Neste exato momento, a certeza geral é de que a
permanência de Eduardo Cunha à frente da Câmara dos Deputados não vale três
tostões furados. Outra certeza de momento é de que, mesmo faltando três anos
para terminar o mandato, a presidente Dilma Rousseff é uma pata manca. Do mesmo
modo, outra certeza a esta altura dos fatos, é de que boa parte daqueles
políticos que viviam à sombra do Planalto, apoiando o governo em troca de
pixulecos variados, está com os dias contados para seguir à degola da cassação.
Na outra ponta, lá em Curitiba, acelerando os
trabalhos de coleta de depoimentos dos réus que aderiram à delação premiada, a
lista dos sugadores da outrora maior empresa brasileira está prestes a ser
encerrada e não será surpresa se, finalmente, surgir o nome dos peixes graúdos.
Com o nome completo dos cabeças do esquema aparecendo para o público, ou não, o
fato é que pela teoria do domínio dos fatos, sacada durante o julgamento do
mensalão, e possivelmente reintroduzida novamente, toda a cúpula atual no comando
da República está em maus lençóis. Ou melhor, a população, que já amarga com o
derretimento da economia, é que, efetivamente, está em maus lençóis.
Haverá saída pacífica para esta tremenda crise do
Estado? Executivo e parcela significativa do Legislativo estão com as mãos
sujas de óleo e lama e, do ponto de vista tanto da Carta Magna quanto do
cidadão eleitor, já não possuem condições morais, éticas e seja mais lá o que
for para administrar o Estado.
Com o esvaziamento do poder central, por absoluta
falta de lideranças probas, o fantasma sem cabeça da República ronda a Praça
dos Três Poderes com a foice afiada. Nesse resumo da ópera, falta verificar a
real valia da Justiça Eleitoral. Será possível a sobrevida de siglas
partidárias que se transformaram em verdadeiros receptáculos de recursos
surrupiados da nação?
Por que dar tratamento diferenciado para quadrilhas
que fraudam concursos e exames públicos, inclusive retroagindo no tempo e
suspendendo nomeações de quem comprou gabaritos a peso de ouro e não punir, com
o mesmo rigor, partidos que usaram dinheiro desviado de propinas para bancar os
milionários gastos de eleição?
Democracia política exige pelo menos partidos e
agremiações partidárias limpas e transparentes. É possível a construção de uma
democracia pluripartidária, com partidos corrompidos? São questões que precisam
de respostas imediatas, pois a nação não pode esperar mais. Resumindo ainda
mais o libreto dessa ópera: quando é que esses personagens vão cair em si e
sair de cena em debanda ligeira?
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A frase
que não foi pronunciada
“Até a verdade na boca do mentiroso
vira mentira.”
(Eleitor boquiaberto com a sequência de declarações
de políticos)
Por: Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” –
Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog-Google