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CAIXA DE PANDORA » Investigação pede condenação de cartel

Segundo a investigação do Cade, as irregularidades nas concorrências públicas ocorreram entre 2005 e 2008 - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica recomenda que seis empresas envolvidas em fraudes em licitações em órgãos públicos paguem multa

*Por Ana Viriato  

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) recomendou ontem ao Tribunal Administrativo a condenação de seis empresas acusadas de formação de cartel em licitações para a contratação de terceirizadas de tecnologia da informação em órgãos públicos no Distrito Federal. As fraudes teriam acontecido entre 2005 e 2008, nas gestões dos ex-governadores Joaquim Roriz e José Roberto Arruda (PR) — o valor total dos contratos comprometidos chega a pelo menos R$ 82,6 milhões. Os indícios das irregularidades foram descobertos, no âmbito da Operação Caixa de Pandora, pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e repassados ao órgão.

O Cade não investigou a conduta de agentes públicos no processo. Mas duas empresas — Adler Assessoramento Empresarial e Vertax Redes e Telecomunicações — aparecem como protagonistas no mensalão do DEM e respondem a ações decorrentes da operação.

Segundo os autos, as firmas dividiam igualitariamente as licitações que seriam firmadas com a administração pública. Após decisão conjunta, adotavam estratégias, como a fixação de preços e a cobertura ou a supressão de propostas — o que fizesse a investida da companhia escolhida para vencer o processo seletivo parecer mais vantajosa. As condutas “têm o condão de restringir a livre concorrência e o caráter competitivo de licitações”, aponta o Cade.

O órgão estima que 12 processos de contratação tenham sido fraudados. Entre eles, os estabelecidos com Tribunal de Contas do DF, Sebrae, Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, Banco do Brasil, Conselho da Justiça Federal, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crimes e Caixa Econômica Federal.

As evidências encontradas estão em materiais eletrônicos recolhidos durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão,  da Operação Caixa de Pandora. São e-mails e mensagens que comprovam as irregularidades. Além da Adler e da Vertax, podem ser condenadas a CDT Comunicação de Dados, a Netway Datacom Comércio de Sistemas para Informática, a Rhox Comunicação de Dados e a Tellus Informática e Telecomunicações. O Cade pediu a punição de seis pessoas, entre ex-funcionários e ex-representantes das empresas.

O processo administrativo segue para julgamento pelo tribunal do Cade, responsável pela decisão final. Caso sejam condenadas, as companhias deverão pagar multas que podem atingir até 20% do faturamento bruto no ano anterior ao da instauração do processo. As pessoas físicas envolvidas estão sujeitas ao pagamento de multa de 1% a 20% daquela aplicada à empresa a qual correspondem.

Em outros processos, a Vertax e a Adler aparecem como protagonistas no esquema fraudulento investigado pela Operação Caixa de Pandora, revelado com a divulgação de três vídeos por Durval Barbosa, nos quais agentes públicos recebem dinheiro. Segundo o MPDFT, o conchavo integrado por políticos e pessoas jurídicas direcionava e superfaturava licitações para que as empresas fossem beneficiadas com as altas cifras desembolsadas pelos cofres públicos. A quadrilha, então, distribuía os valores internamente.

Parte da arrecadação, supostamente, serviria para custear a campanha eleitoral de Arruda e Paulo Octávio, além de pagar vantagens indevidas a distritais em troca de apoio político para a estruturação da base aliada do governo na Câmara Legislativa. A outra parcela ia para o bolso dos envolvidos, apontam promotores. Segundo as investigações, porém, a base do conluio trabalhou em outras campanhas. O MPDFT destaca que a Adler integrava o grupo que teria usado recursos públicos no financiamento da campanha de Roriz em 2002. À época, a Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) e o Instituto Candango de Solidariedade (ICS) supostamente foram usados como intermediários no esquema de propina, que celebrava contratos sem licitação com as empresas.


(*) Ana Viriato – Foto: Cade/Divulgação – Correio Braziliense

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Deputados do DF contra a Reforma da Previdência
Seis dos oito deputados federais pelo DF pretendem votar contra a reforma da Previdência quando o assunto entrar na pauta do plenário, daqui a um mês — data marcada pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Augusto Carvalho (SD), Érika Kokay (PT), Roney Nemer (PP), Rogério Rosso (PSD), Alberto Fraga (DEM) e Laerte Bessa (PR) votariam contra se a decisão precisasse ser tomada hoje. Os deputados analisam os possíveis desgastes que a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) poderiam causar a sete meses das eleições. Além da opinião pública, pesa a possibilidade de abastecer o discurso de adversários políticos. “O governo não pode votar essa reforma sem ter os 308 votos. Se colocar em pauta e perder, nós vamos ressuscitar o PT”, avalia o deputado federal Alberto Fraga (DEM).

Em cima do muro
Apenas Izalci Lucas (PSDB) ainda não bateu o martelo sobre como deverá votar. Apesar de o partido ser favorável às mudanças, o tucano afirmou que muitos pontos do texto não são unanimidade dentro da sigla e que a votação está sujeita a mudanças no projeto original. “O PSDB é favorável à reforma da Previdência. Mas não vamos votar de qualquer jeito, qualquer texto. Por isso, não posso dizer se sou contra ou a favor de nada. Eu não conheço o texto”, argumenta.

Divergências internas no PSDB
A falta de consenso dentro do PSDB no DF em relação às eleições de outubro pode terminar na expulsão de alguns caciques do partido. O presidente da legenda na capital federal, deputado federal Izalci Lucas, determinou que os tucanos com cargos no governo abrissem mão das funções ou pedissem licença da sigla até ontem, o que não aconteceu. Agora, terão de enfrentar um processo no Conselho de Ética da sigla, que terá até 90 dias para analisar a situação. Entre os alvos estão a ex-governadora e fundadora da regional do PSDB Maria de Lourdes Abadia, que ocupa a chefia da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos do GDF; Virgílio Neto, subsecretário de Políticas Estratégicas da pasta; e Horácio Lessa, chefe da Assessoria de Gestão Estratégica e Projetos do gabinete da Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh).

“Só estou no governo porque tive autorização”

Número 1 do PSDB-DF, Abadia afirmou que “não está disposta a sair do governo ou pedir licença do partido”. A tucana de alta plumagem lembrou que tem anuência do presidente da Executiva Nacional da legenda para estar à frente da secretaria na gestão de Rollemberg. “Todos têm visto o interesse de Alckmin em manter conversas com o Rodrigo. Só estou no governo porque tive autorização. Não sei de onde Izalci acha que tirou o poder para ignorar isso. Não tenho o que fazer, a não ser esperar a expulsão”, argumentou. A ex-governadora ainda cutucou o adversário: “Não entendo por que Izalci tem sido tão rigoroso. Na campanha de 2014, o diretório determinou a candidatura de Pitiman e ele apoiou Arruda. Ninguém fez nada sobre isso”.




Fonte: Ana Maria Campos – Correio Braziliense

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