VLT entre Brasília e Valparaíso (GO) terá viagem
gratuita por 6 meses - Trajeto deve ser aberto para o público a partir de
março e terá capacidade de transportar 600 passageiros por viagem
Por Caio Barbieri
A partir do fim de janeiro, o trem que ligará
Brasília a Valparaíso (GO) vai funcionar em caráter experimental por 30 dias.
Logo após esse período, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) passará a
operar em fase de testes durante seis meses, quando os passageiros poderão
conhecer o trajeto e o novo tipo de transporte. A implantação da
modalidade foi revelada pelo Metrópoles em
dezembro, quando o extinto Ministério das Cidades autorizou a operação
regional.
Promessas de vários governos anteriores, o VLT já
entrou no imaginário do brasiliense, seja pela promessa de cruzar a
Esplanada dos Ministérios ou mesmo para interligar as W3 Norte e Sul ao Aeroporto Internacional de Brasília.
Embora haja projetos e estudos na Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT) e na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), nenhuma
dessas linhas saiu do papel.
A estreia do novo trajeto só foi possível graças à
linha férrea já existente, hoje exclusiva para o transporte de cargas, e que
será adaptada para a condução de passageiros. O Metrópoles teve acesso exclusivo ao relatório do
Governo do Distrito Federal sobre o novo modal. No documento, o Poder
Executivo detalha tecnicamente como funcionará o novo modelo de transporte
dos brasilienses.
“Estou depositando muitas fichas nesse projeto,
porque são necessários apenas pequenos reparos nos trilhos e nas ferrovias,
além de construir algumas estações de apoio. Dando certo, como esperamos,
será uma alternativa barata, rápida e eficaz para quem mora no Entorno e
trabalha no DF”, disse o governador Ibaneis Rocha (MDB).
Com 18
metros de comprimento por vagão, as três unidades que já estão a caminho do
Distrito Federal terão capacidade de transportar até 600 pessoas por
viagem. Internamente, há cadeiras fixas, alças de teto e
ambiente climatizado. Embora consiga alcançar velocidade de até 76 km/h, a
viagem não deve durar menos que uma hora e meia para transpor os 45 km de
trilhos que separam Brasília e Valparaíso.
“A viagem
será realizada nesse tempo, considerando a necessidade de redução de velocidade
por motivos operacionais”, diz trecho do documento. O estudo se refere às
curvas sinuosas registradas em trechos do percurso que, por motivos de
segurança, vão reduzir a capacidade máxima do motor. Movido a
diesel, o trem será abastecido pela própria CBTU, em Brasília.
Com
destino a Brasília, o trem com três vagões sairá de Recife (PE) até o
próximo dia 20 e deve chegar antes do dia 30 de janeiro. A decisão
transfere vagões do sistema ferroviário da capital pernambucana para
Brasília.
Antes, a
ideia era retirar vagões de Maceió, mas houve resistência por parte da
população municipal, fato que levou o governo federal a rever a decisão. O
projeto já foi licitado e aprovado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos e
terá um custo anual de R$ 1 milhão.
“A linha férrea existente foi amplamente estudada
pelos técnicos da CBTU e aprovada para operação. De toda sorte, foram
constatados alguns pontos que precisam ser adequados para uma melhor
utilização. Ao Governo do Distrito Federal, caberá a contrapartida de
providenciar os espaços físicos e gerenciar os transportes de passageiros em
ônibus até a Rodoferroviária, possibilitando a migração de passageiros entre os
modais”, registra o relatório obtido pelo Metrópoles.
Atualmente,
de ônibus, um cidadão precisa desembolsar R$ 4,65 de Brasília até Valparaíso
(GO) por viagem. Para Luziânia, o valor aumenta para R$ 6,45 por trecho. Na
linha férrea de Maceió (AL), que tem distância semelhante, a tarifa é de R$ 1,
com valor atualizado em maio de 2018.
O secretário
de Desenvolvimento da Região Metropolitana, Paulo Roriz, afirmou que a
equipe da pasta passa a se debruçar sobre os estudos para determinar o preço
futuro da passagem. O coordenador do projeto garante que a experiência dos
próximos meses servirá, também, para avaliar a aceitação dos passageiros do DF
quanto ao novo modal.
Nesta primeira fase, vamos aproveitar a ferrovia já
existente até Valparaíso, mas nada impede que estendamos o trecho até Luziânia
futuramente. Como o transporte público não é feito para dar lucro, fixaremos o
valor da tarifa de forma que fique mais atraente do que a dos ônibus" - (Paulo Roriz, secretário de Desenvolvimento da
Região Metropolitana)
Sem paradas
Diferentemente do transporte coletivo sobre rodas, o trajeto do VLT não possui paradas: o vagão só para quando chega ao destino final. “Isso não significa que a proposta não possa ser alterada para melhorar o percurso. Existem estações desativadas que poderiam passar por reformas e, a depender da demanda, servirem de ponto de embarque e desembarque”, completou Roriz. Ele se refere a localidades como Guará e Bernardo Sayão (Núcleo Bandeirante).
Diferentemente do transporte coletivo sobre rodas, o trajeto do VLT não possui paradas: o vagão só para quando chega ao destino final. “Isso não significa que a proposta não possa ser alterada para melhorar o percurso. Existem estações desativadas que poderiam passar por reformas e, a depender da demanda, servirem de ponto de embarque e desembarque”, completou Roriz. Ele se refere a localidades como Guará e Bernardo Sayão (Núcleo Bandeirante).
Nas duas
viagens programadas por dia (uma pela manhã, partindo de Valparaíso para
Brasília, e outra à noite, no trajeto inverso), os passageiros utilizarão a
Rodoferroviária de Brasília como estação principal.
Está
prevista uma estação tubular em Valparaíso para abrigar os usuários do
transporte que moram na região do município goiano. O formato tem construção
rápida e custo inferior se comparado com as de alvenaria. Procurado, o governo
de Goiás não confirmou o valor do investimento.
Atualmente,
o prédio da parada de Brasília tem sido usado em parte para abrigar a Agência
Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa-DF) e a
Secretaria de Justiça. O projeto do atual governo contempla revitalizar parte
do prédio e adaptar uma sala de embarque
Em reunião no extinto Ministério das Cidades, Paulo Roriz recebeu a
autorização da nova linha do VLT
Seleção de passageiros
Para o acesso ao local, a previsão é que se instalem catracas, nos moldes do
metrô. Enquanto não estiverem em operação, os vagões ficarão estacionados no
pátio da rodoferroviária, onde receberão manutenção e reparos necessários pelos
técnicos da CBTU. A central de operações da linha também funcionará no local.
“Como
hoje está desativada, vamos fazer gestão junto à Secretaria de Transporte e
Mobilidade para criar linhas especiais que liguem, por exemplo, a Rodoviária do
Plano Piloto até a Rodoferroviária. É claro que isso estará dentro do grande
programa de integração dos modais que está sob responsabilidade do secretário [de
Transporte] Valter Casimiro”, antecipou Paulo Roriz.
Para a
fase inicial, o GDF ainda estuda como selecionar os passageiros que poderão
fazer a viagem de forma gratuita. Pesquisa realizada pela Companhia Brasileira
de Trens Urbanos revela que, pelo menos, 80 mil usuários utilizam transporte
público entre o DF e municípios da região do Entorno Sul. O resultado não
contempla os passageiros adeptos de carros particulares, por exemplo.
A
Secretaria da Região Metropolitana, a Secretaria de Transporte e Mobilidade e
integrantes do Palácio do Buriti buscam a fórmula de filtrar os passageiros,
sem que ocorra o risco de superlotação da rodoferroviária, já que a capacidade
é limitada. Uma das propostas seria a liberação antecipada dos tickets de
acesso à estação, mas as discussões ainda estão em fase inicial.
Por
Caio Barbieri - Fotos Acervo/CBTU - Metrópoles