As meninas do motoclube Vulcana mostram o tamanho
da participação feminina no setor: área especial para elas no Brasília Capital
Moto Week
Os 300 motoclubes do Distrito Federal têm eventos todos os dias da
semana, durante o ano inteiro. Mas há um período em que eles se tornam
anfitriões de um dos maiores encontros do mundo na área, que chega a mexer com
R$ 44 milhões no comércio da cidade
Eles são “mais do que se imagina e menos do que querem ser”. A frase
dita por um motociclista resume bem o sentimento de toda uma nação amante de
couro preto, ronco forte de motores e muito rock and roll, que movimenta a vida
cultural e financeira da cidade. Só do Distrito Federal são 300 motoclubes.
Existem eventos durante todos os dias da semana, em endereços diferentes. Um
dos coletivos é o Balaios, um dos mais antigos do Brasil. Em Brasília, existe
desde 2003. Hoje, são mais de 500 membros, o que mostra a força do setor na
capital.
Muitos mais estarão nos próximos 10
dias por aqui, com o Brasília Capital Moto Week. O evento é o maior da América
Latina e movimenta milhões de reais. Atrai empresas de grande porte, gente
daqui, de Nova York, do México. A edição deste ano tinha, até ontem, um dia
antes do início do encontro, injetado cerca de R$ 4 milhões para receber o
dobro do público de 2015, de 450 mil pessoas. O evento só prova como o Distrito
Federal e o universo das motos combinam. Segundo o comandante do Balaios na
capital, Fábio Alves de Lima, 32 anos, o setor melhorou de dois anos para cá.
Mesmo fora da época do Moto Week, não falta programação para unir o setor.
“Nós, por exemplo, abrimos a sede toda
segunda-feira. Brincamos que é a ‘segunda insana’. Já começamos a semana
juntos: rola música ao vivo, confraternizamos, fazemos um hambúrguer artesanal.
Vão integrantes de outros motoclubes, ou seja, é bem harmonioso”, explica
Fábio. Tamanhã paixão faz com que o encontro de motociclistas seja o terceiro
maior do mundo. A aposta é grande e a estrutura montada é de impressionar. Tem
açougue, mercado, loja de conveniência, padaria com pão fresquinho todo dia.
Tudo em 150 mil metros quadrados, na Granja do Torto.
Tribo global
Lá, muitos grupos estão acampados desde
o fim do mês passado, à espera de outros tantos que chegarão até o fim de
semana. A expectativa do camping é superar o número do ano passando, quando
cerca de 17 mil pessoas montaram as barracas na área. “Muita gente que não é
motociclista vem também. Eles têm curiosidade. E tudo num clima bem familiar”,
diz o dono do evento, Marco Portinho. Na área, serão oito galpões para receber
os motoclubes e uma rotatividade de 1,5 mil grupos de vários lugares do mundo,
como Canadá, França, Espanha e até da Islândia — visitantes inéditos para a 13ª
edição.
Vale uma explicação: é o primeiro ano
do evento com o nome Brasília Capital Moto Week. Até 2015, era chamado de
Brasília Motocapital. Polêmica e confusão envolveram a troca do slogan. Em
2009, um desentendimento entre os organizadores rachou a sociedade. Um dos
donos alega que patenteou o nome Brasília Motocapital e, por isso, os donos
atuais não poderiam ter usado até o ano passado. Uma decisão judicial de
primeira instância respalda o antigo sócio. “A minha briga é pela marca. Não
poderiam nem usar a variação de nomes como agora”, afirma Roberto Sávio
Guimarães Carvalho. No entanto, o atual dono do evento, Marco Portinho, garante
que ninguém é dono da marca. “É oportunismo. O que ele tem é uma decisão que
nem é de segunda instância.”
Elas mandam
A maior parte do público, claro, é de
motociclistas. Apesar de atrair a atenção de todo tipo de gente, a festa é para
eles, feita por eles. São esperadas até 270 mil motos nos 10 dias de confraternização,
que circularão por todo o Distrito Federal. Em 2015, esses passeios renderam
uma movimentação financeira de R$ 44 milhões na cidade, em bares, hotéis e
similares, destaca a organização do evento. Segundo o diretor do Sindicato de
hotéis, bares e restaurantes do DF (Sindhobar), Tales Furtado, ainda não há uma
contagem para 2016, mas o aumento é garantido. “A quantidade depende de bar
para bar. Há os ligados ao setor, que crescem muito. E tem incremento nas
hospedagem, muita gente de fora. Isso é muito bom para a cidade”, observa.
Tradicionalista, o mundo do
motociclismo não vive sem as mulheres. Tanto que o Brasília Capital Moto Week
terá um lugar dedicado às adeptas. Em um mundo onde as pessoas são livres, mas
escolhem a união para dividir histórias e estradas, as mulheres não ficam
atrás. “A gente vai aonde quer, com quem queremos, na hora que escolhemos”,
resume a empresária Luiza Frazão, 36, membro do motoclube Vulcanas. O grupo é
um dos primeiros do Brasil composto só por mulheres. São mães, estudantes,
trabalhadoras, todas juntas por um amor: a moto.
“Não rodamos muito ultimamente até por
conta das jornadas das meninas, cada uma se dedicando a uma coisa, mas estamos
sempre juntas, uma ajudando a outra. Essa é a essência do motoclube”, conta
Luiza. Paralelamente ao Vulcanas, um outro grupo de mulheres também surgiu no
DF, o Mulher e Moto. “Queremos a liberdade que a moto dá. E aqui não tem
preconceito de cilindradas: vale qualquer uma. Tem esportiva, Bis, 1.300
cilindradas... A gente roda, sai mesmo e não faz só pose pra foto”, garante.
Luiza e cerca de 50 mulheres estarão no Moto Week, em um estande de exposição.
Rede de ajuda
O fisioterapeuta Rafael Brito, 32, é
frequentador assíduo de eventos da categoria. Voltou de férias mais cedo só
para não perder o Moto Week. “Só quem é motociclista entende. É uma sensação de
companheirismo, nós nos sentimos em casa. Será meu segundo ano no evento, mas
sempre participo de encontros de motociclistas. Brasília possui grande
variedade de eventos e pontos de encontros para amantes de moto”, explica. A
preparação para a festa é grande. Rafael participa de grupos em aplicativos de
mensagens para recepcionar outros motociclistas. “Temos grupos no WhatsApp com
pessoas de todo o país. Compartilhamos com pessoas de outras cidades os
melhores caminhos para chegar a Brasília e indicamos os melhores locais para
ficar hospedado”, relata. Ao todo, serão 53 shows musicais, espaço moto kids,
paintball, luta livre, globo da morte, entre outras atrações até 31 de julho.
Rafael Brito compartilha com gente de todo o país
roteiros e dicas para os visitantes aproveitarem o máximo da cidade
O grupo Balaios reúne mais de 500 membros: segunda insana e encontros todos os dias, com direito a hambúrguer
artesanal
Espaço especial
Por conta da força das mulheres nas
edições anteriores, este ano o evento terá uma tenda só para as mulheres, o
Lady Bikers. A área é exclusiva para elas. Terá marcas famosas de sapatos e
acessórios, de bijuterias, maquiadores e cabeleireiros, além de culinária
japonesa. Palestras também estão previstas para atender todas as participantes
do evento.
Brasília Capital Moto Week 2016
De 22 a 31 de julho, no Parque de
Exposições da Granja do Torto.- Hoje, o evento ocorre a partir das 17h.
Nos demais dias, às 8h.-Preço: R$ 30 por dia (1º lote), depois, R$ 40.
Passaporte para todos os dias: R$ 250. - Onde comprar: Loja oficial no
Shopping Boulevard ou na Granja do Torto.
"Motociclistas e garupas em motos não
pagam ingresso."
Fonte: Camila Costa – Fotos:Gustavo Moreno/CB/D.A.Press – Carlos
Moura/CB/D.A.Press – Helio Montferre/CB/D.A. Press – Correio Braziliense