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Para onde vai a educação? - (UnB)

Para onde vai a educação?

*Por Circe Cunha

No domingo, o caderno Cidades, do Correio Braziliense, estampou em sua manchete, sob o título “Para onde vai a UnB”, a questão da crise que assola a principal universidade de Brasília. Posta em números, a questão do deficit nas finanças da instituição por conta no aumento do custeio de R$ 800 milhões, verificado a partir de 2013, para o atual R$ 1,4521 bilhão, poderia ter equacionamento mais racional, já que as receitas no mesmo período variaram para cima, indo de R$ 1,2 bilhão para R$ 1,7 bilhão.

O prestigiado Departamento de Economia, por onde vagueiam cérebros treinados e aparentemente ociosos nas artes do balanço contábil, poderia se debruçar sobre o assunto e, nesse caso, não surpreenderia se a UnB viesse a constatar a existência de inúmeras saídas sensatas para o vermelho nas contas, sem a necessidade de empurrar a instituição ladeira abaixo no quesito respeitabilidade pública, item importantíssimo quando se trata de um centro de estudo e pesquisa, vital para o desenvolvimento da sociedade.

Só que, por trás desse pano, aparentemente atropelado por números, se esconde um problema muito maior até que a própria instituição e que, nestes dias conturbados, vem permeando não só as instituições de ensino público em todo o país, mas a própria estrutura organizacional do Estado, colocando em risco a sustentação do principal pilar que escora a República.

Para além de uma crise financeira, o que a UnB e outras universidades do gênero vêm experimentando na pele decorre da corrosão provocada pela ausência do cimento da ética, o que tem levado a nação ao mergulho no seu mais tenebroso momento. É sob a esteira desse imenso triturador de moral que foi ardilosamente organizado, no andar de cima do governo e que tem levado dirigentes importantes a conhecer, por dentro, o sistema carcerário, que a UnB vê seu antigo prestígio sendo levado aos poucos de roldão.

Mesmo as questões relativas aos debates ideológicos, tão necessários numa casa do saber, perdem importância e substância filosóficas e racionais quando se assiste a cada dia a transformação dessa universidade num ambiente em que a erudição e o saber perderam espaço para hostilidades primitivas que, ao fim e ao cabo, revelam o despreparo intelectual de professores e alunos, com muitas exceções, para os grandes debates nacionais, acabando também por colocar a instituição na mesma vala comum em que hoje jazem as principais lideranças do país.

Permitir, nessa altura dos acontecimentos, que a UnB adentre atalhos rumo a uma anacrônica revolução gramsciana, visando à hegemonia do pensamento como demonstra a apatia cúmplice de sua reitoria frente à crise, é decretar a morte da instituição e confiná-la embalsamada no mesmo mausoléu de vidro onde repousa hoje a figura sinistra de cera de Lenin.

Para os pagadores de impostos, já demasiadamente arrochados pelo fisco, interessa uma instituição que possa pensar e apontar caminhos para o país. É justamente em prol dos muitos que jamais terão oportunidade de acesso a esse time de elite que a UnB tem que trabalhar, pondo suas tropas bem formadas em campo.

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A frase que foi pronunciada
“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”
(Paulo Freire)

Incompreensível
»Eucaliptos italianos que davam graça à paisagem da entrada do Pontão e que ficavam na pista oposta foram todos derrubados

Gana
»O parque que era cercado na entrada do Lago Norte já não tem limites. É fácil a Câmara Legislativa mudar a destinação de um parque para moradia. Principalmente se a população interessada não ficar de olho ou não reagir.

Preleção
»Na Pizzaria Dom Bosco, da Asa Sul, uma discussão sobre política terminou dizendo que tinham que acabar com o Congresso. O orador deve ter esquecido que quem faz as leis recebeu voto da população. Com uma urna segura, a escolha pode mudar.

Mais uma
»Um dos balconistas da Dom Bosco, o William, Marcão ou Rodrigo perguntou. “Já reparou que as leis de arrecadação são certinhas? Água, Luz, IPTU, IPVA, até as multas de trânsito funcionam?” Já os investimentos na saúde, educação, transporte e segurança não seguem a mesma rigidez.


(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto: Bento Viana - Ilustração: Blog - Google


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