Caroll Toledo: uma dança que liberta e atrai
praticantes até hoje
Dança do ventre ganha espaço em Brasília e atrai
novas gerações de mulheres interessadas na arte milenar
Com movimentos corporais que marcam as regiões do
ventre e quadril, a dança do ventre retrata os passos da sensualidade feminina.
Originalmente chamada de raks sharki, que quer dizer dança oriental ou dança do
oriente, não se sabe ao certo onde e quando surgiu, mas entende-se que chegou à
atualidade como símbolo de sedução e autonomia. Já que o termo dança oriental
pode se referir a diferentes danças do Oriente, como japonesas e tailandesas, a
raks sharki se espalhou pelo mundo com nomes mais característicos. Nos Estados
Unidos, conhecida como bellydance, chegou à América do Sul como dança do ventre
e conquistou a capital brasileira com passos que representam o poder das
mulheres.
Batidas de quadril, tremidos e ondulações
abdominais são algumas características do estilo. Ao dançar, as bailarinas
trabalham movimentos, expressões, sedução e impõe a espiritualidade e força
feminina. Da roupa que usam até o charme que colocam na coreografia, cada belly
-dancer expressa personalidade e faz com que a dança seja o reflexo de seu
posicionamento como mulher. No mundo árabe, além de dançarem para si, as
mulheres dançam umas para as outras e, por meio da intimidade, transmitem
beleza e liberdade.
Magia, mistério, sensualidade e autoestima são os
principais motivos que levam à prática da dança. Em Brasília, as técnicas de
grandes bailarinas como Samia Gamal, Taheya Karioca, Naima Akef, Fifi Abdo e
Nagwa Fouad, chegaram com a paixão de mulheres que fazem da dança um
instrumento de luta, liberdade de expressão e posicionamento social. Ao
adotarem a dança como parte de si, as brasilienses Amura Zahra, Caroll Toledo e
Dunia viraram algumas das principais bellydancers da capital e, por meio da
precisão dos passos orientais, deixam claro que Brasília é um grande ponto de
encontro cultural.
Capital da dança
“O que mais me encanta na dança do ventre é o fato
de ser uma arte tão diversificada e livre, voltada a todos os tipos de mulheres
e praticada inclusive por homens”, como conta Amura, que é uma das maiores
profissionais do segmento e dona do Zahra Studio. Segundo a bailarina, o número
de praticantes de dança do ventre aumentou consideravelmente dos anos 1990 para
os dias de hoje, o que possibilitou a conquista do reconhecimento merecido
pelas bellydancers.
Para Amura, quando se fala de dança do ventre ainda
há muito respeito a se conquistar, mas vale ressaltar que Brasília abriga uma
grande quantidade de profissionais e que as dançarinas estão cada vez mais
determinadas a mostrar a força do segmento. “São inúmeras as qualidades e os
benefícios trazidos pela prática desta arte milenar”, acrescenta a bailarina.
“A dança do ventre tem um mercado muito maior do
que podemos imaginar, com grandes festivais no Egito, no Brasil, na Europa e na
Argentina”, como explica Dunia, que é professora e bailarina da casa de chá
paulista Khan el Khalili, por mais que a chamada época de ouro da dança do
ventre tenha sido entre os anos 1940 e 1950, ela ainda encanta a muitas
pessoas. Para Dunia, a simplicidade, a espontaneidade, o quadril solto e bem
marcado são o que mais cativa a admiração do público.
Segundo ela, além da grande mudança na autoestima
das pessoas que adotam a dança do ventre, um dos pontos mais interessantes é
que o auge das dançarinas acontece quando alcançam a maturidade pessoal.
“Normalmente, o auge das dançarinas é entre os 30 e 40 anos, pois é a idade em
que a mulher está em um bem-estar dela com ela mesma e sente-se mais segura de
si”, completa a bailarina.
Fonte:
Correio Braziliense