O arrocho para conter a
crise financeira terá de enfrentar a fúria dos aliados, que já se manifestam
contrários à ideia, que, segundo o governo, é ainda embrionária
Enxugar as estruturas e diminuir custos.
É o que pretende o governador Rodrigo Rollemberg com uma reforma
administrativa radical, com junções e até extinção de secretarias, que deve ser
anunciada nos próximos dias. O arrocho para conter a crise financeira terá de
enfrentar a fúria dos aliados, que já se manifestam contrários à ideia, que, segundo
o governo, é ainda embrionária.
A assessoria
de imprensa do governo confirma que há um estudo, ainda preliminar, sobre o
tema. Já o líder do governo na Câmara Legislativa, deputado Júlio César Ribeiro
(PRB), sustenta que a intenção é bem concreta. “É fato que haverá junção de
secretarias. Agora, quais serão, ainda não está definido”, afirmou, citando as
reuniões do conselho político, onde Rollemberg já teria demonstrado o intento.
Ribeiro é,
inclusive, cotado para assumir uma das super secretarias: a de Esporte, Turismo
e Cultura. Uma brincadeira que ele fez com o atual secretário de Cultura,
Guilherme Reis, na Câmara Legislativa, caiu como uma bomba entre os
“militantes” da área. Ribeiro teria pedido para que Reis deixasse tudo arrumado
para a chegada dele.
Se o líder
de governo for para o primeiro escalão, a hoje secretária de Esporte, Leila
Barros, assume a vaga dele, já que ela é suplente de distrital. Mais espaço
para o PRB.
No fim de
semana
O governador
deve estudar o pleito neste fim de semana, aposta Ribeiro. “Na semana passada,
ele pediu que os secretários apresentassem estudos. Agora, ele vai analisar
quais secretarias podem ser reunidas”, explicou.
Apesar de,
nos bastidores, darem como certa a ida de Ribeiro para uma das super
secretarias, ele garante que ainda não foi consultado pelo governador. E,
embora garanta que esteja satisfeito com sua função como líder de governo e não
ter pretensão de voltar, se houver um convite, “a gente pode pensar”.
O deputado
acredita que Rollemberg apresente um esboço do que pretende fazer na
reunião do conselho político, marcada para segunda-feira de manhã.
Júlio César
Ribeiro Ribeiro também aposta que a Secretaria de Turismo ficará fora da
junção. Mas há quem acredite que a Cultura será poupada. “Não consigo
visualizar essa junção de turismo, cultura e esporte”, sustentou.
Enquanto
não é oficial, trabalho
Aliado
antigo de Rollemberg, o titular do Turismo, Jaime Recena, cita sua área com uma
“saída para a crise financeira”. Ele diz que não conversou com o governador
sobre o tema e que segue trabalhando normalmente.
"Minha
relação com o governador sempre foi de respeito, proximidade, transparência e
lealdade. E especulações jamais poderiam estar acima de uma relação como
essa", reforçou o secretário.
Ainda na
época da transição, o então secretário da Casa Civil, Hélio Doyle, chegou a
dizer que a Secretaria de Turismo seria transitória, até que fosse criada a
empresa de turismo do DF. “Consideramos a melhor alternativa para trabalhar o
turismo”, disse ele à época.
Malas
prontas
Leila Barros
não foi encontrada para comentar o assunto. Nos bastidores, no entanto,
comenta-se que ela já teria dito, de forma espontânea, durante uma
reunião, que estaria de volta à Câmara Legislativa.
Dança das
cadeiras
Comenta-se
que, pela afinidade, que a Secretaria de Justiça englobe as pastas da Criança e
da Mulher, Igualdade Racial e Direitos Humanos.
Fazenda e
Planejamento também seriam fundidas. Assim como Relações Institucionais e
Casa Civil. E Habitacão e Meio-Ambiente. Tecnologia
seria extinta.
Guilherme
Reis: "Eu aguardo e acato"
O atual
secretário da Cultura, Guilherme Reis, disse que não comentaria as especulações
e que esta seria uma decisão do governador. “Eu aguardo e acato”,
resumiu.
Guila, como
é conhecido no meio cultural, lembrou que o governador diz, desde o primeiro
dia de mandato, tem dito quão importante é a área da cultura para o
mandato dele. “Mas não quero fazer considerações sobre isso”, concluiu.
Nos
bastidores, comenta-se que o atual gestor teria sido surpreendido com a notícia
da fusão, na Câmara Legislativa, quando Júlio César Ribeiro recomendou que ele
deixasse tudo arrumado. Foi aí que os militantes da área se revoltaram. O
governador, então, poderia recuar da decisão.
Defesa
Recém
empossado deputado distrital, Cláudio Abrantes (PT) é um dos parlamentares que
prometem defender a manutenção da pasta da Cultura. “A Cultura tem
especificidades diferentes das outras duas secretarias”, pontuou.
Ele, que tem
afinidade com a área, disse que ainda não conseguiu falar com o
governador sobre o assunto, mas contou que, hoje, representantes do setor devem
se reunir com o secretário de Relações Institucionais, Marcos Dantas, para
tratar deste pleito. “Eu sou terminantemente contra e vou lutar para que isso
não aconteça”, garantiu.
A secretaria
precisa de um cuidado especial, disse o petista. Mesmo se a Cultura for para o
guarda-chuva da Educação, como já fora no passado, para Abrantes, será um
“retrocesso”.
Fonte: Jornal
de Brasília - Por: Millena Lopes – Foto: Rafhael Ribeiro