O Museu de Arte de Brasília (MAB) foi inaugurado em
1985 e está fechado desde 2007
Obras iniciadas em 2015 no museu foram suspensas
por causa da crise. O prédio tem futuro indefinido
De todos os equipamentos culturais públicos do
Distrito Federal fechados ao longo da última década por conta da deterioração,
apenas o Espaço Cultural Renato Russo, na 508 Sul, e o Centro de Dança têm
perspectiva de reabertura este ano. Os outros ainda têm futuro
indefinido. Iniciada no ano passado, a obra de reforma do Museu de Arte de
Brasília (MAB) foi suspensa e a do Teatro Nacional, está longe de começar.
A crise
financeira do Governo do Distrito Federal (GDF) em 2015 levou à suspensão da
obra do MAB. A reforma já estava licitada e a empresa contratada chegou a
iniciar os trabalhos. No entanto, a falta de dinheiro, que levou o governo a
atrasar, inclusive, os salários dos servidores públicos, provocou a paralisação
da obra. Os prazos legais do contrato venceram e agora será necessário fazer
uma nova licitação para tocar a reforma.
Inaugurado
em 1985, o MAB conta com 1.360 obras, um acervo que inclui nomes como Beatriz
Milhazes, Tarsila do Amaral e Iberê Camargo. Abrigado por um prédio que já foi
casa de baile e churrascaria, o MAB sempre enfrentou problemas. O prédio chegou
a ser reformado duas vezes, mas com retoques superficiais, quando precisava, na
verdade, de reformulação estrutural. Infiltrações, excesso de luz natural,
reserva técnica inadequada instalada no subsolo do edifício e sujeita à ameaça
de alagamentos sempre estiveram entre os principais problemas da instituição.
Fechado pela última vez em 2007 por recomendação do Ministério Público, o
prédio nunca mais abriu as portas e o acervo foi transferido para a reserva
técnica do Museu Nacional.
O projeto
básico que serviu de ponto de partida para a licitação cujo contrato foi
suspenso e contempla algumas das principais necessidades estruturais do
MAB, mas não a obra completa, que ainda seria detalhada em projeto executivo.
Segundo o secretário de Cultura Guilherme Reis, a Terracap foi convocada para
corrigir alguns pontos do projeto antes de realizar uma nova licitação. “Foram
feitas algumas sugestões de alteração”, explica. “Só que com isso, perdemos
alguns meses, e isso inviabilizou a retomada do contrato com aquela licitação
que foi feita. Legalmente, não podemos mais dar sequência com a mesma empresa e
o mesmo contrato. O custo também não é exatamente o que foi licitado. Daquela
forma, o prédio ficaria pronto, mas não abriria.”
Reis
explica que o orçamento de R$ 3. 245.985,92 do projeto básico seria
insuficiente para tocar a reforma. Segundo Wagner Barja, diretor do Museu
Nacional e guardião do acervo do MAB, sabia-se desde o início que a obra
consumiria cerca de cinco vezes mais. “Esse valor, sempre se soube que
não cobriria, que o orçamento final ficaria entre R$ 12 milhões e R$ 15
milhões”, garante.
Federalização
A
federalização do Museu Nacional é outro ponto polêmico na área de museus em
Brasília. Um projeto de lei que permitia a gestão compartilhada da instituição
com o Ministério da Cultura chegou a circular na Câmara Legislativa. Segundo
Reis, no entanto, o processo está completamente suspenso. A intenção agora é
criar um consórcio público com entes da Federação para facilitar a captação de
recursos, mas a gestão será do GDF. “Vivemos aquela tentativa de federalização
do museu e essa fase está toda superada, zerou esse diálogo. Criamos uma
comissão para estudar que mecanismo viabilizaria a cooperação entre o governo
do DF e o governo federal”, avisa Reis.
A ideia é
aplicar o mesmo sistema à Biblioteca e, eventualmente, à gestão do Teatro
Nacional, fechado desde 2014. “O Teatro Nacional é um caso à parte. O governo
anterior deixou um projeto sofisticado, o teatro merece, mas é muito caro para
o momento econômico brasileiro e mundial. Acho muito difícil que a gente
consiga levantar R$ 220 milhões para fazer aquele projeto”, diz Reis.
A reforma
da 508 Sul está prevista para começar em fevereiro. Deve durar oito meses e
custar em torno de R$ R$ 5.671.514,57, quase 30 milhões a menos do que a
previsão de um orçamento anterior. Além de recuperar o Teatro
Galpão, a reforma vai equipar a Sala Marco Antônio Guimarães e fazer um
isolamento acústico e climático no teto. O Centro de Dança é o único com
reforma iniciada. A previsão é de que a obra seja concluída em novembro. Além
da recuperação das salas de aula, haverá um espaço cênico resultante de
uma sala encontrada atrás de uma laje durante o processo de reestruturação do
prédio.
Fonte:
Nahima Maciel – (Foto:
Guilherme Henrique Magaldi – Divulgação) – Correio Braziliense