Já chega a quase 5 mil o número de notificações de
casos de microcefalia no país, de acordo com boletim divulgado pelo Ministério
da Saúde na terça-feira. Um dos motivos para a malformação é a contaminação das
gestantes pelo vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo
responsável pela dengue e por outras doenças.
O mundo
está em emergência de saúde pública internacional, decretado pela Organização
Mundial da Saúde. O Brasil havia se colocado em emergência em novembro do ano
passado. O temor das autoridades da OMS é que a epidemia se alastre para a Ásia
e para a África, continentes com as maiores taxas de mulheres grávidas do
planeta.
A
Organização previu que o número de infectados pelo zika no mundo pode chegar a
4 milhões de pessoas. Cerca de um terço desse total estará no Brasil, onde
estão previstas 1,5 milhão de pessoas afetadas. Na maioria dos casos, a
infecção não vai além de manchas na pele, coceira e febre, que podem durar uma
semana. Em outros, porém, pode causar, além da microcefalia, problemas
neurológicos e até a morte. É com esse quadro que o Brasil chega a menos de uma
semana do carnaval, que, como sempre, deve reunir multidões em alguns dos
lugares com as maiores taxas de infecção pelo vírus, como Pernambuco, Bahia e
Rio de Janeiro.
Apesar do
tamanho do problema, o governo não tem conseguido reagir com a velocidade
necessária. O faxinaço realizado há uma semana teve mais valor simbólico do que
prático. Na verdade, as cidades brasileiras, carentes de estrutura de
saneamento básico e de correta destinação para os resíduos, com mais lixões do
que hospitais, são os berçários perfeitos para o Aedes aegypti.
Para a
semana seguinte ao carnaval, no sábado (13/2), o governo pretende mobilizar 220
mil militares, em cerca de 300 cidades, para eliminar os focos do mosquito. A
iniciativa é boa, mas não chegará sequer a 10% dos 5.570 municípios
brasileiros. Em discursos, a presidente Dilma tem citado o problema. Fez isso
na abertura dos trabalhos no Congresso Nacional e, na semana anterior, ao falar
aos membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. O governo,
porém, precisa ir além das palavras, antes que seja tarde demais.
Por: Warner
Bento Filho – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google