Uma das medidas definidas ontem pelo GDF para o
combate à violência no Mané Garrincha é impedir, com base no Estatuto do
Torcedor, as torcidas organizadas de entrarem no estádio
Fla, Flu, GDF, CBF... Correio conta os bastidores
do dia em que o STJD interditou e depois liberou o Mané Garrincha ao menos para
o duelo do tricolor contra o Corinthians. Torcidas serão separadas
O presidente do Superior Tribunal de Justiça
Desportiva (STJD), Caio César Rocha, acata o pedido do procurador-geral, Paulo
Schmitt, e anuncia a interdição do Estádio Mané Garrincha. Era questão de tempo
para que uma pressão do Fluminense, do Flamengo e do Governo do Distrito
Federal — intemediada pela CBF — reabrisse o palco da barbárie do último
domingo, protagonizada pelas organizadas do Palmeiras e do Flamengo. Como
antecipou o site do Correio ontem à noite, a arena candanga está liberada para
receber, ao menos, o clássico do próximo dia 16, entre o tricolor carioca e o
Corinthians, às 20h, pela oitava rodada do Campeonato Brasileiro. Uma reunião
na Secretaria de Segurança Pública do DF definiu que o jogo terá torcidas
separadas.
O
movimento nos bastidores foi intenso na tarde e início da noite de ontem no Rio
e em Brasília. Em entrevista ao Correio, o advogado do Flamengo, Michel Assef,
prometeu uma liminar para assegurar ao clube carioca o direito de receber o São
Paulo no Mané Garrincha no próximo dia 19, pela nona rodada. “O policiamento
era adequado, as normas de segurança foram adequadas. A preocupação do STJD
deveria ser com a torcida. “Interditar estádio, fechar portões, jogo sem
torcida, nada disso resolveu a violência até hoje”, esbravejou Assef.
Nas
Laranjeiras, o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, agiu mais rápido.
Interrompeu o encontro que definiu a negociação do centroavante Fred para o
Atlético-MG e atendeu a reportagem irritado. “Estou numa reunião importantíssima
aqui. Se for sobre a partida em Brasília (Fluminense x Corinthians), já estamos
lutando para que possamos mandar o jogo com o Corinthians aí”. O Correio apurou
que o dirigente entrou em contato com a CBF. Pediu uma mão amiga e foi ajudado.
Um integrante do alto escalão da entidade ligou para o presidente do STJD, Caio
César Rocha, usou o argumento de que a venda dos ingressos para a partida em
Brasília havia começado na segunda-feira e o convenceu a suspender a interdição
até a partida entre Fluminense e Corinthians.
Ontem, a
empresa Meu Bilhete suspendeu a venda dos ingressos para essa partida — eles
estavam sendo comercializados. Até ontem à noite, sete mil bilhetes haviam sido
vendidos. Operadora do jogo, a Roni7 Produção Esportiva promete retomar e
apresentar hoje um Plano de Segurança para o duelo.
Segurança
Enquanto
isso, na sede da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, uma
reunião com a presença da secretária Márcia Alencar; do Chefe do Estado-Maior
da Polícia Militar do DF, Coronel Leonardo José Rodrigues de Sant’Anna; do
coronel Ribas (Casa Militar); e dos adjuntos de Esporte e Turismo Leila Barros
e Jaime Recena, definia o contra-ataque do GDF à interdição do Mané Garrincha.
O
encontro foi uma reação imediata ao despacho do presidente do Superior Tribunal
de Justiça Desportiva (STJD), Caio César Rocha, e ao texto que anunciou a
interdição do Mané Garrincha: “O estádio deve ser mantido fechado até que sejam
apresentadas soluções que garantam a plena segurança dos envolvidos”.
Ao menos
três medidas foram tomadas ontem à tarde: a proibição do acesso da organizada
Mancha Alviverde na arena candanga, a reativação do posto da justiça desportiva
usado na Copa do Mundo de 2014 e a realização de jogos com torcidas separadas a
partir do duelo entre Fluminense e Corinthians, no próximo dia 16.
Além das
três medidas, ficou definida a estratégica de defesa da Secretaria de Esporte e
Turismo para tentar reverter a interdição do Mané Garrincha. Vão ser usados
vídeos que mostram a invasão por parte da torcida Mancha Alviverde à area
destinada às uniformizadas do Flamengo. Além disso, serão encaminhados ao STJD
com a peça de defesa do Flamengo vários pareceres mostrando que o estádio está
de acordo com padrões internacionais, laudos de segurança e a determinação de
que, a partir de agora, o GDF só aceitará a realização de partidas no Mané
Garrincha com torcidas separadas. Além da manutenção da interdição, há risco de
Flamengo e Palmeiras perderam até 10 mandos de jogo ou atuarem com portões
fechados, ou seja, sem a presença de torcedores.
Entenda o
caso
No último
domingo, integrantes de uma organizada do Palmeiras furaram dois bloqueios
policiais no Mané Garrincha e foram à area onde estava posicionada uma
organizada do Flamengo. Os torcedores entraram em conflito e foram apartados
pela Polícia Militar, com sprays de pimenta. Lixeiras, mesas e extintores foram
quebrados, e 21 torcedores palmeirenses foram levados à 5ª DP e liberados em
seguida na briga que deixou um torcedor em estado grave.
Fonte:
Marcos Paulo Lima - Vítor de
Moraes – Foto: Rodrigo Nunes- Esp.CB/Press – Correio Braziliense