Em apuração: os votos dos técnicos administrativos pesaram na vitória de
Márcia Abrahão
O processo de consulta para escolha da próxima gestão da Universidade de
Brasília (UnB) terminou ontem. A candidata Márcia Abrahão, da Chapa 94, e o
vice, Enrique Huelva, alcançaram a maioria dos votos e ganharam as eleições
ainda no primeiro turno. O resultado contrariou a expectativa de que o pleito
seguisse para uma segunda etapa, entre ela e o candidato à reeleição, Ivan
Camargo, que compunha a Chapa 93 com Sônia Báo como vice. Com a vitória, Márcia
será a primeira mulher a ocupar o cargo.
Os votos dos servidores técnicos administrativos foram os que mais
contribuíram para definir a conquista, que agora segue para validação do
Conselho Universitário (Consuni). A verificação e a contagem dos votos levaram
mais de sete horas. A comemoração de apoiadores da Chapa 94 começou logo na
apuração das cédulas dos técnicos, que deu larga vantagem a Márcia Abrahão.
Foram 1.512 votos, contra 500 para Ivan Camargo.
Entre os professores, o candidato à reeleição foi o mais votado (866),
mas a diferença para a principal adversária se revelou pequena, de pouco mais
de 100 votos. Entre os estudantes, Márcia recebeu 6.136 votos, e Ivan, 4.487.
Ao todo, foram contabilizados mais de 15,4 mil votos válidos.
A vencedora recebeu 8.398, contra 5.853 da Chapa 95. A candidata da
Chapa 93, Denise Bomtempo, e o vice dela, José Manoel Sánchez, ficaram em
terceiro lugar. Eles receberam 1.069 votos no total. Assim como nos dois
pleitos anteriores, a consulta foi paritária, ou seja, o voto de cada segmento
equivale a um terço do resultado. No entanto, para alcançar esse grau de
participação, seria necessário que todos os votantes tivessem comparecido às
urnas (leia Para saber mais).
A maior participação foi verificada entre os técnicos: cerca de 75%
registraram a opinião nas urnas. Aproximadamente 72% dos professores e 24% dos
estudantes prestigiaram o pleito. Denise Bomtempo e Ivan Camargo acompanharam a
contagem durante a manhã e parte da tarde, no Centro Comunitário da UnB. Márcia
Abrahão chegou depois das 15h, quando seus apoiadores comemoravam a vitória
iminente. Após a segunda parcial de votos de estudantes — depois do anúncio dos
números de técnicos e de professores —, era possível dar como certa a vitória
da candidata, baseado no critério de proporcionalidade.
O que pesou para o candidato Ivan Camargo, que esteve à frente da
universidade entre 2012 e este ano, foi a retirada da flexibilização da jornada
dos técnicos para 30 horas semanais pelo Conselho de Administração da
universidade. Uma das principais plataformas de Márcia foi a garantia de que
concederia a flexibilização, principal reivindicação da categoria.
Trabalho
Momentos antes do anúncio oficial da consulta, ela afirmou que as
demandas dos técnicos têm sido relegadas a segundo plano na UnB e que pretende mudar
isso por meio do diálogo, que incluirá todos os segmentos. A candidata
ressaltou ainda que o resultado das urnas é fruto do trabalho árduo durante a
campanha, que começou no início de agosto, mas admitiu que ficou surpresa com a
vitória no primeiro turno. A comunidade acadêmica votou nas últimas terça e
quarta-feira.
Márcia Abrahão é professora do Instituto de Geociências da UnB e foi
decana de Ensino de Graduação durante a gestão de José Geraldo de Sousa, época
em que foi implantado na instituição o Programa de Reestruturação e Expansão
das Universidades Federais (Reuni). Na última consulta para reitor, ela chegou
a disputar o segundo turno com o professor Ivan Camargo. Desta vez, além de
aumentar o número de votos entre os técnicos, ela ganhou entre os estudantes,
que, no pleito anterior, preferiram o outro candidato. O vice, Enrique Huelva,
é professor do Instituto de Letras.
Nas urnas - Confira
o resultado final oficial
Docentes
Chapa 93 202
Chapa 94 750
Chapa 95 866
Estudantes
Chapa 93 538
Chapa 94 6.136
Chapa 95 4.487
Técnicos
Chapa 93 329
Chapa 94 1.512
Chapa 95 500
Brancos 33
Nulos 61
Total de votos válidos: 15.414
Protesto na enfermagem
Enquanto os votos da consulta para reitor da UnB estavam sendo contados, um grupo de estudantes do curso de enfermagem protestou contra o possível término do contrato com a Secretaria de Saúde para o atendimento da Rede Leste, que inclui unidades de saúde de regiões como Paranoá, Itapoã e São Sebastião. Segundo a estudante do 9º semestre de enfermagem Suellen Alves, 21 anos, esses eram campos de estágio historicamente ocupados por alunos da UnB. No entanto, o contrato com o GDF vencerá em março do próximo ano, e eles temem que não seja renovado. Segundo a Secretaria de Comunicação da UnB, o processo de renovação do contrato está em curso. Hoje, os estudantes pretendem ir à Secretaria de Saúde apresentar a reivindicação.
Chapa 93 202
Chapa 94 750
Chapa 95 866
Estudantes
Chapa 93 538
Chapa 94 6.136
Chapa 95 4.487
Técnicos
Chapa 93 329
Chapa 94 1.512
Chapa 95 500
Brancos 33
Nulos 61
Total de votos válidos: 15.414
Protesto na enfermagem
Enquanto os votos da consulta para reitor da UnB estavam sendo contados, um grupo de estudantes do curso de enfermagem protestou contra o possível término do contrato com a Secretaria de Saúde para o atendimento da Rede Leste, que inclui unidades de saúde de regiões como Paranoá, Itapoã e São Sebastião. Segundo a estudante do 9º semestre de enfermagem Suellen Alves, 21 anos, esses eram campos de estágio historicamente ocupados por alunos da UnB. No entanto, o contrato com o GDF vencerá em março do próximo ano, e eles temem que não seja renovado. Segundo a Secretaria de Comunicação da UnB, o processo de renovação do contrato está em curso. Hoje, os estudantes pretendem ir à Secretaria de Saúde apresentar a reivindicação.
Por: Mariana Niederauer - Especial para o Correio
Entrevista: Márcia Abrahão - "Trabalhar para fazer mais com menos"
Primeira mulher a ser eleita para assumir o maior cargo da Universidade
de Brasília (UnB), a professora Márcia Abrahão assumirá a função com uma proposta
de diálogo para a gestão 2016-2020. Acompanhada do vice, Enrique Huelva,
diretor do Instituto de Letras, a dupla enfrentará pela frente o desafio de
atender os diferentes públicos de uma das maiores universidade do país. “Será
uma gestão que abrirá conversas para uma universidade moderna e ágil”, explica
Márcia.
A UnB tem 3.111 servidores e 3.029 professores. Os alunos somam quase 40
mil, divididos entre o Câmpus Darcy Ribeiro, na Asa Norte, e as unidades de
Planaltina, Ceilândia e do Gama. Os técnicos, que contribuíram bastante no
resultado do pleito, buscam a volta da jornada de 30 horas. Os docentes, a
qualificação e menos burocratização dos processos acadêmicos. E os
universitários pleiteiam melhorias na estrutura e na segurança. Como solução, a
nova reitora pretende manter o diálogo e buscar parceiras.
Qual a base da nova gestão para a UnB?
O nome da
chapa é Diálogo para avançar. A justifica é que será uma gestão que abrirá
conversas para uma universidade moderna e ágil. Um dos pontos é o investimento
em tecnologia por meio da integração do sistema de gestão. Durante a campanha
pregamos a busca por uma universidade de excelência acadêmica e inclusiva. A
visão é a UnB como excelência em diversas áreas, como gestão, ensino, relações
interpessoais, ensino e pesquisa.
Quais os problemas prioritários a serem resolvidos na
UnB?
Os três principais são relacionados à gestão. Atualmente, existe uma
quantidade de obras inacabadas, que vamos trabalhar para concluir e entregar
para a comunidade acadêmica. A questão orçamentária é um grande problema. Com a
redução dos últimos tempos, vamos trabalhar para fazer mais com menos. O último
ponto se diz ao funcionamento pleno da instituição nos três turnos — um desafio
a ser enfrentado de imediato. A UnB expandiu e está com diversos cursos
noturnos, e o atendimento interno e externo é majoritariamente no horário
comercial (8h às 17h). Vamos trabalhar para expandir esse atendimento até as
23h.
Como a Reitoria trabalha a questão de atendimento
ao público externo e parcerias?
A UnB deve ser o palco dos grandes debates nacionais e internacionais. A
nossa intenção é atrair essas discussões para dentro do espaço acadêmico,
envolvendo esporte, arte, cultura, educação e demais áreas. Para isso, é
necessário buscar uma relação forte com o governo federal e local. A visão é
que a UnB tem de se abrir também para a iniciativa privada e buscar parcerias
nos projetos. Queremos ser palco da busca de soluções para os problemas do país.
Como pretende atender os problemas dos diferentes
públicos da UnB?
As demandas são muitas. A questão dos técnicos
envolve também o funcionamento pleno da universidade, que dará condições para a
jornada de 30 horas, conforme reivindicado. Com esse horário, eles terão mais
oportunidades para se capacitar. Hoje, cerca de 70% deles têm graduação. Vamos
atuar com os diretores das faculdades para abrir vagas e criar mestrados
dedicados aos técnicos. Em relação aos professores, são os programas de
pós-graduação. A busca é trabalhar com políticas específicas para diferentes
tipos de programas de pós. Outra demanda dos docentes é a simplificação dos
processos administrativos, envolvendo contratos, convênios e compras. Para os
alunos, a preocupação é com a segurança. Vamos dialogar com o GDF para buscar
soluções. Ver também a ampliação da iluminação, que é um problema crônico da
universidade.
Qual é a expectativa para a gestão?
A melhor possível. Conversei com o professor Ivan Camargo, e ele se
colocou à disposição para fazer transição positiva na UnB. Vamos trabalhar em
parceria nessa fase de mudança para garantir o melhor para a comunidade
acadêmica. Destaco que a nossa comunidade é de alto nível. Ela sabe exatamente
da necessidade, assim também como as dificuldades. Vamos construir juntos as
soluções para os problemas da UnB.
Fonte: Thiago Soares – Fotos: Beto Monteiro/Secom-Unb – Marcelo
Ferreira/CB/D.A.Press – Correio Braziliense