Sérgio Moro vai avaliar denúncias
contra ministros nomeados por Bolsonaro - Moro não se considera
político e defende Bolsonaro
Futuro ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, Sérgio Moro disse neste domingo, dia 11, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, que não será candidato à Presidência da República. O nome do juiz tem sido aventado como um possível sucessor de Jair Bolsonaro na Presidência da República. O dono do SBT, Silvio Santos, disse também neste domingo, após falar ao vivo com Bolsonaro durante um programa, que o país terá oito anos de Bolsonaro, depois oito anos de Moro como presidente.
Questionado pela repórter se ele
poderia ser candidato no futuro, o magistrado negou. “Não, eu estou te falando
que não vou ser. Eu não sou um político que… minto. Desculpe. Com todo respeito
aos políticos. Mas assim, bons e maus políticos. Mas existem maus políticos
que, às vezes, faltam com a verdade. Eu não estou faltando com a verdade”,
disse. Em 2016, Moro afirmou, em entrevista ao Estado, que “jamais” entraria
para a política e tem sido criticado pelo fato de deixar a magistratura para
assumir a Pasta. O CNJ pediu explicações ao futuro ministro a respeito de sua
indicação para o governo.
INDICAÇÃO TÉCNICA – O juiz
federal, durante a entrevista, voltou a dizer que não vê sua indicação para
ministro como sendo política, mas sim, como técnica. Sobre a perspectiva de
ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal, o futuro ministro disse que seu
nome poderá “ser cogitado” quando surgir uma vaga.
“Às vezes é até um pouco indelicado
ficar falando em vaga, em Supremo, quando não existem vagas. É uma perspectiva,
uma possibilidade que se coloca no futuro. Quando surgir uma vaga, meu nome
pode ser cogitado, como o nome de várias pessoas”, afirmou. Nos quatro anos de
mandato de Bolsonaro, o presidente poderá indicar dois nomes para a Corte. Os
ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello vão devem se aposentador nos
próximos anos.
LULA – O juiz negou que haja conflito
de interesse entre a atividade que exercerá e a de juiz na Operação Lava Jato,
que investiga crimes de corrupção contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. O petista foi impedido de disputar o pleito por causa da condenação no
caso do triplex do Guarujá (SP), sentenciada em primeira instância por Moro. “A
questão de Lula não pertence mais a mim, mas às cortes de Justiça”, afirmou.
“Proferi a decisão referente ao
ex-presidente Lula em meados de 2017, nem conhecia o presidente eleito Jair
Bolsonaro. Estou indo para consolidar os avanço da Lava Jato em Brasília. Em
parte, nas eleições, havia um sentimento muito forte contra o sistema político,
que apesar de todos os casos de corrupção, nada fez. O presidente eleito foi
identificado como alguém que modificaria esse status quo”, afirmou.
CORRUPÇÃO – Na entrevista, Moro
defendeu ainda o afastamento de ministros investigados por corrupção se as
denúncias forem consistentes. “Tem que ser avaliado. Acho que é uma falácia que
se ouviu no passado que é preciso esperar o trânsito em julgado. Defendo que em
caso de corrupção se analise as provas e faça um juízo de consistência”,
argumentou Moro, em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo.
Segundo disse, o futuro ministro poderá
auxiliar o presidente eleito a tomar uma decisão de afastamento de um ministro
acusado de corrupção, se necessário. “Eu não assumiria o papel de ministro da
Justiça com o risco de comprometer a minha biografia, o meu histórico. Isso foi
objeto de discussão e a afirmação do presidente eleito é que ninguém seria
protegido se surgissem casos de corrupção”, afirmou o juiz.
Marianna
Holanda,
Fernanda
Nunes e
Thais
Barcellos
Estadão
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JUSTIÇA