Deputada
federal eleita pelo Distrito Federal, Celina Leão (PP) defendeu apoio ao futuro
presidente, Jair Bolsonaro (PSL), e adiantou que vai votar pela participação
feminina na composição da Mesa da Presidência da Câmara dos Deputados. Em
entrevista ao programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília — a
distrital ressaltou que o brasiliense espera que ela atue na base de apoio ao
governo. “A população não está muito preocupada se eu sou de direita ou de
esquerda, mas com a geração de emprego, quais as grandes mudanças que o país
precisa aprovar e a taxa de desenvolvimento do Brasil”, reforçou. Única
deputada federal eleita pela coligação do futuro governador do DF, Ibaneis
Rocha (MDB), Celina ainda destacou que tem ajudado na transição do Executivo
local. “Ele (Ibaneis) tem pressa, quer fazer as coisas com rapidez, e isso me
deixa encorajada, mas serei deputada federal e quero ter esse novo momento. O
meu eleitor também tem expectativa desse meu processo na Câmara Federal”,
afirmou.
A
senhora acredita que, logo na largada, o seu partido fique na base de apoio ao presidente?
Eu acho que
sim, e acho que é esse o movimento que o Brasil espera do Congresso Nacional. A
população não está muito preocupada se eu sou de direita ou de esquerda, mas
com a geração de emprego, quais as grandes mudanças que o país precisa aprovar
e a taxa de desenvolvimento do Brasil. As pessoas querem resultado e não estão
preocupadas se você está na base ou na oposição. Nesse momento, há uma
esperança e começar na base ajudando neste momento seria um bom passo.
A
reforma da Previdência seria o primeiro desafio?
É
importante discutir esse tema na Câmara Federal. Nós precisamos trazer uma
saída para o Brasil. O país tem um Orçamento fictício que não se executa,
porque não temos recurso. Precisamos encontrar uma saída legal e jurídica para
votar a Previdência, mas com cautela para não ter perda de direito adquirido.
Como
a senhora imagina que será a atuação da bancada do DF? Nós temos uma situação
com deputadas com perfil extremamente opostos, como Erika Kokay (PT) e Bia
Kicis (PRP).
Os temas do
DF são muito focais. Não acredito que nem a deputada Erika nem a deputada Bia,
por exemplo, vão se dividir quando for o DF. Elas vão se unir na linha que eu
identifico no momento, mas isso não significa uma unidade na Câmara Federal.
Deve haver divisão de pontos de vista, o que é natural, até pela própria
eleição das duas.
A
senhora imagina um Congresso com uma atuação mais voltada para direitos das
mulheres?
Isso vai
depender muito também da atuação da bancada feminina. Eu tenho muito medo das
mulheres com posições machistas. Isso vai ser algo que vamos precisar trabalhar
com as eleitas para elas tentarem entender o que é um país onde cada quase 19
mulheres são vítimas de feminicídio por dia no Brasil. É bem complicado. O
Brasil precisa melhorar.
O
PP esteve na aliança com Ibaneis. Como será a relação?
Fui a única
federal eleita da coligação do governo Ibaneis. Nós desejamos ao governo
sucesso, inclusive estou ajudando na transição. Ele (Ibaneis) tem pressa, quer
fazer as coisas com rapidez, e isso me deixa encorajada, mas serei deputada
federal e quero ter esse novo momento. O meu eleitor também tem expectativa
desse meu processo na Câmara Federal.
A
senhora chegou a ser afastada da Presidência da Câmara Legislativa em 2016,
após operação da Polícia Civil, e muito se especulou que não teria fôlego
para chegar à eleição. Há algum constrangimento devido àquela operação?
Nenhum
constrangimento, até porque foi uma operação política. O meu maior adversário
naquele momento, o governador Rodrigo Rollemberg, está voltando para casa, e eu
fui eleita deputada federal. Quem tem de estar constrangido foi quem montou
tudo aquilo. Eu estava em uma situação de oposição, fui uma deputada que brigou
muito, que tinha chance novamente de ser presidente da Câmara, e o governador
tinha pavor daquilo.
Qual
é a sua avaliação sobre a vontade do filho do Bolsonaro de ser presidente da
Câmara?
É natural,
mas precisamos de mais de neutralidade na Câmara Federal. Uma postura mais
independente, porque nem tudo aquilo que vem do Executivo é bom. Mas tem uma
questão que eu tenho falado muito, que é ter uma mulher na Mesa (da Presidência
da Câmara). Nós queremos dar esse voto de confiança. Vamos ter algumas a se
candidatar de forma avulsa. Eu não serei candidata à Mesa, acabei de chegar à
Casa, mas quero ajudar outras.
Como
a senhora vai atuar em temas sensíveis para o DF, como segurança, educação e
saúde?
Na
segurança, existe expectativa grande da paridade da Polícia Civil, da
reestruturação da PM, e eu quero ajudar nesses dois temas. A gente precisa
encontrar uma saída financeira. Nós tivemos o menor número de policiais
militares nas ruas por causa do momento que o DF viveu de aposentadoria no ano
passado. Temos poucos PMs, e é necessário chamar mais.
Como
o governador eleito vai resolver a promessa de reajuste a várias categorias?
Não sei se
vai conseguir executar logo no primeiro ano, ou pelo menos se planejar para
isso. Só de recurso federal no Ministério das Cidades nós tínhamos R$ 3,5
bilhões em recursos e estávamos utilizando em execução R$ 1 bilhão. Quando se
pensa em Orçamento, recurso é um só.
Não
corremos o risco de ver um DF em situação de penúria maior?
Não
acredito nisso, até porque não se pode dar um reajuste desse sem resolver o
problema orçamentário. Ibaneis tem feito ações de buscar recursos, tentar
aumentar a arrecadação, trazer segurança jurídica para se empreender em
Brasília. Temos um mercado estagnado, inclusive com indústrias sendo fechadas e
com empreendedores sendo realocados no Entorno. A aprovação da medida
provisória da Ride foi muito importante, e tudo isso vai dar uma vontade no
empresário de investir no DF.
CB.Poder
– Foto: Arthur Menescal/CB/D.A.Press – Correio Braziliense