Inspirada na Câmara da Barra da Tijuca, no Rio,
entidade pretende melhorar as condições do Noroeste
Líderes comunitários se unem a comerciantes e donos de construtoras e criam a primeira Câmara Comunitária do DF. Ideia é trazer soluções ao novo setor habitacional, com dinheiro privado, para instalação de equipamentos públicos
Moradores, comerciantes e empreiteiros atuantes no Setor Noroeste lançam, hoje, a primeira Câmara Comunitária (CCN) do Distrito Federal. Trata-se de uma força-tarefa para tentar fazer melhorias no bairro, ainda sem equipamentos públicos, como delegacia ou hospital, semáforos e placas de trânsito. Os envolvidos no projeto prometem trazer soluções para a região, usando financiamento particular. No entanto, há a necessidade de receber autorização do governo local. A ideia é interagir com o Executivo e o Legislativo, em busca de rapidez no desenvolvimento da localidade, anunciada como o primeiro bairro ecológico do país e com 8 mil habitantes, mas previsto para receber até 40 mil.
A CCN é inspirada na Câmara da
Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde um grupo do Noroeste foi buscar
inspiração, no começo do ano. A entidade brasiliense pretende levantar fundos
para fazer as benfeitorias conforme o anunciado no lançamento do projeto habitacional,
com direito a iluminação de LED e coleta seletiva a vácuo — que transforma lixo
em fonte de energia. Segundo o presidente da CCN, Antonio Custódio Neto, “houve
promessas políticas sobre os serviços, mas nada foi feito até agora. Por isso,
quem vive ou trabalha no endereço não pode ficar parado”. Ele e a família moram
no Noroeste desde 2012. “Viemos ocupar o terceiro apartamento do bairro. Ainda
aguardo as melhorias”, ressalta.
Há 40 prédios residenciais prontos
no Noroeste. Além deles, existem edifícios mistos ou totalmente comerciais.
“São essas pessoas (os moradores e os comerciantes) que fazem parte da Câmara.
Queremos ser um canal de interlocução entre a comunidade e o governo”, garante
Custódio. Os investimentos para as obras sairiam do bolso dessas pessoas, e não
do GDF. “Não é nossa intenção pedir dinheiro ao governo. Queremos trazer
soluções para o bairro que sonhamos em morar”, destaca o presidente da CCN.
Estreitando as relações com o GDF,
ficaria mais fácil conseguir a construção de uma unidade policial específica
para a região, por exemplo. “Dei um apartamento ao meu filho e a mulher dele,
depois do casamento de ambos. A filha deles nasceu e nada de mudança. Não
querem viver onde não há policiamento”, reclama o empresário Jair Mendonça, 71.
As demandas do Noroeste são atendidas pela 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte),
que fica em frente ao Noroeste. Outra observação do aposentado é o Parque Burle
Marx, previsto para abrir dois anos atrás. “Nem isso ficou pronto. Não há opção
de lazer pelas imediações”, conclui Mendonça.
Drenagem
O presidente interino da Associação dos Moradores do Noroeste, Luiz
Bringel, resume a participação da entidade na CCN citando o ditado popular: “A
união faz a força”. De acordo com ele, “existe grande expectativa sobre o que
pode ser feito”. Atualmente, pelo menos dois pontos do Noroeste estão sendo
reestruturados pela Terracap. “Estão arrumando áreas verdes e trabalhando na
drenagem pluvial. Mas isso demorou a acontecer. Queremos agilizar o processo e
desenvolver a área”, acrescenta.
O presidente da Associação das
Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF), Paulo Muniz, vê
a iniciativa como “algo comunitariamente positivo”. “Falamos de um marco para a
cidade, porque o interesse da CCN abrange tanto o setor produtivo quanto a
sociedade. Todo mundo sai ganhando, pois defendemos ideias compartilhadas”,
explica.
Para a representante dos
comerciantes do bairro, Paula Figueiredo, o aumento nas linhas de ônibus é a
maior reivindicação. “Seria um adianto, porque o transporte acaba às 18h. Tenho
um empório, cujo horário de fechamento é à meia-noite. Preciso levar os
funcionários diariamente à W3 Norte, pois é a única maneira de eles voltarem
para casa”, reclama.
Fonte: Bernardo Bittar – Foto:
Daniel Ferreira/CB/D.A.Press – Correio Braziliense