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Nova ordem da mobilidade

Ao aprovar com restrições o serviço de transporte individual por aplicativo, a Câmara Legislativa perdeu a chance de fazer história. Nem mesmo os sete meses de discussões e as 93 emendas debatidas no Projeto de Lei nº 777/2015 foram suficientes para que os 24 deputados distritais chegassem ao consenso antes de empurrar para o Executivo local um dos pontos mais críticos do sistema: quantificar e restringir o número de concessões. Até então, a norma aprovada em primeiro turno estabelecia o total de motoristas de empresas como o Uber em 50% da frota de táxi, ou seja, 1,7 mil condutores via aplicativo.

Esse número foi retirado pelo plenário no segundo turno, mas se manteve a previsão de limitar o serviço. Começam aí o retrocesso e a falta de firmeza dos parlamentares. O Uber é uma realidade. Não só em Brasília, mas no mundo. E deveria ser tratado como tal. Uma vez no mercado — e devidamente regulamentado, como fará o governador Rodrigo Rollemberg em até 90 dias —, cabe ao consumidor avaliá-lo. E só há uma maneira de fazer isso: com liberdade. Restringir o sistema é torná-lo mais caro, com menos ofertas de veículos e, consequentemente, ineficiente.

Além do mais, não interferir no mercado é abri-lo para empresas similares ao Uber. Como é sabido, provado e óbvio, nada melhor do que concorrência para que qualquer setor se desenvolva. Exemplos não faltam. Valem não só para o comércio, como para a indústria, a agricultura, o esporte. É assim que os melhores sobrevivem e se desenvolvem. Nessa linha, os respingos alcançam os taxistas. A categoria teme pelo fim do serviço. E tem razão. Mas não enxerga que só depende dela se reinventar a fim de prestar um serviço de melhor qualidade, moderno e capaz de voltar a ser atraente ao consumidor.

A discussão reflete a nova ordem da mobilidade mundial. Em tempos de excesso de veículos nas ruas e de transporte público ineficiente — pelo menos no caso do Distrito Federal —, o serviço de transporte por aplicativo se apresenta como parte da solução para o vaivém da vida moderna. Não se sabe ainda como o GDF driblará o problema deixado pela Câmara Legislativa, mas uma coisa é certa: a situação pede bom senso. Já que a decisão caiu no colo de Rollemberg, agora é a chance de ele fazer história.


Por: Guilherme Goulart – Correio Braziliense – Foto/Ilustração:Blog - Google

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