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#INVESTIGAçãO » Professor é acusado de assédio na UnB

A Universidade de Brasília abriu processo que trata de denúncias de assédio moral e sexual cometidos por um professor da Faculdade de Comunicação (FAC/UnB). Na última sexta-feira, o documento foi protocolado na Reitoria. Desde então, o procedimento administrativo corre em sigilo. As vítimas são alunas dele. Contam que foram obrigadas a participar de atividades, em sala de aula, em posições constrangedoras. O docente também teria feito comentários machistas durante as aulas. Os relatos vieram à tona por ocasião da campanha #meuamigosecreto, nas redes sociais, e se referem a episódios deste semestre e de períodos anteriores.

A UnB aguarda a análise do processo, ainda sem prazo definido, para tomar possíveis providências, segundo a Secretaria de Comunicação da instituição (Secom/UnB). A universidade confirma a sindicância e o envio dela ao gabinete do reitor, Ivan Camargo. A expectativa é de que a investigação tenha andamento antes do início do próximo ciclo letivo. O Centro Acadêmico de Comunicação Social (Cacom/UnB) informou ter recolhido os depoimentos das alunas e remetido à direção da FAC. O acusado, no entanto, ainda não se manifestou oficialmente à UnB.

Nenhuma das garotas foi identificada. Apesar de o Cacom/UnB não ter informado quantas estudantes foram vítimas do educador, sabe-se que há relatos mais antigos, inclusive de formadas. Em uma das situações, o professor teria pedido às estudantes para ficarem de quatro, como animais, porque isso ajudaria na formação profissional. Em outro momento, teria se aproximado demais das estudantes. “Ele chegava muito perto, olhava fixamente para as garotas”, explica uma jovem que não quis se identificar. Ela não foi vítima direta, mas presenciou diversos comportamentos inadequados dele. A garota lembra observações desconcertantes do docente. “Uma vez, ele fez um comentário sobre as pernas de uma colega que estava de short. Ela ficou tão incomodada que nunca mais foi à aula dele de short. Usava somente calça jeans”, revela.

Perdas
Por causa das constantes investidas, um grupo de alunos realizou uma ação no início do ano. O combinado foi de os rapazes irem vestidos de mulher para a aula. “Foi quando conseguimos abrir o diálogo com ele. No semestre seguinte, no entanto, ele voltou com as atitudes machistas”, reclama. Desqualificação intelectual também faz parte da lista de desvios de conduta do professor. “Em uma das primeiras aulas, ele comentou, de forma irônica, ‘que as mulheres estavam cada vez mais inteligentes’”, lembra a jovem.

Os assédios provocaram perda de rendimento, de acordo com a aluna. “Por causa desse tipo de atitude, as meninas passaram a ficar mais retraídas. As garotas acabavam não se sentindo à vontade nos trabalhos”, detalha. 

Casos como os denunciados são bastante comuns em ambiente universitário, conforme mostra a pesquisa A violência contra a mulher em ambiente acadêmico, do Instituto Avon e DataPopular (leia ilustração). Um dos dados que chamou a atenção foi a de que 27% dos 723 homens entrevistados não consideravam violência abusar de uma garota alcoolizada. O levantamento, divulgado em 3 de dezembro, mostrou que 63% das vítimas não conseguiram reagir ao abuso.

Apesar de os relatos remeterem a diversos semestres, somente após a repercussão da campanha #meuamigosecreto, a direção da faculdade soube dos casos. “É a primeira vez que tomamos conhecimento de caso de assédio envolvendo um professor. Sempre recomendamos que os procedimentos sejam encaminhados de maneira institucional. Tomamos as providências, encaminhamos o processo à Reitoria. Agora, aguardamos a resposta”, explicou o diretor da FAC, professor Fernando Oliveira Paulino. A reportagem ligou para o acusado, mas ele não atendeu às ligações.

Fonte: Maryna Lacerda – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google

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