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Quer saber seu futuro? Pesquise antes de votar


Quer saber seu futuro? Pesquise antes de votar

*Por Circe Cunha

É preciso reconhecer um fato: de uma década para cá, aprendemos muito mais sobre nossa República e sobre o funcionamento cambaleante de nossas instituições públicas do que nos últimos 120 de nossa história. E isso se deve, além do esforço de muitos brasileiros em implantar processos de transparência na gestão da máquina administrativa, ao trabalho da imprensa, reforçada hoje pela difusão das mídias sociais.

Em se tratando de malversação do dinheiro do pagador de impostos, o que temos aprendido até agora é que a condição essencial para o cometimento de seguidos atos de corrupção, além da abstinência total de princípios éticos, é o silêncio obsequioso por parte dos envolvidos, extraindo toda a verdade em torno do crime, escondendo o cadáver e apagando rastros. Mas nem sempre isso é possível.

No nosso caso, em que a ficção tem ficado muito aquém da realidade cotidiana, esconder as provas de um ilícito aos olhos da população brasiliense tem sido tarefa árdua quando o que se tem em mãos é verdadeira montanha ciclópica. Esse fato é justamente o que ocorre com o Estádio Mané Garrincha e com o Centro Administrativo (Centrad), chamado de Buritinga.

Esconder dos cidadãos esses genuínos elefantes brancos, que, juntos, sorveram compulsoriamente R$ 3 bilhões dos contribuintes, é tão inútil como dar-lhes utilidade apropriada às reais necessidades da população. Obviamente que os recursos torrados de forma insana nesses mostrengos não retornarão jamais aos cofres públicos. Boa parte deles, inclusive, foi parar no fundo da algibeira de muitos gestores ladinos.

Aos contribuintes ficaram, além do presente de grego sem valia, os prejuízos de monta. No caso do estádio fantasma, com 72 mil cadeiras vermelhas, erguido a custo astronômico de R$ 1,6 bilhão, o valor gasto de forma superfaturada daria para construir uma dezena de hospitais de ponta por todo o Distrito Federal. Evitaria também o prejuízo anual de mais de R$ 6,4 milhões com a manutenção.

O estádio, de longe o mais caro da Copa fatídica, é hoje um estorvo que o governo se esforça, ao limite, para empurrar para a iniciativa privada e um marco em concreto armado à desgovernança e ao mau uso do dinheiro público. Com a arquitetura pouco inspirada e desrespeitosa ao entorno imediato, o estádio obsoleto restará como lembrança ruim, usando indecorosamente o nome de Garrincha, o anjo das pernas tortas.

Também o Buritinga, gigante inútil que ocupa um terreno de 182 mil metros quadrados, construído para abrigar mais de 13 mil servidores do GDF, sozinho, consumiu mais de R$ 1 bilhão e entrou na mira das preocupações do atual governo, que estuda a possibilidade de anular o acordo com a concessionária da obra.

Pelo andamento do processo, não será surpresa que venha a ser descartado também, vindo a se juntar ao conjunto de obras desnecessárias e suspeitas, cuja finalidade maior sempre foi carrear recursos públicos para os mesmos grupos políticos que há décadas infelicitam e desconsideram a população. Os mesmos que agora ensaiam voltar ao Buriti repaginados.

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A frase que foi pronunciada
“Nasci para vencer três males extremos: a tirania, os sofismas e a hipocrisia.”
(Giovanni Domenico Campanella, Paris, 1689)


(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google


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