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Quer saber onde estão os recursos? - - - (A Câmara Legislativa tem, habitualmente, tomado medidas que implicam despesas, sem apontar receitas, contribuindo para o desequilíbrio econômico do Distrito Federal.)

A Câmara Legislativa tem, habitualmente, tomado medidas que implicam despesas, sem apontar receitas, contribuindo para o desequilíbrio econômico do Distrito Federal. A afirmação, feita pelo governador Rodrigo Rollemberg, veio em resposta à decisão dos deputados distritais que derrubaram, na quinta-feira, o aumento de 25% nas passagens do transporte público de Brasília.

O que, à primeira vista, parece uma queda de braço entre Executivo e Legislativo, normal, nas democracias, esconde de fato uma guerra subterrânea iniciada pela CLDF, catalisada desde que a Polícia Civil, cumprindo mandato de busca e apreensão, vasculhou e apreendeu documentos e computadores em gabinetes da Mesa Diretora da Câmara Legislativa, em setembro último, em meio à Operação Drácon.

Naquela ocasião, todos os membros da Mesa foram afastados de suas funções. Para alguns distritais, principalmente aqueles envolvidos até o último botão do colarinho branco no propinoduto da saúde, a operação teria sido orquestrada pelo atual governador. Para o ex-chefe da Casa Civil e ex-homem forte do governo, Hélio Doyle, “deputados, no Congresso e na Câmara Legislativa, fazem mais negócios do que política. Ou melhor, a política é, para eles, um instrumento para fazer negócios”.

No melhor estilo, matando dois coelhos com uma só cajadada, na mesma sessão extraordinária, que renderá um reforço extra aos próprios salários, os distritais derrubaram também uma decisão do governador que cortava R$ 62,8 milhões da Câmara Legislativa, os quais serviriam para contratar serviços diversos, custear passagens, pagar diárias e outras inutilidades.

Na verdade, depois que descobriram que, nos cofres vazios do GDF, restavam apenas promissórias vencidas e que, portanto, as torneiras do dinheiro fácil dos contribuintes estavam fechadas, acirrou-se a contenda entre a CLDF, obrigada a apertar os cintos e reduzir as mordomias, e o Palácio do Buriti.

Para manter a decisão que tomou para si de ser reconhecido como o governador que não permitiu a quebra de Brasília, Rollemberg tem colecionado inúmeros adversários e críticas, não só perante os políticos locais, mas ante sindicatos, servidores públicos, empresários e outros setores da sociedade, seja por causa da crise econômica e generalizada que herdou, seja por um dúbio comportamento político que tem assumido.

Aliás, governadores por todo o país têm aprendido, na prática, que a realidade do momento os obriga a se distanciarem, o máximo possível, das promessas de campanha. A situação é tão séria que, em alguns casos, o que foi prometido, nos palanques, se tornou agora a antítese do que é necessário e urgente fazer. Transformados em metamorfoses ambulantes, os atuais governadores têm usado, ao máximo, o jogo de cintura para se manterem à tona e não serem tragados com a crise. Muitos, depois de virarem sacos de pancadas, resolveram adotar o velho estilo político da demagogia, atendendo a todos os reclamos do momento, se esquecendo do futuro da população, em primeiro lugar e , em alguns casos, do próprio futuro político, comprometido pela falta de recursos.

A cada ano e a cada crise, vai confirmando o que desde a primeira hora alertamos: a emancipação política da capital, feita para atender a interesses escusos de poucos, em curtíssimo prazo, conduziria Brasília, a capital de todos os brasileiros, para o mesmo beco sem saída  experimentado pela maioria das unidades da Federação. A construção de gigantesca máquina burocrática e política para administrar a cidade retiraria, como de fato ocorreu, recursos preciosos das áreas que realmente necessitam de investimentos, como saúde, educação e segurança.

Não é por outra razão que faltam hoje remédios, atendimento médico adequado e equipamentos de exames clínicos. Não é por outra razão que faltam escolas decentes. Não é por outro motivo que as polícias e os bombeiros estão sucateados. Não à toa a cidade vai tendo sua antiga qualidade de vida depauperada a cada dia.

Por que será que faltam ambulâncias e viaturas policiais, tão essenciais, e sobram carros oficiais de luxo, alguns inclusive blindados? Quer saber onde estão os bilhões de reais pagos pelos contribuintes brasilienses? Pergunte aos políticos de plantão. De fato, não faltam recursos. O orçamento do GDF é um dos mais altos do país. Há, sim, uma superestrutura, erguida artificialmente em 1988, e flagrantemente inócua, sem fiscalização efetiva dos gastos e investimentos, sem planejamento adequado, o que, além da má gestão e da corrupção, sorve o maior quinhão dos recursos públicos. Brasília não merece e não precisa dessa gente que diz representá-la, mas que, na verdade, vive no bem-bom às custas de uma população cada vez mais sofrida, abandonada e miserável.

A frase que foi pronunciada
“Qual a diferença entre o eleitor que usa o voto para atender interesses próprios e  os políticos que usam o cargo para atender interesses próprios?”
(Pergunta de adolescente aprendendo filosofia)




Por Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog: Google

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