Mapa divulgado pela Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para projeto de ferrovia
Brasília-Anápolis-Goiânia; círculos vermelhos marcam estações planejadas (Foto:
ANTT/Reprodução)
"Estudos de viabilidade foram
concluídos; não há data para lançar licitação. Obra deve custar R$ 7
bilhões em capital público e privado e durar três anos"
A Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT) divulgou, nesta quinta-feira (2), os estudos de viabilidade
de uma nova ferrovia que pode ligar Brasília e Goiânia até o fim de 2020.
Otimista, o documento prevê mais de 40 milhões de passageiros transportados no
primeiro ano de operação. O custo total do projeto, apelidado na região de
"Transpequi", deve atingir R$ 7 bilhões.
O percurso de 207 quilômetros
seria percorrido a uma velocidade média de 160 km/h, ao custo de R$ 60. O preço
é similar ao praticado pelas empresas de ônibus em viagens expressas, e cerca
de 50% mais alto que a passagem de viagens paradoras.
Pesquisa feita pelo G1 no
site das principais companhias aéreas, na noite desta sexta (3), apontou
tíquetes com valores entre R$ 291 e R$ 2,5 mil. A viagem entre Brasília e Goiânia,
hoje, leva de 45 minutos (em voo direto, descontado o tempo no aeroporto) a 4
horas (de ônibus, com paradas, sem trânsito).
O estudo da ANTT custou R$
5,5 milhões, parcialmente custeados por um contrato com o Banco Mundial, e
aponta viabilidade técnica, econômica, socioambiental a jurídico-legal para o
projeto. Os R$ 7 bilhões serão repartidos entre os governos federal, do Distrito
Federal, de Goiás e parceiros privados.
O formato da parceria será
definido nos próximos meses. Antes, a ANTT deve promover duas reuniões com
investidores para sentir "o risco e o apetite" do mercado, nas
palavras do gerente de Regulação e Outorga da agência, Juliano Samor. Os encontros
acontecem até o fim do mês, em Brasília e Goiânia.
Governadores do DF, Rodrigo
Rollemberg (esq.), e de Goiás, Marconi Perillo (dir), ministro dos Transportes,
Antônio Carlos Rodrigues (centro) e deputada Liliane Roriz (PTB) em reunião
sobre ferrovias de ligação DF-GO (Foto: Thyago Arruda/Divulgação)
"Para projetos dessa
grandeza, é normal que o governo precise investir. Mesmo assim, é um projeto
interessante do ponto de vista econômico e social. Os estudos indicam que há
viabilidade econômica, que ele pode ser interessante aos olhos do investidor",
diz Samor. Segundo ele, não há previsão de "segurar" a licitação até
que a situação econômica do país melhore.
O investimento governamental,
segundo Samor, não precisa ser apresentando na forma de dinheiro vivo. Como
alternativa, o poder público pode abrir mão de impostos, conceder benefícios ou
facilitar a transferência dos terrenos, por exemplo. O estudo apresentado pela
ANTT sugere um prazo de concessão de 30 anos, renováveis por igual período.
Trajeto
O projeto em análise pela ANTT e pelos governos locais prevê estações em Goiânia, Anápolis,Santo Antônio do Descoberto, Águas Lindas e Brasília. A ideia é reformar e revitalizar a Rodoferroviária, que deixou de receber transporte de passageiros e, hoje, abriga apenas órgãos administrativos do governo.
O projeto em análise pela ANTT e pelos governos locais prevê estações em Goiânia, Anápolis,Santo Antônio do Descoberto, Águas Lindas e Brasília. A ideia é reformar e revitalizar a Rodoferroviária, que deixou de receber transporte de passageiros e, hoje, abriga apenas órgãos administrativos do governo.
Os técnicos estudam a
possibilidade de uma sexta estação em Ceilândia,mas o local exato ainda não foi
definido. A ferrovia será construída "do zero", sem aproveitar nenhum
trecho de linha férrea que já exista na região.
O projeto inicial previa o
compartilhamento dos trilhos entre vagões de passageiros e composições de
carga, como forma de ajudar a escoar a produção agrícola da área, mas a ideia
foi abandonada "por enquanto". O mesmo aconteceu com as intenções de
instalar um Trem de Alta Velocidade (TAV), termo que define viagens a mais de
260 km/h.
Detalhes técnicos dos vagões
serão definidos mais claramente na licitação, mas a ANTT diz que o conforto
proporcionado aos passageiros e a performance das máquinas serão
"similares aos dos trens da Europa".
Mateus Rodrigues - Do G1 DF