Estrangeiros
vieram conhecer de perto soluções urbanas sociais, como o Mangueiral, fruto de
parceria público-privada
O turismo
na capital da República está muito além da Esplanada dos Ministérios e dos
pontos mundialmente conhecidos. Pelo menos, é o que defende o grupo de 25
arquitetos franceses que aterrissou em Brasília na última quarta-feira (21).
Com papel e caneta na mão, e máquinas fotográficas a tira colo, os visitantes
associados da Federation Nationale des Societes Cooperativas
D’HLM (Federação Nacional de Cooperativas Sociais) tentaram
fugir do tradicional roteiro dos monumentos assinados por Oscar Niemeyer. O
objetivo de terem deixado a Europa foi outro: a busca de novas experiências
arquitetônicas e soluções para a moradia a baixo custo final. E encontraram por
aqui.
Um dos
pontos mais elogiados foi o complexo habitacional do Mangueiral, que surgiu a
partir das chamadas Parcerias Público-Privada (PPP). “Isso aqui é urbanismo
social”, comentou o incorporador Chabad Daniel ao conhecer o novo setor. Para
ele, a criatividade em oferecer moradia de qualidade, a baixo custo, e quase
sem onerar os cofres públicos chamou a atenção do grupo. “Realmente é um
projeto muito interessante, em sua funcionalidade e na execução”, emendou.
Mesmo em
visita “meramente técnica”, o grupo francês não resistiu ao ser convidado para
explorar a obra de Niemeyer e do urbanista Lucio Costa, que idealizou o
planejamento de Brasília. Os arquitetos conheceram a Praça dos Três Poderes, a
Catedral, Congresso Nacional, Igreja Dom Bosco e os hotéis à beira do Lago
Paranoá. “Brasília é uma marca internacional. As pessoas vêm
espontaneamente pela arquitetura urbanística. É uma coisa única no mundo. Quem
estuda arquitetura estuda Brasília”, lembrou outra integrante da
comitiva, Yves-Marie da Le Logis Breton.
A visita
faz parte de uma nova modalidade defendida pela Secretaria de Turismo de
Brasília, que tem atraído cada vez mais visitantes para o Planalto Central: o
turismo técnico. Nessa categoria, estudiosos e pesquisadores saem de seus
países de origem em busca de projetos que conquistaram êxitos, como foi o caso
do Mangueiral. “Brasília é um verdadeiro viveiro de boas ideias, que integram a
boa funcionalidade. Cada vez mais, conseguimos atrair grupos interessados em
conhecer nossas peculiaridades”, explicou o secretário de Turismo, Jaime
Recena.
Ainda
segundo ele, há inegável e importante atrativo para o turista percorrer o
chamado “museu a céu aberto”. “Brasília surpreende não só os turistas que
procuram história, civismo, arquitetura, lazer e cultura, mas também os que
chegam ao Brasil em busca de algum estudo acadêmico ou profissional”, continua.
A opinião foi compartilhada por Yves-Marie. “Não tem como visitar
Brasília e não se surpreender com a beleza da arquitetura muito bem distribuída
em área plana, que integra o belo artificial com o belo essencialmente
natural”, elogiou.
Antes de
encerrarem a visita técnica, os franceses conheceram o novo projeto da
Secretaria de Turismo que visa criar novas rotas na região central do Brasil,
tendo Brasília como cidade-anfitriã, mas passando por outras cidades como
Pirenópolis (GO), Alto Paraíso (GO), Caldas Novas (GO) e São Jorge (GO). Nesse
primeiro momento, segundo o secretário, o trabalho está focado na França, já
que o país é o quinto do mundo a enviar turistas ao Brasil (leia mais abaixo),
o que encantou os visitantes. Perguntados sobre o possível retorno à capital do
Brasil, os turistas já tinham resposta na ponta da língua: “Nous serons de
retour”. Em tradução livre, “certamente, nós voltaremos”. Brasília agradece.
Novidades para os franceses
A França
é o 5º emissor de turistas para o Brasil e o 1º mercado emissor europeu para o
País. De acordo com o anuário do Ministério do Turismo, 282.375 visitantes
daquele país vieram ao Brasil em 2014, o que representa um aumento de 26,02% em
relação ao ano anterior.
Com apoio
do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) e de governos do DF e do Goiás, o
grupo tem o objetivo de diversificar a oferta brasileira no mercado francês,
para fugir de rotas turísticas tradicionais. Para isso, a Embratur realizará
“famtour”, termo usado para multi destinos locais. A parceria será com a
compahia Air France-KLM, principal operadora do trecho, trazendo grandes
empresários da França para conhecer os destinos turísticos do Centro-Oeste do
Brasil, como Pirenópolis e Chapada dos Veadeiros. A ideia é levar o mesmo
roteiro para outros países, a começar pelas representações diplomáticas com
sede em Brasília