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Onde enxugar

Qualquer dona de casa, principalmente nas camadas de baixa renda, sabe exatamente o que fazer para esticar por 30 dias os escassos rendimentos da família. Na verdade, nenhum economista, por mais graduado que seja, consegue armar contabilidade tão criativa e, ao mesmo tempo, eficaz para manter os gastos dentro da realidade do dia a dia. 

Imagine a mesma dona de casa, em virtude da redução forçada nos ganhos da família, impor a cada um dos membros aumento de participação no bolo total. Consciente da importância de manter o grupo em harmonia total e para a própria sobrevivência de cada um, a decisão será, com certeza, cortar ainda mais qualquer outro gasto, por menor que seja.

Resguardadas as devidas proporções e complexidades, essa parece ser a receita básica para o Estado sobreviver em tempos de crise. E é isso, exatamente, o que fazem países sérios mundo afora. Um exemplo típico foi dado pela Suécia, país escandinavo com excelentes indicadores de welfare state, ao rejeitar a candidatura para sediar as Olimpíadas em 2022. A recusa foi feita devido a eventuais prejuízos com a organização do torneio e em razão de prioridades maiores, como a construção de moradias para a população. Medida racional, mas impensável por aqui.

O exemplo contrário foi dado com a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, com a construção de inúmeros elefantes brancos (entre os quais, o Mané Garrincha), quando o governo tinha conhecimento interno, muito claro, das debilidades da economia do país.

Como dona de casa (do Brasil), Dilma Rousseff, seu governo e, sobretudo, seu partido se mostraram muito aquém da missão de administrar o Orçamento da União. Em nome da perpetuação no poder e no afã de controlar o próprio Congresso, com a compra de parlamentares, conseguiu quebrar a oitava economia do planeta. Um feito e tanto.

Com tanta incapacidade demonstrada, ao longo de mais de uma década, agravado ainda com o desvio descarado dos recursos públicos, não chega a ser surpresa o rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de risco, colocando o país entre os caloteiros do globo. Diante de uma situação como a atual, melhor convocar uma junta de donas de casa comuns para rearrumar as finanças do país. Não tenham dúvidas do sucesso do resultado.

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A frase que foi pronunciada
“Eu sempre escuto os prefeitos. Por que é que eu escuto os prefeitos? Porque é lá que está a população do país, ninguém mora na União, ninguém mora… Onde você mora? Ah, eu moro no Federal.”
(Presidente Dilma Rousseff)



Por: Circe Cunha – Coluna: “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Ilustração/Foto: Google/Blog

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