Ataque e defesa na corrida ao Buriti - O primeiro debate do segundo
turno entre os concorrentes ao Palácio do Buriti teve momentos quentes entre
Ibaneis Rocha (MDB) e Rodrigo Rollemberg (PSB). A hashtag #DebateCorreio
liderou os assuntos mais comentados no DF no Twitter
Durante 1h10, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e Ibaneis Rocha (MDB) se confrontaram diretamente ontem. Os dois participaram do primeiro debate do segundo turno entre os concorrentes ao GDF, promovido pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília. O encontro, que teve momentos de tensão, foi usado para tentar convencer o eleitor e desconstruir o adversário neste reinício da campanha. Entre poucas propostas e muitas farpas, os adversários políticos debateram temas, como mobilidade urbana, educação e saúde. Também responderam perguntas de jornalistas do Correio e fizeram questionamentos entre si. O evento foi transmitido ao vivo pela TV Brasília e pelo Facebook e pelo YouTube do jornal. Em praticamente todo o encontro, a hashtag #DebateCorreio ocupou o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados em Brasília no Twitter.
Ibaneis foi confrontado ao longo de todo o debate
sobre aliados polêmicos na campanha e companheiros de partido, como o
ex-vice-governador Tadeu Filippelli — envolvido no escândalo de
superfaturamento do Estádio Nacional Mané Garrincha — e Júnior Brunelli —
lembrado pela Oração da Propina, um dos episódios mais marcantes da Caixa de Pandora.
Os dois são do MDB e tentaram se eleger a deputado federal e distrital,
respectivamente. Filippelli não foi reeleito, e Brunelli teve o registro negado
pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
A questão foi colocada em pauta, primeiramente, em
pergunta feita por jornalistas do Correio. Como repetiu ao longo da corrida
eleitoral, Ibaneis disse que não pode ser responsabilizado por erros do partido
e de aliados. O advogado garantiu que nenhum desses nomes terá cargo em um
eventual governo. Rollemberg voltou a trazer o tema para o debate em diversos
momentos.
Ibaneis utilizou da mesma estratégia para atacar o
governador. Munido de fotografias em que o chefe do Buriti aparece ao lado de
políticos acusados de corrupção, como o próprio Filippelli, Ibaneis disse que o
governador sofre de memória curta. Ao fim do segundo bloco, mostrou as imagens
ao socialista e questionou: “Está lembrado?”. O episódio ocorreu quando a
mediadora chamava o intervalo comercial.
A segunda parte do debate se revelou a mais
acalorada. Os dois se confrontaram a partir de temas sorteados ao vivo. Ao
comentar sobre invasões, Rollemberg acusou Ibaneis de ser um dos “grileiros
verticais” de Brasília e de ter construído prédios em pontos ilegais.
Mostrando-se preparado e seguro nas respostas, o ex-presidente da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) no DF alegou que as construções estão em processo de
regularização e atribuiu as acusações ao “desespero” do adversário. Ele
alfinetou dizendo que Rollemberg faz parte de família que “nunca precisou
colocar os pés na lama para crescer”.
O governador usou o histórico de Ibaneis como
advogado para rebatê-lo. Lembrou de casos polêmicos em que emedebista atuou,
como a defesa de um dos responsáveis pelo assassinato do índio Galdino para
assumir um cargo na Polícia Civil do DF ao ser aprovado em concurso. O advogado
alertou que é necessário separar a vida na advocacia com a trajetória política
e que não pode ser responsabilizado por crimes de clientes.
Ambos seguiram trocando farpas. O governador acusou
o rival de privilegiar interesses privados em detrimento da população. Ibaneis
chamou de “socialismo invertido” medidas tomadas por Rollemberg, como a
desobstrução da orla do Lago Paranoá.
Elogio e crítica
A ironia também marcou o primeiro debate entre os
candidatos ao GDF. “Você agora deve ter conhecido o Sol Nascente”, provocou
Rollemberg, ao comentar a questão da orla do Paranoá. Quando trataram de
mobilidade urbana, Ibaneis reconheceu avanços nas obras iniciadas pelo governo
e prometeu continuá-las, caso seja eleito. “Vou concluir todos os seus projetos
iniciados nessa área e ainda vou convidá-lo para a inauguração”, afirmou. Mesmo
ao agradecer o adversário, Rollemberg não o poupou. “Fiquei satisfeito que o
candidato quer continuar tudo o que a gente começou. Que bom! Mas, então, deixe
a gente continuar”, respondeu o governador.
Os ataques prosseguiram durante as considerações
finais dos candidatos. Criticado por Rollemberg por denúncia em que o
Ministério Público questiona honorários recebidos por ele de uma Prefeitura
baiana, Ibaneis citou a filha do governador, também advogada, e disse que ela
atuou em muitos processos parecidos.
Ofendido, Rollemberg disse que Ibaneis não deveria
falar sobre familiares e criticou a maneira como o advogado trata mulheres, em
referência ao atrito entre o adversário e Eliana Pedrosa no segundo debate do
Correio, em 3 de outubro. “O senhor tem demonstrado comportamento muito
agressivo em relação às mulheres”, disse. Com o fim das considerações dos
candidatos, o encontro foi encerrado às 19h10.
Duração: 1h10 - Tempo em que o debate ficou no ar ao vivo na TV Brasília e nas redes sociais - Audiência: 90 mil - Total de pessoas que receberam a cobertura ao vivo no feed do Facebook - O próximo debate será em 24 de outubro, às 18h - TV Brasília- NET canais 18 e 518 (HD) e TV Aberta canal 6.1 - Twitter: https://goo.gl/km35ZB , www.facebook. (https://goo.gl/hpGyF9)
Duração: 1h10 - Tempo em que o debate ficou no ar ao vivo na TV Brasília e nas redes sociais - Audiência: 90 mil - Total de pessoas que receberam a cobertura ao vivo no feed do Facebook - O próximo debate será em 24 de outubro, às 18h - TV Brasília- NET canais 18 e 518 (HD) e TV Aberta canal 6.1 - Twitter: https://goo.gl/km35ZB , www.facebook. (https://goo.gl/hpGyF9)
Alexandre
de Paula – Foto: Minervino Junior/CB/D.A.Press – Correio Braziliense
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Encontro esclarecedor
*Por
Severino Francisco
O debate entre os dois candidatos a governador, Rodrigo Rollemberg e
Ibaneis Rocha, promovido pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília, foi
intenso, polêmico e tocou em pontos cruciais que eu tinha curiosidade de saber
ou de me aprofundar. Ibaneis Rocha subiu de maneira fulminante de pouco mais de
2% para 40% das intenções de voto. Fez algumas promessas mirabolantes. Ibaneis
criticou a timidez de Rolllemberg para lidar e enfrentar os problemas de
Brasília, como é o caso da saúde, que, apesar de ter melhorado, permanece um
tormento para grande parte da população.
De sua parte, Ibaneis ficou vulnerável ao ser questionado sobre a
promessa de acabar com a Agefis, a agência de fiscalização do GDF, que tem
jogado duro para evitar que a cidade cresça desordenadamente. É preocupante a
intenção de liberar as construções ilegais quando sabemos que a cidade sofre os
efeitos da grilagem de terras públicas, da especulação imobiliária e da
destruição de nascentes.
Ibaneis chegou a afirmar que pagaria com dinheiro do próprio bolso a
reconstrução das casas derrubadas. É uma proposta surreal. Os questionamentos
de Rollemberg foram importantes para esclarecer que Ibaneis teve como clientes
grileiros do Maranhão e defendeu os garotos que incendiaram o índio Galdino, em
um dos maiores traumas de Brasília. Claro que um advogado tem todo o direito de
defender quem quiser. Mas as escolhas que ele faz são também reveladoras dos
valores que ele pratica: “A sua história é a de um profissional competente, que
topa tudo por dinheiro”, atacou Rollemberg.
Ibaneis é alvo de uma denúncia do Ministério Público Federal por
superfaturamento no recebimento de honorários de mais de R$ 3 milhões de verbas
destinadas exclusivamente à educação. Ibaneis defendeu-se afirmando que tem
direito ao pagamento pelo trabalho que desenvolveu e que fez tudo dentro da
lei. Ibaneis defendeu uma solução negociada, com o pagamento das empresas
construtoras do Centrad, que seria sede do governo em Taguatinga. Envolvido em
denúncias de corrupção, o projeto bilionário nunca foi inaugurado: “Discordo.
Nós observamos o interesse público”, comentou Rollemberg.
O debate promovido pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília
esclareceu fatos, desmistificou promessas inviáveis, esvaziou mentiras
deslavadas e traçou um perfil mais realista dos candidatos. Isso ajuda muito o
eleitor a fazer uma escolha lúcida.
(*) Severino Francisco - Jornalista, Colunista do Correio Braziliense
Estratégias questionadas - Segundo
especialistas ouvidos pelo Correio, candidatos apresentaram poucas propostas e
se concentraram em atacar a vida pessoal um do outro. Ainda segundo os
cientistas políticos, os dois não demonstraram como colocar em prática as
intenções para a cidade
*Por: Isa Stacciarini – Mariana Machado
"Nas escolas, mais da metade dos professores
sofrem violência, e os candidatos enveredaram para discutir a vida pessoal um
do outro"- Creomar de Souza, professor de ciência política e
relações internacionais da Universidade Católica de Brasília (UCB)
"Propostas, de fato, foram poucas, e o
objetivo foi desconstruir ou revelar parte do passado dos candidatos" - (Leandro Gabiati, cientista político e diretor da
Dominium Consultoria)
Marcado por provocações, troca de acusações e dedos em riste, o primeiro debate do segundo turno das eleições entre os concorrentes ao Governo do Distrito Federal (GDF), Rodrigo Rollemberg (PSB) e Ibaneis Rocha (MDB), revirou o passado e a vida pessoal dos candidatos. Para cientistas políticos e historiadores que analisaram o desempenho dos adversários, os postulantes ao Palácio do Buriti se concentraram em fazer campanha negativa um contra o outro, em vez de apresentar propostas efetivas para a melhoria da vida da população do Distrito Federal.
Na visão dos analistas, mesmo quando os candidatos debateram proposições
com temas definidos, no segundo bloco do debate promovido pelo Correio e pela
TV Brasília, eles não demonstraram como colocar em prática as intenções.
Especialista em políticas públicas pela Universidade de Brasília (UnB) e
professor de ciência política, Emerson Masullo analisou pontos positivos, como
a discussão da atuação da Agência de Fiscalização do DF (Agefis); o
investimento em saúde pública; a infraestrutura no transporte público e a
definição do futuro do Centro Administrativo (Centrad).
Mas, segundo ele, faltou discutir soluções para a área de trabalho e
emprego, segurança pública e desenvolvimento econômico. “É importante que as
pessoas saibam a origem de cada candidato e a história deles, mas, ao mesmo
tempo, em maio deste ano, a taxa de desemprego no DF atingiu 20% e estamos
quase liderando os índices de feminicídio, com 23 casos de janeiro até agora.
Nas escolas, mais da metade dos professores sofrem violência, e os candidatos
enveredaram para discutir a vida pessoal um do outro”, reforçou.
Ataques
Professor de ciência política e relações internacionais da Universidade
Católica de Brasília (UCB), Creomar de Souza observou que os ataques
tornaram-se uma estratégia de sobrevivência para cada um. “Salvo alguns
momentos, sobretudo na parte final, os candidatos focaram na campanha negativa
um contra o outro. No entanto, o caminho é mostrar para as pessoas, tanto em
momentos assim, como no corpo a corpo, o que eles (candidatos) têm a oferecer
como resposta aos problemas cotidianos das pessoas”, ressaltou.
Na visão do professor, na medida em que os concorrentes focam o
interesse nos atributos negativos da biografia do opositor, eles deixam de
discutir o que é importante para a população. “O que se demonstra é uma
estratégia no segundo turno de desconstrução do rival e não necessariamente
ofertar soluções para a vida da população”, destacou.
Na visão do cientista político e diretor da Dominium Consultoria,
Leandro Gabiati, nessa altura do campeonato, só um “grave erro” na campanha de
Ibaneis faria com que o atual governador ganhasse as eleições. “Rollemberg
tentará lutar com isso, mas o que favorece o Ibaneis é o clima de mudança. Isso
favoreceu Bolsonaro e, na política local, o pessoal também quer uma figura
supostamente nova”, argumentou.
Na avaliação do especialista, o debate não foi tão agressivo quanto
poderia e, apesar das cutucadas, ambos os candidatos adotaram postura
ponderada. “Propostas de fato foram poucas e o objetivo foi desconstruir ou
revelar parte do passado dos candidatos”, disse em referência à fala de Rodrigo
Rollemberg sobre o relacionamento de Ibaneis com Tadeu Filippelli, presidente
do MDB regional e candidato a deputado federal no primeiro turno, e Júnior
Brunelli, ex-deputado distrital que teve a imagem veiculada à famosa oração da
propina na Operação Caixa de Pandora.
Cientista político, André Felipe Rosa avaliou que, a partir de agora,
até a data das eleições de segundo turno, em 28 de outubro, os candidatos devem
focar nos votos indecisos. “A sugestão é intensificar a ida às ruas, visitar
universidades, sindicatos e grandes centros para investir nos eleitores que
ainda não decidiram em quem votar, além de fazer uma campanha mais direcionada
às redes sociais”, propôs.
Três perguntas para Frederico Tomé, Historiador
e professor de antropologia do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB)
Qual a avaliação do desempenho dos candidatos?
Eles tiveram um desempenho equivalente, muito embora o candidato Ibaneis
Rocha (MDB) tivesse tido tranquilidade em alguns momentos. Os dois começaram no
mesmo tom, mas, no momento de embate direto, elevaram a voz, inclusive com
dedos em riste, e uma ligeira vantagem de segurança ao falar para o candidato
Ibaneis frente ao candidato Rodrigo Rollemberg (PSB).
As propostas ficaram claras ou os candidatos se preocuparam mais com os
embates pessoais?
Faltou a discussão das propostas e da viabilidade delas. A acusação de
ambos os lados ficaram evidentes, no caso do candidato Rodrigo Rollemberg
apontando a vida pregressa e profissional do oponente, e o candidato Ibaneis
Rocha com o foco na inoperância da gestão atual. Isso fez com que as propostas
não viessem a ser discutidas para que a população pudesse, de fato, se
informar. Os candidatos deveriam ter discutido mais os problemas do Distrito
Federal e as soluções possíveis para eles.
Como eles devem se comportar de agora até 28 de outubro caso queiram a
cadeira do Palácio do Buriti?
O candidato Ibaneis Rocha (MDB) leva uma vantagem por ser novato na
política, mas, ao mesmo tempo, ter na sua estrutura partidária, por trás,
políticos tradicionais que garantem a sua candidatura. Mas, além disso, ele
compartilha um número significativo de advogados consigo. Já Rodrigo Rollemberg
enfrentou dificuldades durante seu governo. Apesar disso, é um político de
longa data, mas, comparando-se com as eleições presidenciais e, de maneira
geral, há um rechaço desses políticos tradicionais em razão da visão da
população brasileira de que eles não têm cumprido de maneira devida suas
atribuições. Isso tem a ver com um desgaste político enfrentado desde 2013, o
que faz com que Rodrigo Rollemberg tenha mais dificuldade para enfrentar o seu
oponente.
(*) Isa Stacciarini – Mariana Machado – Fotos: Arthur Menescal/
CB/D.A.Press – Correio Braziliense
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ELEIÇÕES 2018