"O poder
público tem que ir aonde está a população para saber quais são os problemas e
poder resolvê-los" (Renato Santana, governador em exercício)
Avesso aos tecnocratas do governo,
Renato Santana aproveita folga de Rodrigo Rollemberg para cumprir agenda como
interino. Ele diz que só tem uma tarefa a mais na função: assinar decretos. E
afirma que relação com o socialista é muito boa
Governador interino até a próxima segunda-feira, o
número dois do Palácio do Buriti, Renato Santana (PSD), garante que mantém a
agenda de todos os outros dias. Ele está à frente do Executivo local enquanto
Rodrigo Rollemberg (PSB) curte uma folga em Aracaju, e afirma que ganhou apenas
uma tarefa a mais nesse período: assinar os decretos do Diário Oficial do DF.
Desde que chegou ao governo, ele se desentendeu publicamente com Rollemberg,
assumiu algumas administrações regionais e deu pitaco sobre assuntos que não
lhe competiam, como polêmicas com animais do Zoológico de Brasília. O jeito de
trabalhar de Santana desagrada a muitos integrantes do governo, que reclamam da
intromissão em questões técnicas. Ele, no entanto, diz que seguirá com o
perfil: “A receita do sucesso é o trabalho. Estamos na rua o dia inteiro”,
ressalta.
Apesar de afirmar que “tecnocratas” do
GDF deveriam sair dos gabinetes e “arregaçar as mangas”, Santana afirma que não
tem problemas de relacionamento com ninguém do GDF. A crítica partiu após o
falecimento da cunhada, diagnosticada com dengue hemorrágica, e Rollemberg, na
época, classificou a declaração como “desagradável”.
Nos 13 meses de mandato, Santana
respondeu pelo cargo máximo do GDF duas vezes antes. Esta, no entanto, será a
mais longa. Ontem, ele começou o dia em Ceilândia, na base eleitoral dele,
região onde mora. Pela manhã, foi ao Sol Nascente em uma área de risco, alvo de
desobstrução do Estado. Também convocou um técnico do DFTrans para ir ao local:
depois de mais de um ano de gestão, o atual governo não conseguiu cumprir a
promessa de incluir uma linha de ônibus no bairro. “O poder público tem que ir
aonde está a população para saber quais são os problemas e poder resolvê-los”,
discursou.
Na sequência, partiu para cidade
vizinha, Taguatinga, onde esteve na Praça do Bicalho. De lá, saiu com o
compromisso de construir, em um mês, banheiros públicos no espaço. À tarde, ele
se reuniu com representantes do alto escalão do GDF, inclusive o chefe da Casa
Civil e principal secretário do Executivo, Sérgio Sampaio, a fim de tratar da
construção de prédios do programa Minha Casa Minha Vida no Gama.
Atual administrador de Vicente Pires,
ontem, Santana também participou de uma reunião do governo com moradores
daquela cidade. A pauta era a regularização da cidade, e as atuais derrubadas
na região deixaram os moradores arredios. Depois de longa explanação técnica do
GDF, mostrando como se dará a legalização, ele chegou ao encontro para fazer um
discurso político e acalmar os presentes. Chegou depois de o encontro começar e
saiu antes de terminar. Após sua fala, em que destacou os avanços da atual
gestão em Vicente Pires, a população seguiu com questionamentos, mas, ao ir
embora, algumas pessoas pediram até para tirar foto com ele. Apesar da agenda
cheia, no endereço eletrônico oficial do governo não havia qualquer registro
fotográfico do dia do governador em exercício.
Apesar de reconhecer falhas do GDF,
Santana acredita no sucesso do governo. Para ele, um dos principais avanços até
aqui foi a aprovação da lei de desburocratização, que desvincula a emissão de
habite-se e alvará, na Câmara Legislativa. A Secretaria de Economia e
Desenvolvimento Sustentável, comandada por um correligionário de PSD, Arthur
Bernardes, se tornou a responsável pela criação da legislação. No Diário
Oficial de hoje, estará publicada a resposta da Procuradoria-Geral do DF,
assinada por Santana, ao Ministério Público, que considerou as novas normas
inconstitucionais. “Essa lei vai destravar a cidade. A resposta da procuradoria
está muito boa. Acredito que vai convencer o Ministério Público da necessidade
e da legalidade da legislação”, afirma.
Cascol pede mais tempo
A Rede Cascol quer adiar o início da
intervenção administrativa nos postos de combustível do grupo. A empresa pediu
ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) mais 10 dias para
apresentar a lista com os nomes de cinco possíveis administradores — a data
final era até as 18h de hoje. Em nota, a empresa informou que está em contato
com o Cade “para auxiliar o órgão em tudo o que for necessário”. “A Cascol não
vai medir esforços para entregar ao Cade os cinco nomes solicitados, mas está
com dificuldade de encontrar profissionais que atendam aos requisitos, tendo em
vista as especificidades da medida preventiva e do segmento de revenda de
combustíveis a varejo”, alegou, em nota.
Fonte: Matheus Teixeira – Foto: Ed
Alves/CB/D.A.Press – Correio Braziliense