Uma empresa de Luís Cláudio Lula da Silva, a LFT Marketing Esportivo,
recebeu pagamentos de uma das consultorias suspeitas de atuar pela Medida
Provisória 471, que prorrogou benefícios fiscais de montadoras de veículos
A Polícia Federal, a
Receita Federal e o Ministério Público Federal cumprem nesta segunda-feira, 26,
mandado de busca e apreensão no escritório de Luiz Cláudio Lula da Silva, filho
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ação integra a terceira fase da
Operação Zelotes, que investiga um esquema de compra de medidas provisórias
para favorecer montadoras de veículos.
Como revelou o Estado no
início do mês, uma
das empresas de Luiz Cláudio, a LFT Marketing Esportivo, recebeu pagamentos de
Mauro Marcondes, um dos lobistas investigados por negociar a edição e aprovação
da MP 471 durante o governo Lula. A norma prorrogou incentivos fiscais para
o setor automotivo. Luiz Cláudio, que também é dono da empresa Touchdown,
confirma o recebimento de R$ 2,4 milhões.
O filho de Lula
sustenta que os valores se referem a projetos desenvolvidos para uma empresa de
Mauro Marcondes, a Marcondes e Mautoni Empreendimentos, em sua “área de
atuação”, o esporte. Mas nunca deu detalhes dos serviços prestados.
Na nova etapa, os agentes investigam
esquema de lobby e corrupção para “comprar” medidas provisórias que favorecem
empresas do setor automobilístico, revelado pelo Estado no início do mês.
Cerca de 100
policiais federais cumprem 33 mandados judiciais no Distrito Federal, em São
Paulo, no Piauí e no Maranhão, sendo seis de prisão preventiva, 18 de busca e
apreensão e 9 de condução coercitiva. O lobista Alexandre Paes dos Santos, conhecido
como ‘APS’, um dos envolvidos na negociação das MPs, foi preso preventivamente.
Foram presos o
ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva, em sua casa em Brasília, e o
consultor Mauro Marcondes. O dono da CAOA, Carlos Alberto Oliveira Andrade, foi
alvo de mandado de condução coercitiva. As empresas dos dois, a SGR e a
Marcondes & Mautoni, foram contratadas pelo esquema de lobby para suposta
compra de MP.
A PF também faz busca
e apreensão na casa de Fernando César Mesquita. Ele já foi porta-voz da
presidência e secretário de comunicação do Senado. Segundo as investigações,
Fernando Mesquita trabalharia com ‘APS’.
A PF também cumpre
mandados em endereços de pessoas ligadas ao governo, entre elas Lytha Spíndola,
que era secretária da Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligada ao Ministério
do Desenvolvimento, na época da discussão da MP 471 e de outras normas sob
suspeita. Um escritório de advocacia que pertence aos filhos dela, o Spíndola
Palmeira Advogados, recebeu pagamento da Marcondes e Mautoni Empreendimentos.
Lytha nega que os recursos tenham ligação com a MP ou suas atividades no
governo.
Por: Andreza Matais – Fábio Fabrini – Julia Affonso - Estadão