Não é segredo para ninguém que os serviços públicos
prestados por escolas, hospitais, delegacias, transportes e outros, são muito
ruins para a população. Qualquer pesquisa de opinião pode aferir que o cidadão
não está, minimamente, satisfeito com os órgãos públicos.
Mesmo sabendo que paga caro por eles, por meio de carga de impostos
desumana, o que recebe em troca é precário, pela metade, demorado, feito
por gente que não sente a menor satisfação em servir ao público. Ao contrário.
O público é um estorvo, pede, reclama e exige.
No país, a máquina pública é inchada, ineficiente, morosa e cara, a
capital federal apenas repete o modus operandi Brasil afora. Há cerca de um
mês, várias categorias profissionais entraram em greve, infernizando a vida dos
brasilienses. O sentimento geral da população que necessita dos serviços
públicos é retratada por um misto de abandono e resignação.
Acostumada aos maus-tratos, a população reconhece que a crise provocada
pela escalada, sem precedentes, de greves, apenas torna pior o que, por
natureza, é ruim. A sociedade pode perceber, ao longo de muitas greves, que os
movimentos paredistas se estruturam de forma a causar o maior dano possível ao
contribuinte, principalmente o de baixa renda.
A estratégia de greve que os sindicatos adotam desde o século 19 ainda
tem na alça de mira o cidadão desvalido, e não o patrão, acusado de explorador.
Por essas e por outras, as categorias em greve perdem, cada vez mais, o apoio
do cidadão. Para muita gente, grevista passou a ser sinônimo de desocupado e
desordeiro. Não à toa, muita gente afirma, sem medo, que não deu pela falta de
muitos grevistas. Greve? Que greve?
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A frase que não foi pronunciada
“Regras para evitar aborrecimentos: não pense,
não fale, não seja.”
(Rabisco na porta de um banheiro de um
serviço público.)
Por: Circe Cunha – Coluna: “Visto, lido e ouvido” –
Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google