Rômulo Neves - Chefe de gabinete do governador Rodrigo Rollemberg, que deixa o cargo e
migra do PSB para a Rede
O que o
leva a deixar o cargo de chefe de gabinete do governador Rodrigo Rollemberg, um
dos mais próximos do poder no Palácio do Buriti?
Pretendo
ter mais liberdade para comentar o governo, tanto para elogiar as boas
práticas, que são a maioria, quanto para criticar eventuais decisões com que
não concordo. No gabinete, teria dificuldades. Passei um ano longe desse debate
porque é mais difícil comentar o governo estando numa posição tão próxima do
governador. Quando se elogia, dizem que é porque está no governo.
Isso tem
a ver com o seu perfil ou com o fato de você ter pretensões de concorrer nas
próximas eleições?
Ambas as
coisas. É o meu perfil e eu sou candidato em 2018. Mas também porque participar
do debate público ajuda a definir políticas.
Está
rompendo com o governo?
Não. Nem
com o governo, nem com o governador. O PSB vai continuar sendo um partido irmão
da Rede.
E por
que, depois de nove anos no PSB, você decidiu migrar para a Rede?
Para mim,
vida partidária é muito importante. É dentro de um partido que você identifica
aquelas pessoas que vão trabalhar com você num projeto. Isso muitas vezes não é
valorizado por políticos que acham que podem ter uma carreira solo, são os
donos da verdade, os arautos da correção ou da inteligência... Não é como eu
penso. Sem um grupo funcionando e pensando junto e de maneira mais ou menos
coordenada, avalio que não tem jeito de fazer política.
Acha que
o PSB perdeu o rumo com a morte de Eduardo Campos?
Não era
fácil, mesmo para o Eduardo Campos, dar um norte para o PSB, que acabou ficando
bem inconsistente conceitualmente, mas com a morte dele isso se aprofundou. Na
Câmara Federal, a gente tem uma variedade nas votações que é maior do que em
outros partidos e isso denota uma inconsistência. E a aproximação um pouco com
o Alckmin, eventualmente com uma ligação diferente da que almejo para 2018...
Essas coisas mostram, sim, que há uma dificuldade no PSB.
Na Rede
será diferente?
Nada me
garante que será diferente, que será melhor, mas a proposta atual é de que na
Rede será mais democrático, mais horizontal. E hoje avalio que a melhor
candidata à Presidência é a Marina Silva. Então, para mim, é muito confortável
ir para a Rede.
Acha que
a Rede terá candidato próprio ao governo em 2018?
A
tendência é se manter na chapa do Rodrigo, ser um partido da base. A Luzia (de
Paula), o Cláudio (Abrantes) e o Chico (Leite) têm um pensamento muito próximo
do pensamento do governador nas principais questões. Agora, isso depende um
pouco do tipo de coligação que o governo vai fazer e dos resultados do governo.
Se o PSB lançar o hoje governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, à Presidência
da República, a Rede, com a Marina Silva, não vai buscar um palanque no DF em
2018? Essa é uma opção, é um risco.
Se
pudesse apontar duas áreas que precisam melhorar no governo, quais seriam?
Muitas
áreas precisam melhorar, mas as áreas cujos resultados afetam mais a população
são saúde e mobilidade. São cruciais.
Pode
apontar alguma falha do governador na condução do governo?
É muito
difícil, saindo do governo, apontar falhas do governador. Mas eu diria que há
fragilidades, que são uma combinação da estrutura e das próprias
características do governo. Precisa ter mais clareza das prioridade do governo.
Mais clareza vai ajudar os atores a se posicionarem e a população a entender os
objetivos do governo.
Depois de
um ano e um mês no governo, pode me dizer quais são as prioridades?
Tenho as
avaliações das prioridades, mas não sei se são as avaliações do governo. É
preciso fazer um processo de ajustamento da gestão da saúde, estabelecer um
projeto de desenvolvimento para a cidade para superar a crise, estabelecer um
sistema de mobilidade que responda aos anseios da população e colocar a
economia nos trilhos. Para mim, são as principais. Acho que o governo concorda,
mas isso não está muito claro.
Fonte:Ana
Maria Campos – Coluna “Eixo Capital – Foto:Rodrigo Nunes- Esp./CB/D.A.Press –
Correio Braziliense