Movimentação
do governador não é vista com bons olhos por políticos locais. Segundo
assessoria, relação com Alckmin e Freire já existia
No xadrez
político, tem causado desconforto a estratégia do governador Rodrigo
Rollemberg (PSB) de tentar conquistar apoio das lideranças nacionais dos
partidos com os quais não possui bom relacionamento em nível local. Com as
siglas que o ajudaram a se eleger, mas se distanciaram nos últimos três anos, o
socialista adota outro método: ele tem mantido a aliança de alguns
filiados, provocando embaraço nos diretórios regionais.
É o caso
do PSD-DF, partido do vice-governador Renato Santana e capitaneado pelo
deputado federal Rogério Rosso. Embora a legenda tenha deixado Rollemberg, o
deputado distrital Cristiano Araújo mantém posicionamento a favor do chefe do
Executivo local. O governador, pré-candidato à reeleição, também causou uma
ruptura no PSDB-DF ao nomear para o GDF personalidades como a ex-governadora
Maria de Lourdes Abadia.
O último encontro noticiado entre Rollemberg e o chefe de outra
sigla foi com o presidente do PPS, Roberto Freire, na segunda-feira (26/2).
Na expectativa de um entendimento nacional entre o PSDB e o
PSB, o governador do Distrito Federal também tem se aproximado do
presidenciável tucano e governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Ao Metrópoles,
o presidente do PPS-DF, Francisco Andrade, disse não haver intenção
de construir um projeto ao lado do PSB-DF. “Nada indica ou sugere que a
gente vai firmar aliança com o PSB”, pontua.
Chico conta que o governador chegou a convidá-lo
para uma conversa, mas ele descartou o encontro. “Ele ligou para mim nesta
semana. Muito respeitosamente, eu disse que, se for para falar do governo, nós
queremos; mas de eleição nós não vamos, pois somos oposição”, relata.
Antipatia
À frente do PSDB-DF, Izalci Lucas acredita que, ao utilizar a tática de aproximação dos caciques e da desestruturação dos partidos, o chefe do Executivo tem acirrado a rejeição entre os políticos brasilienses. “Isso traz mais antipatia, fica ainda mais claro o jeito como ele age: de uma forma não republicana”, dispara.
À frente do PSDB-DF, Izalci Lucas acredita que, ao utilizar a tática de aproximação dos caciques e da desestruturação dos partidos, o chefe do Executivo tem acirrado a rejeição entre os políticos brasilienses. “Isso traz mais antipatia, fica ainda mais claro o jeito como ele age: de uma forma não republicana”, dispara.
Renato
Santana também desfere críticas ao ex-aliado, mas ainda companheiro de governo.
“Não custa nada tentar. O deselegante é ciscar no quintal do vizinho e bagunçar
o coreto sem ser convidado”, afirma. Ele destaca que o “respeito com as
lideranças locais é salutar e de bom grado”.
Segundo
influente político do Distrito Federal que ocupou cadeira no Palácio do
Buriti – mas pediu para ter o nome preservado –, Rollemberg tem nutrido
“rancor” nos bastidores. “No lugar de ter interlocução partidária, ele faz a
cooptação de uma pessoa do partido, deixando-a afunilada”, relata.
“Tem legenda em que ele ignorou o presidente e
teve locução direta com os deputados filiados, e agora quer se aproximar
novamente. Isso aconteceu com o PV, com o Pros e até com o PRB, que está com o
pé fora do governo”, disse.
Presidente
do PRB-DF, Wanderley Tavares avalia que a estratégia pode não
ter sucesso. “Mesmo que consiga um apoio vindo de cima para baixo,
numa situação dessas você não vai ter 100% do engajamento do partido”, opina.
Sobre o elo com o PSB-DF para a eleição de 2018, Wanderley disse não haver
ainda um posicionamento. “O que decidimos: nós temos um grupo de partidos que
se uniu em prol da nominata federal. Esse grupo, unido, vai, lá na frente,
decidir o que vai fazer”, despista.
O
“difícil” convencimento
O advogado eleitoral e comentarista político Emerson Masullo acredita que a estratégia de Rollemberg tem riscos, mas a possibilidade de dar os resultados esperados não é nula. Ele pondera que os políticos com proeminência nacional devem colocar na balança se vale a pena convencer os correligionários brasilienses a dar o apoio até então repelido.
O advogado eleitoral e comentarista político Emerson Masullo acredita que a estratégia de Rollemberg tem riscos, mas a possibilidade de dar os resultados esperados não é nula. Ele pondera que os políticos com proeminência nacional devem colocar na balança se vale a pena convencer os correligionários brasilienses a dar o apoio até então repelido.
Para o especialista, a movimentação do governador
traduz uma dificuldade de articulação política local. “É uma estratégia que se
baseia no fato de o líder de outro estado se convencer a se inserir na base
partidária de outra unidade da Federação e, ainda, convencer os líderes a mudar
de opinião e dar o apoio. Isso gera um perigo de rachadura na base“,
pontua.
O outro
lado
Sobre a manutenção de associados de agremiações que deixaram a base, o presidente do PSB-DF, Tiago Coelho, defende tratar-se de um modelo de fazer política diferente do tradicional. “O fato de se ter pessoas de partidos que já declararam independência mostra que o que importa são os quadros técnicos. Isso demonstra o compromisso do governo de fazer uma construção não de poder, mas de cidades”, explica.
Sobre a manutenção de associados de agremiações que deixaram a base, o presidente do PSB-DF, Tiago Coelho, defende tratar-se de um modelo de fazer política diferente do tradicional. “O fato de se ter pessoas de partidos que já declararam independência mostra que o que importa são os quadros técnicos. Isso demonstra o compromisso do governo de fazer uma construção não de poder, mas de cidades”, explica.
De acordo
com o socialista, o diálogo com as outras siglas tem sido feito no
cenário local e nacional. “A estratégia sempre existiu. O que acontece
agora é o momento de discussão programática e a retomada do diálogo em relação
ao pleito que está próximo”, diz.
A Secretaria de Comunicação do Distrito Federal
disse que Rollemberg, “desde o começo do seu mandato”, tem estabelecido
relações diretas com as lideranças nacionais, ministros, governadores e
inclusive com os dois presidentes da República com quem conviveu.
Segundo a pasta, a aproximação com outros chefes de
Estado começou no início do ano passado, com as reuniões do Fórum Permanente de
Governadores sediadas na Residência Oficial de Águas Claras.
“Ele se
aproximou muito do Alckmin porque boa parte das medidas adotadas pelo governo
federal – como a renegociação da dívida dos estados – beneficiaram
muito a São Paulo. O Freire é amigo histórico, sempre foram do mesmo campo de
centro-esquerda, desde os tempos em que ele [Rollemberg] era deputado distrital
e depois federal”, sustenta a secretaria.
(*) Isadora Teixeira – Foto: Rafaela Felicciano – Metrópoles