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EXECUTIVO » O IPTU da discórdia

Quem vencer a concorrência pública poderá explorar o complexo esportivo por 35 anos: novo edital deve ser lançado nos próximos dias -

Dúvida sobre quem deve arcar com os custos do tributo faz a Terracap suspender licitação do patrimônio esportivo formado pelo Estádio Nacional Mané Garrincha, Ginásio Nilson Nelson e Complexo Aquático Cláudio Coutinho

*Por Flávia Maia » Bruno Lima

A dúvida sobre quem deveria pagar o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) da ArenaFlex fez com que a Terracap suspendesse temporariamente a licitação do patrimônio esportivo formado pelo Estádio Nacional Mané Garrincha, Ginásio Nilson Nelson, Complexo Aquático Cláudio Coutinho e quadras poliesportivas. Ontem, a estatal anunciou que um novo edital será publicado nos próximos dias.

A interrupção foi motivada por questionamentos dos interessados em participar da concorrência pública e recomendações de órgãos de controle como a Controladoria-Geral do DF. A proposta inicial previa que a concessionária vencedora pagasse R$ 5 milhões por ano à Terracap pelo uso do local, além de porcentagem sobre ganhos eventuais. Para tornar o negócio atrativo à iniciativa privada, a estatal tentou reduzir o valor da outorga, deixando a responsabilidade sobre o IPTU para a concessionaria, o que gerou a reação dos interessados — o tributo do complexo esportivo chegou a R$ 957.854,19 em 2017.

Segundo o controlador-geral do DF, Henrique Ziller, a previsão dos gastos gerais da vencedora deverá constar no certame. “O nosso trabalho é prestar recomendações, sugestões que possam tornar o edital consistente. Nesse sentido, surgiu a questão dos tributos. Nós verificamos ser necessária a previsão dos valores pagos, levando em consideração que são significativos e que podem onerar o custo de manutenção”, explicou.

Além dos impostos, não estavam previstos no edital investimentos com a estrutura dos prédios. “Parece-nos serem necessárias também melhorias nas redes de água e esgoto e energia, que não estavam totalmente adequadas ao empreendimento. São questões que têm a ver com a viabilidade economico-financeira e o projeto de engenharia e arquitetura”, detalhou Henrique.

Contrato milionário
O edital para a concessão de serviços do complexo foi lançado em 22 de dezembro e previa 45 dias para a apresentação de propostas. A expectativa inicial era de que o contrato fosse assinado até abril, o que não deve acontecer com a suspensão temporária. A concorrência ainda estipulava à gestão privada a exploração do espaço pelo prazo de 35 anos.

Apenas a estrutura do Mané Garrincha custou R$ 1,6 bilhão — a arena mais cara construída na Copa do Mundo brasileira. A obra está envolvida em diversos escândalos de corrupção e foi alvo de questionamentos pelo Ministério Público de Contas (MPC), Polícia Federal e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que apontaram indícios de superfaturamento na ordem dos R$ 900 milhões. Segundo a Terracap, o deficit anual de todo o ArenaPlex é de R$ 10,6 milhões. No ano passado, o governo arrecadou R$ 2,4 milhões alugando o espaço, mas teve que desembolsar R$ 13 milhões com manutenção.

Polêmica
Embora o certame esteja paralisado, a Terracap ainda não se manifestou sobre quem deve pagar o tributo — se a estatal ou se a empresa ganhadora da concessão. Atualmente, é a Terracap que paga o imposto. Há entendimento no Supremo Tribunal Federal de que a concessão compõe uma operação com o privado e que, portanto, tem finalidade lucrativa e cabe ao concessionário o pagamento do tributo.


(*) Flávia Maia » Bruno Lima – Foto: Breno Fortes/CB/D.A.Press – Correio Braziliense

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