Por: Severino Francisco
Ouvi vagamente o comentário de que um
flamboaiã estava ameaçado. Espero que não seja aquele do Tribunal de Justiça na
Praça do Buriti, pensei. Mas era ele mesmo. É uma das minhas árvores
preferidas, passo por lá durante várias horas do dia e gosto de mirar o céu sob
a perspectiva do flamboaiã. Já vi a Lua, as estrelas e as nuvens enganchadas em
seus galhos.
Os sucessivos governos adiam problemas graves, mas, árvore em Brasília é um assunto sério. Todos plantam alguma e, se sofrem avarias ou agressões, as autoridades são obrigadas a se pronunciar. Até o TJDFT se manifestou sobre o flamboaiã por meio de nota no site oficial: O TJDFT aguarda laudo da Novacap, que tomou algumas providências de forma a resguardar a segurança das pessoas que transitam pelo local.
O comunicado informa que, nas proximidades, há relatos de pessoas que utilizam a sombra da imensa árvore para descansar. Confirmo: já vi vários trabalhadores tirando uma soneca embaixo do flamboaiã, depois do almoço, sob o risco de a Lua, as estrelas ou as nuvens do parágrafo anterior desabarem sobre suas cabeças.
Engenheiros da Novacap realizaram vistoria no local para verificar as condições do flamboaiã. Na ocasião, informaram do risco, a área foi isolada, a árvore foi escorada de modo a aliviar o peso e os galhos secos foram podados.O TJDFT tomou as providências cabíveis na tentativa de salvar o flamboaiã, atacado por fungos. Uma bióloga foi convocada para fazer um diagnóstico, mas não obteve êxito e será feita uma nova avaliação.
Seria bom se os engenheiros agrônomos Francisco Osanan e Guarany Cabral de Lavor estivessem vivos para cuidar do caso. Tive o privilégio de conviver bastante com o doutor Guarany, sertanejo cearense bravo que cuidou com tal zelo das plantas da cidade, que recebeu o apelido de Pai das árvores. Ele defendia as árvores com destemor, mas tinha fatalismo de sertanejo cearense. Quando chegava à conclusão de que não havia mais nada a fazer, decidia pela derrubada, pois, algumas vezes, as plantas representavam ameaça à segurança dos cidadãos:Não adianta manter uma árvore se ela pode cair, machucar ou matar um adulto ou uma criança.
O flamboaiã, a árvore chamejante, é de Madagascar, mas ganhou plena cidadania candanga ao ser transplantada para os espaços largos da capital modernista. Às vezes, fico devaneando sobre como a presença das árvores mudou a nossa relação com Brasília. Sem elas, talvez não suportaríamos o embate cotidiano com o espaço. Além da sombra e da beleza, as árvores têm uma função importante: ajudam a escorar o céu escancarado de Brasília. Nos deixam menos desamparados.
Estava de carro com a minha filha pela cidade quando passamos por uma alameda de flamboaiãs próximo à W3 Sul. As árvores se derramavam pela pista com todo fulgor. Ela comentou que gostava quando a cidade ficava carregada de flores porque parece que tudo vai dar certo em minha vida. De fato, as flores brasilianas são uma promessa de felicidade.
Os sucessivos governos adiam problemas graves, mas, árvore em Brasília é um assunto sério. Todos plantam alguma e, se sofrem avarias ou agressões, as autoridades são obrigadas a se pronunciar. Até o TJDFT se manifestou sobre o flamboaiã por meio de nota no site oficial: O TJDFT aguarda laudo da Novacap, que tomou algumas providências de forma a resguardar a segurança das pessoas que transitam pelo local.
O comunicado informa que, nas proximidades, há relatos de pessoas que utilizam a sombra da imensa árvore para descansar. Confirmo: já vi vários trabalhadores tirando uma soneca embaixo do flamboaiã, depois do almoço, sob o risco de a Lua, as estrelas ou as nuvens do parágrafo anterior desabarem sobre suas cabeças.
Engenheiros da Novacap realizaram vistoria no local para verificar as condições do flamboaiã. Na ocasião, informaram do risco, a área foi isolada, a árvore foi escorada de modo a aliviar o peso e os galhos secos foram podados.O TJDFT tomou as providências cabíveis na tentativa de salvar o flamboaiã, atacado por fungos. Uma bióloga foi convocada para fazer um diagnóstico, mas não obteve êxito e será feita uma nova avaliação.
Seria bom se os engenheiros agrônomos Francisco Osanan e Guarany Cabral de Lavor estivessem vivos para cuidar do caso. Tive o privilégio de conviver bastante com o doutor Guarany, sertanejo cearense bravo que cuidou com tal zelo das plantas da cidade, que recebeu o apelido de Pai das árvores. Ele defendia as árvores com destemor, mas tinha fatalismo de sertanejo cearense. Quando chegava à conclusão de que não havia mais nada a fazer, decidia pela derrubada, pois, algumas vezes, as plantas representavam ameaça à segurança dos cidadãos:Não adianta manter uma árvore se ela pode cair, machucar ou matar um adulto ou uma criança.
O flamboaiã, a árvore chamejante, é de Madagascar, mas ganhou plena cidadania candanga ao ser transplantada para os espaços largos da capital modernista. Às vezes, fico devaneando sobre como a presença das árvores mudou a nossa relação com Brasília. Sem elas, talvez não suportaríamos o embate cotidiano com o espaço. Além da sombra e da beleza, as árvores têm uma função importante: ajudam a escorar o céu escancarado de Brasília. Nos deixam menos desamparados.
Estava de carro com a minha filha pela cidade quando passamos por uma alameda de flamboaiãs próximo à W3 Sul. As árvores se derramavam pela pista com todo fulgor. Ela comentou que gostava quando a cidade ficava carregada de flores porque parece que tudo vai dar certo em minha vida. De fato, as flores brasilianas são uma promessa de felicidade.
Por: Severino Francisco – Colunista -
Correio Braziliense – Fotos/Ilustração: Blog - Google
Belíssima abordagem. Essa árvorew em frente ao Tribunal de Jusiça é simplesmente linda. E é um prêmio ao nosso olhar, quando em outras pairagens encontramos mais e mais belezas da natureza. Concordo plenamente com o que disse. Sem elas, creio que não resistiríamos às caixas de concreto.
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