TNCS - Sala Martins Pena
Por Jane Godoy,
Projetado por Oscar
Niemeyer, a construção do Teatro Nacional teve início em 30 de julho de 1960,
tendo a estrutura pronta em 30 de janeiro de 1961. A obra ficou parada por
cinco anos, até que a Sala Martins Pena foi concluída em 1966, ficando em
atividades por 10 anos, até que foi fechada para reformas, até que a
finalização e reinauguração do teatro aconteceu em 21 de abril de 1981. Além da
Sala Martins Pena, o teatro tem mais duas: a Villa-Lobos e a menor de todas, a
Alberto Nepomuceno. Nelas, realizavam-se, ao longo de todo o ano, numerosos
atos e representações culturais.
Em seu suntuoso foyer e mezzanino, aconteciam exposições de arte, em
seus mais diversos segmentos. Hoje, infelizmente, o nosso #TNCS - Teatro Nacional
Claudio Santoro faz parte da lista de pontos mortos de Brasília, na qual todas
essas lembranças artísticas e culturais estão enterradas. Sem perspectiva de
ressuscitação, em nome de uma crise sem fim. E o seu estado de deterioração e
abandono segue célere, comprometendo, até mesmo a sua monumental e elaborada
estrutura.
Não consigo passar à sua frente ou na lateral, no Eixo Monumental, sem
voltar meus olhos e meu pensamento para aquela pirâmide que, ao contrário de
suas iguais, lá no Egito, sobrevivem e se impõem historicamente há milhares de
anos. Aí me vem a preocupação quanto ao futuro do nosso teatro, sua deterioração,
o quanto tudo lá dentro deve estar se estragando, não só os equipamentos, como
aparelhos e refletores, poltronas, que antes já estavam puídas e pedindo
outras, carpete e muito, muito mais.
Agora, que perdemos a nossa musa da ópera brasiliense, Asta-Rose
Alcaide, a maior entusiasta e fundadora da Associação Ópera de Brasília que,
além de bailarina clássica no passado, casada com um maestro português, tinha
ouvido absoluto e sempre reclamava da acústica do teatro, que achava péssima e
inadequada, desde que ele foi construído. “Eles não contrataram e nem ouviram
um técnico em acústica para essa sala Villa-Lobos e esses mil e duzentos
lugares” me dizia ela, com aqueles olhos azuis enfurecidos, demonstrando a sua
indignação quanto ao descaso com o principal teatro de Brasília.
No que eu lhe dava toda razão. Hoje, com o teatro lacrado desde o
governo Agnelo Queiroz, em janeiro de 2014, “ainda não concluída por limitações
orçamentárias e por inexistência de priorização governamental quanto ao
assunto” temos que conviver com a sentença de que “não há previsão para a
reabertura do espaço”.
O pior disso tudo é que, em razão da baixa movimentação de pessoas nas
imediações externas do teatro e da ausência de segurança e de fiscalização,
aquela área se tornou ponto frequente para usuários de drogas. Uma temeridade
para quem passa por ali.
Com isso e por causa disso, a desilusão dos brasilienses, idealistas e
amantes da cultura e das artes, vão se desencantando cada vez mais com a
situação, perdendo o entusiasmo e a esperança, diante de total impotência e
impossibilidade de nada poder fazer, a não ser, lamentar.
Fique firme, Teatro Nacional Claudio Santoro. Não sucumba. Quem sabe um
dia poderemos assistir à sua redenção?
Desde menina aprendi a ter esperança e a acreditar que dias melhores
virão. Para nós e para você. Que Asta-Rose Alcaide, lá de cima, interceda por
esse espaço que ela tanto amava e onde tinha cadeira cativa.
(*) Jane Godoy –
Coluna 360 Graus – Foto: Iano Andrade/CB/D.A. Press – Correio Braziliense