Obras do Mané Garrincha aparecem na delação
premiada de Otávio Azevedo
Os ex-governadores do Distrito Federal, José
Roberto Arruda (ex-DEM) e Agnelo Queiroz (PT), estariam na lista de cinco
acusados de receberem propina da construtora Andrade Gutierrez. A informação
foi divulgada pela revista Veja, veiculada no último sábado.
A matéria
afirma que, de acordo com a delação premiada de Otávio Azevedo, ex-presidente
da empresa investigada pela Lava-Jato, os políticos teriam recebido cerca de R$
2 bilhões pela construção do Estádio Nacional Mané Garrincha.
Azevedo,
em seu depoimento à Procuradoria-Geral da República, disse que a “comissão”
seria uma forma de garantir as vantagens da construtora durante as obras para a
preparação da Copa do Mundo de 2014.
A prática
era recorrente, segundo delação de Otávio Azevedo: “Pagar propina por obras do
governo petista (de Lula e Dilma) era regra de qualquer setor, e não uma
anomalia apenas da Petrobras”. A Andrade Gutierrez está entre as empresas
envolvidas na Operação Lava-Jato, que descobriu o cartel de empreiteiras que
dividiam contratos de obras na Petrobras e pagavam comissões ao Partido dos
Trabalhadores (PT). No caso do Mané Garrincha, a empresa de Azevedo dividiu a
responsabilidade da obra com a Via Engenharia.
Sérgio
Cabral (ex-governador do Rio de Janeiro), Eduardo Braga (ex-governador do
Amazonas e atual ministro de Minas e Energia) e o senador Omar Aziz são os três
outros políticos citados por Otávio Azevedo. O delator mencionou ainda Ricardo
Berzoini, ministro da Coordenação Política, como o responsável por receber
propina pelos contratos governamentais. O depoimento indicaria, inclusive, a
tabela de cálculo das “comissões”, que variavam de 1% a 5%. De acordo com a
reportagem, Erenice Guerra, ex-chefe da Casa Civil do ex-presidente Lula e
Antônio Palocci, ex-chefe da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff, também
fariam parte das negociatas.
O estádio
de Brasília é considerado o terceiro mais caro do mundo. Em 2014, um relatório
do Tribunal de Contas do Distrito Federal descobriu indícios que apontavam
irregularidades na obra. Orçado, em um primeiro momento, em R$ 700 milhões, o
valor final do estádio foi de R$ 1,7 bilhão. À época, o documento afirmava que
pelo menos R$ 431 milhões do custo total da empreitada eram superfaturados.
Fonte:
Correio Braziliense – Fotos: Edilson Rodrigues/CB/D.A.Press - Google