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#ELEIÇÕES2016 » Lideranças do DF miram no Entorno

Vista geral de Valparaíso: município goiano deve protagonizar uma das disputas mais acirradas para a prefeitura local, pois o PSDB investe para acabar com a hegemonia do PT

Disputa nos municípios vizinhos mobiliza os principais partidos da capital federal, interessados em quem deve comandar as prefeituras na próxima legislatura. Lentidão e falhas no recadastramento biométrico provocam revolta na população

Enquanto os políticos goianos se movimentam para disputar as eleições no Entorno, a população dos municípios vizinhos à capital federal enfrenta enormes filas para votar em outubro. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) recadastra os eleitores de 98 localidades, várias delas no Entorno; por isso, muitos cidadãos dormem na fila para atualizar o Título de Eleitor. O prazo acaba no fim do mês, mas, em algumas cidades, apenas 30% dos eleitores se recadastraram. Não haverá eleições no Distrito Federal neste ano, mas as lideranças partidárias de Brasília estão engajadas na corrida eleitoral na região.

Uma das disputas mais acirradas deve ocorrer em Valparaíso, atualmente sob o comando do PT, com a prefeita Lucimar Nascimento. O PSDB, partido do governador de Goiás, Marconi Perillo, quer acabar com a hegemonia petista no município. “Vou trabalhar pelos nossos candidatos do Entorno com o mesmo empenho que daria à minha própria candidatura”, conta o presidente do PSDB-DF, deputado federal Izalci Lucas. “Conversei com o governador Perillo e com os deputados federais do PSDB de Goiás e me comprometi a dar total apoio”, acrescenta. Ele diz que, com a janela para troca partidária que será aberta a partir de 18 de fevereiro, o PSDB tentará trazer mais potenciais candidatos para o partido.

O presidente do PDT no DF, Georges Michel, revela que a sigla acompanha com atenção a movimentação eleitoral nos municípios vizinhos ao DF. “O trabalho é conduzido pelo PDT de Goiás, mas também estamos empenhados. Queremos reeleger o prefeito de Santo Antônio do Descoberto, Itamar Lemes, e também estamos trabalhando pela candidatura de Ricardo Viana, em Valparaíso”, explica. Em parceria com os pedetistas de Goiás, ele vai organizar um evento para vereadores e pré-candidatos. “A fundação do partido quer dar uma orientação sobre direito eleitoral aos candidatos, com informações sobre o que é permitido e o que é proibido em uma eleição.”

O tesoureiro do PSB-DF, Daniel Cunha, foi incumbido de acompanhar com atenção o desenrolar da corrida eleitoral no Entorno. Em parceria com a senadora socialista Lúcia Vânia, que comanda o PSB em Goiás, ele tem discutido candidaturas de nomes fortes do partido. “É lógico que damos sugestões e acompanhamos tudo, por conta da proximidade do Entorno com o DF. Como a pressão desses municípios na capital é muito grande, é de interesse do partido e do governador Rodrigo Rollemberg que essas prefeituras sejam comandadas por pessoas dispostas a fazer um trabalho conjunto”, justifica Daniel.
      Espera longa na Justiça Eleitoral de Planaltina de Goiás: cena recorrente
Filas
As eleições de 2016 em algumas cidades goianas devem ser as primeiras com o cadastramento biométrico. Os cartórios eleitorais de Santo Antônio do Descoberto, Planaltina de Goiás e Valparaíso, por exemplo, fazem os registros das impressões digitais dos cidadãos, mas a falta de estrutura causa filas gigantescas.

O Correio esteve em Planaltina de Goiás e encontrou eleitores que dormiram no prédio da Justiça Eleitoral para conseguir uma senha. Na fila de espera para o serviço, muita reclamação e cidadãos impacientes. Alguns aguardavam atendimento havia cinco dias. A contadora Eliane Pereira Costa, 34 anos, chegou ao local às 2h de quarta-feira, mas, até as 13h da última quinta-feira, não havia sido atendida. “Isso é um absurdo, um desrespeito com a população. De madrugada, as famílias dormem aqui, com crianças e idosos. A fila chega até a rua e ficamos sujeitos a assaltos, sem nenhum policiamento por perto”, reclama.

Segundo a dona de casa Idalene Reis Rodrigues, 54 anos, a falta de organização dos funcionários é o principal fator de indignação dos que estão na fila. “Pegamos senha e voltamos no dia seguinte, mas eles estavam atendendo gente que chegou depois. Isso não tem lógica. Se tiver de dormir aqui outro dia, vamos invadir esse lugar”, alega.

O casal Renato Rodrigues Pereira, 24, e Luciene Guedes da Silva, 38, aguardava na fila havia 11h quando conversou com a reportagem. “O sistema cai, e eles não avisam. Ficamos sem saber e muito tensos com medo de voltar a funcionar sem percebermos e perdermos a nossa vez. Ninguém quer voltar para o fim da fila”, diz Renato, com a filha de 1 ano e 6 meses nos braços. A costureira Benilte Pereira Costa, 58, também questiona a justificativa dada pela demora. “Eles não informam nada direito, só dizem com má vontade que o sistema caiu.”

Além disso, há muita desinformação entre os eleitores. Muitos ficam na fila, pois temem multas altas ou o cancelamento do CPF. “Eu só estou aqui porque tenho medo de ter algum problema com o meu CPF, caso não faça o recadastramento. Se fosse por político, eu nunca perderia duas noites de sono”, completa Benilte. Quem se cadastrar depois do prazo, está sujeito a multa de R$ 3,51.

O chefe do Cartório Eleitoral de Planaltina de Goiás, Guilson Netto, pediu ao TRE que dobre o número de máquinas cedidas para o serviço. Na semana passada, a Corte ampliou o horário de atendimento, que será feito também aos sábados. “Pedimos também a prorrogação do prazo para até 31 de março. O atendimento começou há mais de três meses, mas, de outubro a dezembro, quase ninguém compareceu. A maioria deixou para o fim”, revela. Dos 53,6 mil eleitores de Planaltina, só 15,6 mil se recadastraram — o equivalente a 29% do total.

Em Cidade Ocidental, 19 mil dos 36 mil cidadãos aptos a votar ainda não procuraram a Justiça Eleitoral. Em Valparaíso, só 38% dos 72,9 mil eleitores regularizaram a situação. “Estávamos fazendo o atendimento apenas em um turno, mas agora estamos abertos das 8h às 18h, ininterruptamente. Atendemos mais de 600 eleitores por dia”, conta o chefe do cartório da cidade, Alberto Brambila.
"O sistema cai, e eles não avisam. Ficamos sem saber e muito tensos com medo de voltar a funcionar sem percebermos e perdermos a nossa vez. Ninguém quer retornar ao fim da fila”
(Renato Rodrigues Pereira, com a mulher, Luciene Guedes da Silva, e a filha de 1 ano e 6 meses)


Fonte: Helena Mader – Fotos: Ronaldo de Oliveira/CB/D.A.Press – Rodrigo Nunes/Esp-Correio/D.A.Press – Correio Braziliense

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