense – Foto: Google

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem