Na lanterna das eleições - Levantamento
do Correio mostra que 19 dos 946 candidatos a uma cadeira na Câmara Legislativa
tiveram menos de 30 votos. Desse total, 16 são mulheres. Partidos negam que o
lançamento dessas candidaturas seja para cumprir a cota da legislação
*Por Helena Mader
Dona de um quiosque em Samambaia e ex-presidente do
sindicato que representa os comerciantes do setor, Maria de Fátima Azeredo
Oliveira, 62 anos, disputou um mandato de deputada distrital pela segunda
eleição consecutiva. Concorreu pelo MDB, mas teve apenas um voto. A
fisioterapeuta Rita de Cássia Siqueira, 69, também entrou na corrida por uma
cadeira na Câmara Legislativa e recebeu R$ 5 mil do PRTB para a campanha. Mas,
encerrada a votação, o sistema eleitoral apontou que ela conquistou 16 votos
nas urnas. Dos 946 candidatos que disputaram o cargo de distrital neste ano, 19
tiveram menos de 30 votos. Entre eles 16 são mulheres.
Os partidos negam o lançamento de candidaturas de
laranjas ou o registro de mulheres na Justiça Eleitoral só para completar a cota
mínima exigida pela legislação — a lei eleitoral estabelece a necessidade de
que de 30% das candidaturas sejam de pessoas do sexo feminino. As siglas alegam
que esses políticos prometem engajamento, mas, depois do início da corrida
eleitoral, não pedem votos; por isso, terminam com resultados pífios.
A maioria desses concorrentes não declarou receitas
ou despesas durante a campanha, não criou páginas na internet para divulgar
propostas ou saiu às ruas para o corpo a corpo com os eleitores. Mas houve
casos em que as legendas repassaram recursos aos filiados e, ainda assim, eles
tiveram uma votação inexpressiva.
A policial militar Ângela Cristina do Nascimento
Augusto, 54, recebeu R$ 10 mil do PSC para divulgar a candidatura a deputada
distrital. Mas, encerrada a votação, a PM teve 27 votos. Outra que teve suporte
do partido foi Maria Trindade Braga Soares, 65. Lançada na eleição como Pastora
Maria Trindade, ela ganhou repasses de R$ 5 mil do PSC, porém, só obteve 18
votos.
O presidente do PSC no DF, Zenóbio Oliveira Rocha,
nega que as candidatas mal votadas tenham sido lançadas apenas para completar a
cota obrigatória de mulheres. “A gente apostou em figuras que prometeram um
potencial de votação, que acabou não se concretizando. Essa pastora, por
exemplo (Maria Trindade), é uma líder religiosa, garantiu que conseguiria mais
de mil votos, mas ficou longe disso, infelizmente”, conta Zenóbio. “As pessoas,
muitas vezes, se filiam ao partido e acham que a legenda vai pagar todas as
contas de campanha. E não é assim que funciona, os candidatos têm de correr atrás”,
acrescenta Zenóbio. Ele defende que as siglas lancem um número menor de
concorrentes para que a situação não fuja do controle das lideranças.
Engajamento
Dos 19 candidatos com menos de 30 votos, cinco são
do PMB. A dona de casa Flávia Conceição dos Reis, 38, recebeu duas doações
individuais de pessoas físicas, no total de R$ 2 mil. Acabou a corrida
eleitoral com 22 votos. A correligionária Laís Natália Soares de Souza, 27,
teve desempenho pior: dois apoios nas urnas. Também do PMB, Danielle Pereira
Leite chegou a cinco votos.
A presidente do PMB no Distrito Federal, Léia
Santos, nega que as mulheres com poucos votos sejam candidatas para completar a
cota. “Faltou engajamento pessoal”, lamenta Léia. Segundo ela, as concorrentes
registradas para disputar a Câmara Legislativa pelo PMB prometeram fazer
campanha, mas desistiram em cima da hora. “Mulher é muito difícil. É por isso
que a maioria dos deputados são homens. Muitas reclamam, mas falta
comprometimento. Depois que entregamos a lista à Justiça Eleitoral, muitas
sumiram, nem atenderam mais o telefone”, reclama Léia.
Na lista dos candidatos com menos de 30 votos há,
ainda, três homens. Raimundo Resende do Nascimento, do PPL, que usou o nome
político de Pai Resende, teve 17 votos na disputa pela Câmara Legislativa. O
vigilante Francisco de Assis Pessoa (PMB), 61, também conquistou a mesma
quantidade. Geisimar Borges de Oliveira, o Geisimar Morro da Cruz, concorreu
pelo PSC e terminou a eleição com 16 votos.
(*)
Helena Mader – Correio Braziliense
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ELEIÇÕES 2018
Meu caro, o que acontece aqui no DF é triste. 946 candidatos. Poderia ser diferente. Os trita e tantos partidos hoje no cenário nacional apresentarem em torno de dez a vinte candidatos. Seria bem mais fácil avaliar, poderiam tem um tempo pequeno para apresentar alguma pretensão. Seria mais fácil do eleitor se identificar com o candidato. Mas com essa enxurrada, só empobrece o pleito. Acabam mesmo se elegendo os mais conhecidos dentro de seus nichos eleitorais. Levando aos velhos vícios das legislaturas anteriores. Uma câmara distrital cara demais para o contribuinte e não apresentando um serviço à altura de sua importância e responsabilidade.
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