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Eleições - DF 2018: Entrevista Ibaneis Rocha, candidato ao GDF pelo MDB - (Ninguém vai mandar em mim)


"Ninguém vai mandar em mim" - Advogado rebate acusações do adversário, Rodrigo Rollemberg, de que nomes da tradicional política do DF conduzem sua campanha

Ibaneis Rocha (MDB) garantiu ontem, em entrevista ao programa CB.Poder —  parceria do Correio com a TV Brasília — que terá total autonomia para governar o Distrito Federal caso consiga vencer a disputa pelo Palácio do Buriti. “Tenho autenticidade naquilo que faço e ninguém vai mandar em mim de maneira nenhuma”, assegurou. As declarações foram uma resposta às críticas feitas pelo adversário Rodrigo Rollemberg, que tenta a reeleição pelo PSB e enfrenta o emedebista no segundo turno. O socialista foi entrevistado pelo CB.Poder na segunda-feira e disse que nomes como o do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (MDB) estão por trás da candidatura do advogado.

Para Ibaneis, as críticas de Rollemberg são motivadas pela alta rejeição ao governo. “Ele, sim, é um político do passado, que já ficou no passado. Ele teve mandato de toda natureza e chegou ao governo do DF e não conseguiu realizar aquilo a que se propôs”, disparou o advogado.

O ex-presidente da OAB-DF disse não ter definido ainda se apoiará alguém para a Presidência da República. “Quero saber primeiro qual é a proposta do candidato a presidente para a minha cidade.” Ibaneis, no entanto, fez elogios a Jair Bolsonaro (PSL). “Eu me identifico com muitas das propostas que estão colocadas no seu programa de governo. Ele foi um parlamentar que manteve posição.  Tem propostas claras em defesa da família e da segurança que me agradam muito”, comentou. Confira os principais trechos da entrevista.

O senhor disse ser contra a reeleição. Caso eleito, não vai tentar um segundo mandato?
Eu vou trabalhar durante todo o meu mandato com o Congresso Nacional para que a gente acabe com a reeleição. Acho que o mandato correto seria de cinco anos. Você recebe um orçamento do governador anterior e muitas coisas terá de ajustar. Então, com essa mudança, você teria mais tempo para trabalhar e depois seguir na política, se quiser, ou então se recolher. Vou trabalhar muito para acabar com a reeleição, mas temos uma cidade que está bastante abandonada e eu não quero assumir esse compromisso ainda porque tem muita coisa para ser feita no Distrito Federal. Eu vou me esforçar o máximo para não ter que ir para a reeleição. Eu não acredito nesse instituto.

Por quê?
Porque você passa a pensar muito mais na política do que naquilo que você tem que realizar como governante. Fica muito mais preocupado em fazer alianças, em vender uma imagem que não é a realidade. Governar é governar mesmo. Você tem que assumir compromissos não com a sua próxima eleição, mas sim com aquilo que tem de fazer durante o mandato.

O senhor foi considerado um fenômeno nacional por esse crescimento, saiu de 2% nas pesquisas para 41,97%. A que atribui isso? Ao tempo de televisão, aos recursos investidos?
Desde o ano passado, quando me propus a entrar na política, eu trabalho muito com pesquisas. Gosto de sentir e ver o sentimento das pessoas. Todas as pesquisas qualitativas apontavam que a população do DF queria uma renovação. Então, consegui levar esse sentimento ao povo durante a campanha. Para esse crescimento conta tudo. Conta a cobertura da imprensa, que é muito maior do que o tempo de televisão. Conta minha história de vida, de uma pessoa que vem de família humilde, não tradicional do DF. Conta o fato de ter nascido aqui. Conta a minha trajetória como profissional liberal. Isso tudo demonstra para população uma proposta nova que não vem da política tradicional. A questão dos recursos ficou mais ou menos igualada porque vários candidatos tiveram acesso a dinheiro dos partidos. Recurso em campanha só serve para levar a mensagem ao eleitor. Fiz muito disso pessoalmente.

Rollemberg bate muito na sua proposta de se apresentar como novo e lembrou de alianças suas com nomes como o do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (MDB). Como o senhor responde?
A política de renovação está acontecendo no Brasil todo. Tivemos grandes lideranças que perderam as eleições neste ano. O governador está procurando esse ataque rasteiro diante da baixa popularidade dele e da rejeição. Ele, sim, é um político do passado, que já ficou no passado. Ele teve mandato de toda natureza, chegou ao governo do DF e não conseguiu realizar aquilo a que se propôs. Faltou a ele competência. Ele não é do ramo. Isso está mais do que comprovado. 

Em 2014, o senhor defendeu a contratação pela Polícia Civil de aprovados em concurso mesmo tendo condenação criminal. Na época, o senhor defendia um dos envolvidos na morte do Índio Galdino. Como governador, manteria a mesma posição?
Existe um equívoco muito grande. Esse rapaz era menor e cumpriu medida socioeducativa. Ninguém é condenado até o fim da vida. Eu vou defender, sim, o direito de todos se reinserirem. Temos 15 mil presos, imagina se todos eles não tiverem trabalho? Se for para ser assim, vamos colocar pena de morte e condenar todos até o fim da vida… Não fui advogado na época do crime, uma das maiores violências no DF, mas não misturo isso com o direito de ele ter uma vida normal depois de cumprida a pena.

O senhor defende que as delegacias fiquem abertas 24 horas. Qual será o custo e há necessidade para todas as regiões?
Vou sentar com os policiais civis e avaliar qual região tem a situação mais grave. Conforme o orçamento for melhorando, vamos reabrindo. Isso vai se dar ao longo do ano pegando primeiro aqueles locais onde o crime é mais violento. Vamos fazer isso com a contratação de policiais civis que aguardam ser convocados por concurso e criando gratificação para trabalharem no dia de folga, já que eles têm escala de 24h por 72h. Precisamos recompor também quadros de peritos. A previsão nossa —  fechando as nossas divisas e melhorando a eficiência tributária —  é colocar entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões no orçamento. Vamos também captar recursos federais, ao contrário do que o governador vem fazendo.

Como o senhor avaliou a composição da nova Câmara Legislativa?
Vi muita gente boa sendo eleita. Alguns, mesmo fora da nossa coligação, já haviam declarado apoio a nós. Calculo que, com um relacionamento direto e honesto, vamos conseguir fazer um trabalho muito interessante para o DF. Mas os deputados não precisam imaginar que vão chegar pedindo cargos nas administrações e nas secretarias, porque não vamos trabalhar assim.

O senhor vai apoiar alguém para a Presidência?
Quero saber primeiro qual é a proposta do candidato a presidente para a minha cidade. Brasília precisa de investimento. A gente abriga aqui todos os poderes. Temos um problema seríssimo de segurança, a gente gasta muito da nossa segurança para manter todos os órgãos aqui. Temos o Entorno também, que capta muito dos nossos recursos da saúde. Estou conversando com as equipes dos dois candidatos e quero saber quem tem a melhor proposta para Brasília.

Jair Bolsonaro (PSL) teve votação expressiva aqui no DF. Politicamente é muito difícil declarar oposição a ele...
Não tenho problema de ser a favor ou contra nenhum candidato. O DF escolheu seu candidato a presidente da República no primeiro turno, com essa votação que deu para o Bolsonaro. Eu me identifico com muitas das propostas que estão colocadas no seu programa de governo. Ele foi um parlamentar que manteve posição. Tem propostas claras em defesa da família e da segurança que me agradam muito. Falta um pouco para a questão da geração de emprego e renda. E eu preciso de um projeto para o DF, que tem sido maltratado.

Como está a costura com adversários como Alberto Fraga, Eliana Pedrosa, com quem houve embates no primeiro turno?
Alberto Fraga já disse que se aposentou da política e acho que deveria ter se aposentado há mais tempo. Eliana fez uma opção errada. Ela se uniu ao pior que tem nesta cidade, a pessoas que trouxeram muito atraso. Ela se aliou ao mal. Ela terminou o primeiro turno assim porque deixou de fazer a política que ela aprendeu a fazer para fazer essa política ruim. A minha aliança é com o povo. A nossa população quer renovação. Os eleitores de Eliana e Fraga não querem Rollemberg. Eles não querem o atraso. Vou ser governador de todos. Já fiz isso quando fui presidente da OAB-DF. 

Seus adversários entraram com uma representação contra o senhor por uma declaração sua de que construiria casas derrubadas pela Agefis com o próprio dinheiro. O senhor mantém essa promessa?
Isso foi um compromisso meu. Todos os meus adversários disseram que as casas foram derrubadas de forma ilegal. Vou abrir um processo administrativo, verificar se foram ilegais —  e pelo jeito foi. Se forem, vou usar meus recursos, tenho muitos precatórios para receber. Sei o que é crime eleitoral, porque sou advogado. Não me dirigi à casa de nenhum desses eleitores, não fiz oferta em dinheiro, não sei nem quem são essas pessoas. O crime eleitoral tem bases muito claras na legislação, se fosse assim ninguém poderia prometer nada. Isso que eles não quiseram entender. E eles não entenderam porque não querem. Você não vai ensinar quem não quer.

Essa área (26 de setembro)  fica ao lado da Floresta Nacional. Isso não acaba estimulando a ocupação de uma área tão sensível do ponto de vista ambiental?
A área já está ocupada. A floresta já foi destruída. Lá existem famílias. A gente tem que chamar os órgãos ambientais e providenciar as medidas para barrar crescimento ilegítimo. Mas vamos ter que trabalhar para legalizar isso. Não dá para passar o trator em 4 mil casas e devolver a floresta. Não fui eu que deixei construir. Temos que combater a ilegalidade. O que os governantes do DF fizeram? Deixavam acontecer para depois se beneficiar da miséria dos outros.

Qual a sua opinião em relaçaõ ao Uber?
Os aplicativos vieram para ficar. Sou e fui favorável, quando era presidente da OAB-DF, mas acho que os motoristas empobreceram pela forma indiscriminada com que as empresas cadastraram todos. O aplicativo era para ser a complementação da renda, mas virou a primeira renda, devido ao desemprego. Vamos ter que conversar com todas as categorias e arrumar uma maneira com que eles trabalhem, atendam a população e consigam ter renda que garanta a sobrevivência. Não se pode ter 24 mil carros cadastrados. Temos que ver quem está desde o início e chamar as empresas para negociarem.

Mas não vai subir o preço? 
Não precisa subir o preço, temos que ver a quantidade que atende a cidade. É muito melhor que eles atendam e tenham uma boa remuneração do que todos ficarem brigando por uma corrida. As concessões de táxis são feitas através de estudos. Queremos regular o mercado para todos sobreviverem.


Alexandre de Paula - Foto: Ana Rayssa/CB/D.A.Press - Correio Braziliense








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