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#TROCASPARTIDáRIAS » PDT fica esvaziado no DF

"Eu mantinha a esperança de que formularíamos um projeto para o Brasil, que não seríamos apenas um apêndice. A minha decisão de sair é porque perdi a esperança de o PDT ser um partido de oposição ao governo atua" (Cristovam Buarque, senador)

Com a confirmação das saídas de Cristovam Buarque e José Antônio Reguffe, a sigla perde força no Congresso Nacional e nas próximas eleições. A presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, não descarta seguir o mesmo caminho

A semana começa agitada para o Partido Democrático Trabalhista (PDT). Os senadores José Antônio Reguffe e Cristovam Buarque, dois dos maiores nomes do partido no Distrito Federal, confirmaram a saída da sigla. Cristovam anunciou que a desfiliação deve ocorrer até quarta-feira. Reguffe ainda não escolheu uma data, mas informou que definira até a próxima sexta-feira. A insatisfação com a diretriz nacional é o principal argumento apontado pelos políticos. Com o esvaziamento do partido no DF, a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, não descarta a hipótese de também deixar o PDT. Todos aproveitarão a janela de um mês para transferências partidárias.

A saída de Reguffe e de Cristovam representa prejuízo ao PDT. Sem os dois, o partido perde força no Congresso Nacional — afinal, serão duas cadeiras a menos no Senado Federal, o que representará menor poder de barganha para a sigla. Outro aspecto negativo é a perda de eleitorado, pois tanto Reguffe quanto Cristovam foram campeões de votos: ambos tiveram mais de 800 mil votos nas eleições que disputaram.

Para o ex-governador do DF, o PDT tornou-se um partido de situação, ao não permitir que ele faça a política na qual acredita. O senador explica que, desde agosto do ano passado, vem mostrando à direção do PDT insatisfação com o apoio ao Partido dos Trabalhadores (PT), mesmo com os sucessivos escândalos. Manteve-se no partido até então por acreditar que a sigla tomasse outro rumo. “Eu mantinha a esperança de que formularíamos um projeto para o Brasil, que não seríamos apenas um apêndice”, reforçou. “A minha decisão de sair é porque perdi a esperança de o PDT ser um partido de oposição ao governo atual.” Após a mudança, Cristovam passará a fazer parte do Partido Popular Socialista (PPS).

Na coluna Eixo Capital de ontem, Reguffe declarou que a saída dele também será por incompatibilidade de pensamentos com o partido. “O PDT está se apequenando. Prefere ter ministério e carguinhos no governo do que oferecer à sociedade brasileira um projeto de país”, disse. O senador acrescentou que, por enquanto, não tem uma nova sigla definida. “Os partidos políticos que deveriam ser um lugar de debate de ideias viraram hoje meros instrumentos de projetos de poder.”

Estopim
Sem os principais nomes do partido, a deputada distrital Celina Leão também estuda a possibilidade de deixar a legenda. “A minha tendência é sair. Posso ficar muito desconfortável com o PDT apoiando o PT”, reconheceu Celina. “Vou ter uma conversa com o meu partido e, depois disso, tomo a minha decisão.” O deputado distrital Joe Valle lamenta a saída dos colegas, mas diz que não pretende deixar o partido. “Acho que é uma perda enorme. Tanto o Cristovam quanto o Reguffe são duas figuras importantes no DF”, lamentou.

Dentro do partido, a saída dos senadores repercutiu mal. O entendimento é de que o apoio ao PT sempre foi claro, inclusive quando Reguffe e Cristovam disputaram as eleições em 2010 e em 2014. Por isso, para o presidente do PDT no DF, Georges Michael, a justificativa apontada como estopim para a saída dos senadores não faz sentido. “O apoio não era novidade para eles. Se o PDT apoiou, tem responsabilidade de governar junto”, argumentou. “Lamento muito a saída dos dois, pelo partido e por eles. Mas o PDT tem raízes e história, não vai morrer. É só um episódio que passará”, concluiu.

Desempenho nas urnas
Reguffe foi eleito com 57,61% dos votos válidos no DF, totalizando 826.576. O número é, inclusive, superior à quantidade de votos recebidos pelo governador do DF, Rodrigo Rollemberg, eleito no segundo turno com 812.036 votos. Cristovam Buarque se elegeu com 37,27% dos votos válidos, o que correspondeu a 833.480.

Perfis - Experiência na carreira
Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque foigovernador do Distrito Federal no período de 1995 a 1998. À época, ele ainda fazia parte do PT. Em 2002, elegeu-se senador e foi convidado pelo então presidente Lula a assumir o posto de ministro da Educação. Dois anos depois, foi demitido pelo ex-presidente por telefone. Em 2011, reelegeu-se senador. Cristovam chegou a se candidatar à Presidência da República, em 2006, pelo PDT.

Formado em jornalismo e em economia, José Antônio Machado Reguffe começou a carreira política elegendo-se deputado distrital para o período 2007-2010. Em 2010, chegou a deputado federal com a maior votação proporcional do Brasil: 18,95% dos votos válidos, ou 266.465. Reguffe venceu as eleições para senador em 2014, com 57.61% dos votos válidos (826.576).


Fonte: Gláucia Chaves – Ana Maria Campos – Flávia Maia – Carlos Vieira/CB/D.A.Press – Correio Braziliense

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