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ELEIÇÕES 2018 » Em defesa da ficha limpa Candidatos pelo DF, o distrital Chico Leite, e Cristovam Buarque


"O Brasil precisa de uma regulamentação para a flexibilização dos direitos dos trabalhadores e do contrato laboral. A legislação é antiga e precisa ser atualizada, mas não podemos quebrar direitos" - (Chico Leite, candidato da Rede)

Candidatos pelo DF, o distrital Chico Leite, que tenta o primeiro mandato como senador, e Cristovam Buarque, que busca a reeleição no Senado, falam em mais transparência, mas divergem sobre a diminuição da maioridade penal

*Por Cézar Feitoza » Luiz Calcagno

Temas espinhosos como aborto, redução da maioridade penal e reforma da Previdência marcaram as entrevistas dos candidatos ao Senado Chico Leite (Rede) e Cristovam Buarque (PPS) ao Correio Braziliense. Nas conversas transmitidas ao vivo pelas redes sociais na tarde de ontem, os políticos também falaram sobre os projetos que pretendem transformar em lei, caso vençam a disputa. Exigência da ficha limpa para todos os cargos públicos e a adoção de escolas municipais pelo governo federal estão entre as propostas. Cada um dos entrevistados se manteve, porém, em sua zona de conforto ao apresentar as ideias. Chico Leite destacou sua carreira como promotor de Justiça, enquanto Cristovam falou na “obsessão” pela educação.

O deputado distrital Chico Leite foi o primeiro entrevistado. Ele tem 16 anos de vida parlamentar na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Em suas quatro legislaturas, integrou o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), passando pelo Partido dos Trabalhadores (PT) até se filiar, em 2015, à Rede Sustentabilidade, na tentativa de angariar a primeira vaga da sigla no Senado pelo DF. Procurador de Justiça licenciado, o candidato tem como principal bandeira a promoção da transparência e da lisura dos processos de escolha dos servidores públicos. “Quero também levar à Constituição Federal o que fizemos em 2012 no Distrito Federal, que é exigir ficha limpa de todo aquele que exercer função em cargo público”, propõe Chico Leite.
"Vou votar trazendo uma reforma que quebre privilégios e que garanta sustentabilidade. Temos que pensar em um sistema que atenda os meninos que estão nascendo hoje" - (Cristovam Buarque, candidato pelo PPS)

“Quero que o caminho do dinheiro, do orçamento até a saúde, educação e segurança, seja aberto na internet para que todo o cidadão possa fiscalizar”, completa o candidato da Rede. Ele acredita que a transparência pode dar a independência parlamentar, porque o monitoramento do cidadão suplantará a dependência do partido: “Isso nos garante uma independência para que se valorize as ideias. Eu trabalho com valores”. Nesse sentido, o distrital destacou o aplicativo Siga Brasília, que incorpora os dados do portal da transparência e serviços de saúde pública em um formato diferente.

Em relação ao possível mandato no Senado, o candidato declarou que pretende propor novos debates em relação às reformas da Previdência e Trabalhista: “O Brasil precisa de uma regulamentação para a flexibilização dos direitos dos trabalhadores e do contrato laboral. A legislação é antiga e precisa ser atualizada, mas não podemos quebrar direitos”. Em contraste ao que é debatido no Congresso, Chico Leite é contra a redução da maioridade penal como caminho para a redução da criminalidade ou como resposta para a ressocialização dos menores infratores. “Não resolve a violência a gente transferir o menor do internato para a Papuda. Isso é, na realidade, dar uma resposta simplista à questão da violência, um problema mais profundo, que se relaciona com a educação pública, o cuidado com a família”, diz Chico Leite.

Progressista
Cristovam Buarque (PPS) ocupa o assento do Senado pela capital do país desde 2003. Filiado ao Partido dos Trabalhadores, foi governador do Distrito Federal e ministro da Educação do Governo Lula. Passou, ainda, pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) e hoje está no Partido Popular Socialista (PPS). Em sua carreira como senador, presidiu diversas comissões, como a de Direitos Humanos, a de Legislação Participativa e a de Educação.

Na entrevista ao Correio, Cristovam disse merecer a atenção do eleitorado por ter sido autor de leis como o piso salarial obrigatório para professor do magistério e a obrigatoriedade de vagas na educação pública para crianças a partir dos quatro anos. Entre projetos a emplacar, ele destacou a adoção de escolas municipais pelo Governo Federal e o compromisso com a democracia e com a educação. “Tenho uma folha de serviço que posso mostrar ao povo do Brasil. Sou campeão de aprovação de leis entre todos os senadores desde 1988. E tenho projetos de lei adiante, que serão aprovados nos próximos anos”, garantiu.

Entre os temas espinhosos tocados na entrevista estavam o aborto, a redução da maioridade penal e a reforma da Previdência. No primeiro caso, o senador disse apenas que concorda com a atual posição do Supremo Tribunal Federal. Sobre a maioridade, Cristovam se disse favorável à redução da maioridade em casos específicos, como crimes hediondos. Ele defendeu a reforma previdenciária. “Vou votar trazendo uma reforma que quebre privilégios e que garanta sustentabilidade. Temos que pensar em um sistema que atenda os meninos que estão nascendo hoje”, argumentou.

Cristovam Buarque também afirmou que se houvessem senadores com a mesma preocupação com o tema da educação, ele não tentaria a reeleição. “Eu nem me candidataria. Não preciso de nada do Senado. Não uso carro, terno, nem salário do Senado. Minha vida seria mais cômoda e mais rentável. Não vejo base no senador que queira fazer isso.”


(*)  Cézar Feitoza » Luiz Calcagno - Fotos: Minervino Júnior/CB/D.A.Press Correio Braziliense



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