Expectativa de dirigente do Legião, mandante do
jogo, é de 3 mil pessoas na arena que tem 71 mil lugares disponíveis
GDF ensaia bancar cerca de R$ 150 mil para Mané Garrincha sediar Legião x Dom Pedro, lanternas da Série B local. Clube mandante deve pagar taxa de uso do estádio de, no máximo, R$ 150
O empate sem gols — e sem graça — entre Brasília e Atlético-PR, em 17 de setembro, poderia ter encerrado o ano do Mané Garrincha. Os 6,5 mil lugares ocupados dos 71 mil disponíveis transmitiam melancolia, agravada pela eliminação do colorado na Copa Sul-Americana. Em mais uma tentativa de justificar a construção da arena, que custou R$ 1,8 bilhão ao GDF, Legião e Dom Pedro se enfrentam amanhã, às 10h, pela 11ª e última rodada da segunda divisão do Campeonato Brasiliense.
Legião e Dom Pedro ocupam,
respectivamente, o antepenúltimo e o último lugares. O jogo da manhã de sábado
servirá apenas para o cumprimento da tabela. Afinal, nenhum dos dois tem
chances de avançar à fase seguinte. A saída encontrada para tentar atrair
público foi dar ao duelo caráter filantrópico. O ingresso custa R$ 5 e será
necessário doar 1kg de alimento para entrar. Os bilhetes estarão à venda no dia
do jogo, a partir das 8h, nos arredores do Mané. Apenas o anel inferior será
aberto.
Segundo Emanuel Teixeira,
presidente do Legião, mandante da partida, os alimentos arrecadados serão
doados para casas de apoio. “É um jogo que tem mais que essa história de
segunda divisão. São seis instituições carentes beneficiadas. As crianças vão
brincar com a bola 15, 20 minutos antes, no campo”, adianta Teixeira.
Quando a tabela foi divulgada, em
junho, a estreia do Legião estava agendada para o Mané Garrincha. De acordo com
Emanuel, havia autorização para mandar todas as partidas na arena, mas o clube
optou por levar apenas uma. Ele contou que houve, desta vez, uma “ajuda” por
parte do secretário adjunto de Economia, Desenvolvimento Sustentável e Turismo,
Jaime Recena, e do governador Rodrigo Rollemberg. Assim, o clube pagará
simbólico 1% da renda. Teixeira espera três mil espectadores. Se a expectativa
de público se confirmar, serão obtidos R$ 15 mil de arrecadação, e a parte do
governo será R$ 150. Só para abrir o estádio, porém, o GDF gastará, no mínimo,
R$ 150 mil.
Por meio da assessoria de imprensa,
a Secretaria de Economia, Desenvolvimento Sustentável e Turismo informou que o
pagamento de 1% da renda ainda não foi confirmado, está em análise no setor
jurídico do GDF. Uma resposta deve sair hoje.
Assim seja
Desde 2007, o Legião alterna entre a primeira e a segunda divisões do
campeonato local. Neste ano, mandou jogos no Abadião, no Augustinho Lima e no
Bezerrão. “No ano que vem, o Legião vem forte. Em 2017, volta para a primeira
divisão e vai buscar vaga na Série C e na Copa do Brasil”, crava.
Emanuel Teixeira comenta com
empolgação sobre o jogo no Mané Garrincha. O presidente do Legião fala em ajuda
de amigos para tentar ter público no estádio. O “visitante” Dom Pedro, porém,
não parece tão entusiasmado.
O gerente de Futebol do clube do
Núcleo Bandeirante, José Marcelino da Silva, diz “ver com respeito” a disputa
da saideira no Mané Garrincha. Mas, nas entrelinhas, deu a entender que
discorda. “Independentemente de eu acatar ou não, que seja lá. É para cumprir
tabela”, conforma-se.
Fonte: Vitor de Morais – Foto: Ed
Alves/CB/D.A.Press – Correio Braziliense